Alcobaça: no Corações Unidos, come-se petiscos em conta

No Corações Unidos, em Alcobaça, come-se petiscos em conta. (Fotografia: Nuno Brites/GI)
Um dos mais antigos restaurantes da cidade guarda o segredo do tradicional frango na púcara, agora servido em modo francesinha. No Corações Unidos, há uma ementa fixa e pratos do dia, mas nunca faltam os petiscos.

O número 39 da rua Frei António Brandão encerra muito do espólio gastronómico de Alcobaça. Ali aos pés do Mosteiro, nem os dois anos em que a antiga pensão esteve encerrada conseguiram apagar a marca que está vincada nos sabores locais: afinal, foi ali que nasceu o frango na púcara, que haveremos de provar mal entramos no espaço, porque todos os dias D. Lurdes o confeciona.

“Ela é nossa cozinheira há quase 30 anos, e esse é aquele prato que temos sempre. Antigamente, aí fora, as lojas vendiam as púcaras e lá dentro até vinha a receita”, conta à Evasões Carla Gonçalves, que atualmente divide com o marido, Frank Laureano, a gerência do restaurante Corações Unidos. A história é mais completa. “A determinada altura, nos anos 60, as perdizes – que eram feitas na púcara – começaram a escassear. E o cozinheiro, António Bonzíssimo, resolveu improvisar com frango. Resultou tão bem que se tornou um prato típico”, conta.

 

Depois de dois anos encerrado, o Corações Unidos reabriu ao público em meados de dezembro totalmente remodelado. Já a pensar num tempo em que seja possível “voltar ao convívio como antigamente”, Carla e Frank apostaram numa segunda sala, a que chamaram “Adega das Cantigas”, mais voltada para os petiscos e que funciona também como bar.

É nessa nova sala que têm testado a francesinha de frango na púcara (uma inovação a revelar-se um êxito), a fritada de porco malhado (uma raça própria da região), entre outros petiscos regionais. Já na sala principal, à ementa fixa (onde nunca falta o frango, que é estufado, com cebolinhas, chouriço e entremeada, e servido com batata frita às rodelas bem finas e arroz de cenoura), o bacalhau da casa e o bife à portuguesa, agora há pratos do dia.

Corações Unidos (Fotografia: Nuno Brites/GI)

 

As especialidades podem ser acompanhadas por uma marca de cerveja artesanal própria, a Córdibus, e complementado com um naipe de sobremesas à moda antiga. Há pudim flan (ainda feito em pequenas formas), mousse de chocolate, arroz doce e salada de frutas e ainda outros doces que são só da casa, como o pudim dos frades conventual,ou o coração de maçã, uma tarte servida com gelado de nata e nozes.

Ao domingo, é dia de cozido à portuguesa e arroz doce, e as mesas enchem-se de clientes habituais e antigos. Antiga é também a memória deste casa que tinha, nas traseiras, uma pensão que deu lugar a um alojamento local. Ao cimo das escadas, uma placa anuncia a “sala da Amália”. Afinal, era ali que a fadista pernoitava tantas vezes, nas deslocações entre Lisboa e Porto.

 

É um registo do tempo em que Alcobaça funcionava como o centro do país, e a antiga Estrada Nacional 1 passava mesmo à beirinha do Mosteiro, a dois passos do Corações Unidos. Até hoje, Amália tem ali o seu lugar guardado.

O menu
Menu do dia: 7,50 euros
Especialidades: frango na púcara (e francesinha com o mesmo nome), fritada de porco malhado, bacalhau da casa, bife à portuguesa.
Sobremesas: coração de maçã, tarde de maçã de Alcobaça com gelado de nata e nozes.

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