Sonho e resistência na Quinta Alta, Douro

Fernanda Zuccaro, produtora dos vinhos da Quinta Alta (Fotografia: DR)
Sob a marca Qalt, os vinhos da Quinta Alta, em Ervedosa do Douro, são fruto da paixão e da determinação de Fernanda Zuccaro, paulistana que se deixou seduzir pelas curvas do Douro e pelo seu vinho. Em 2019, lançaram para o mercado as primeiras referências.

O primeiro contacto que tive com o Douro foi através de um cálice de vinho do Porto que o meu pai me serviu, em 1998”, lembra Fernanda Zuccaro, que está hoje à frente do projeto de vinhos Quinta Alta, em Ervedosa do Douro. Nesta primeira aproximação à região, Fernanda era ainda estudante de história na universidade, em São Paulo, de onde é natural. A partir daquele momento, o Douro não lhe saiu da cabeça.

Depois do curso, veio a especialização em administração de empresas, comunicação social e marketing político, isto em várias universidades nos Estados Unidos e na Europa. Trabalhou na área do marketing político durante vários anos. Em 2004, ainda longe de pensar que esta região se iria tornar na sua casa, veio visitar o Douro como turista.

Aí, a ideia de ser produtora de vinho começou a ganhar forma. Cansada de campanhas eleitorais, e juntamente com o marido, o também brasileiro e igualmente consultor de marketing político Chico Santa Rita, decidiram empreender juntos a aventura de vir para Portugal para se dedicarem à nobre tarefa.

Nuno Mouronho, Fernanda Zuccaro e Francisco Montenegro (Fotografia: DR)

Mudaram-se em 2016, mas o destino trocou-lhes as voltas. “Vínhamos começar um projeto de vida, de raiz, mas o meu marido adoeceu pouco depois de estarmos cá”, conta Fernanda. Foi nesses anos difíceis, que culminaram com a morte de Chico já este ano, que todo o projeto teve de ser montado. Em 2019, lançam para o mercado as primeiras referências, sob a marca Qalt, desenhadas pelo enólogo Francisco Montenegro (autor de vários vinhos da marca Aneto Wines). Entretanto, entrou para o projeto Nuno Mouronho, um apoio inestimável e responsável pela área comercial.

Fernanda aposta nas castas do Douro mais típicas, como a Gouveio, Malvasia Fina e Viosinho, para os brancos. Nos tintos, destaque-se a Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Para fazer o topo de gama da casa (o único que leva a nome da produtora, Zuccaro), utilizam uma parcela de vinhas velhas onde já foram identificadas 16 variedades de castas tintas, como o Rufete, o Sousão e a Touriga Brasileira, além das outras tintas já referidas.

Estes anos de adversidades e resistência parecem ter fortalecido ainda mais Fernanda: “Eu adoro o Douro, é muito sedutor e eu vivo-o intensamente. Mas não é fácil. Todos os dias tiro água de pedra. Não há atividade na quinta em que eu não participe. Muita gente não faz ideia do que custa pôr um vinho dentro de uma garrafa. Mas vale a pena”. LM

Vinho
Zuccaro DOC Douro 2018: 63,50 euros

Fernanda Zuccaro mudou-se em boa hora para Portugal e adotou o Douro com tal força que mudou radicalmente de vida. Está quase sempre na vinha e o trabalho na adega absorve-a muito. Uvas provenientes das vinhas proprietárias muito especiais que cobrem uma gama considerável de altitudes, entre 620 e 710 metros. Este vinho é o topo de gama da sua Quinta Alta. Vinhas velhas, abordagem “field blend”, o que significa diversidade, autenticidade e mineralidade. Forte empatia com o enólogo Francisco Montenegro. FM

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