Entre os bardos de videiras dos oito hectares da Quinta da Casa Nova, em Refóios do Lima, crescem cereais e leguminosas, confundidos ao longe por ervas silvestres, mas que são ali semeados todos os anos. “Porque o que traz vida ao solo são as plantas”, decreta Vasco Croft, o arquiteto tornado produtor de vinho segundo os princípios da viticultura biodinâmica. “Na agricultura convencional o solo está morto e alimenta-se a vinha com os nutrientes que ela precisa através de adubos químicos”, explica, durante uma visita à propriedade. “Na biodinâmica a vinha tem que se nutrir com as trocas que faz com os microrganismos no solo. O que nós fazemos é criar um ambiente natural biodiverso e equilibrado onde a vinha possa dar o seu melhor.”
Vinte anos depois de iniciar o projeto Aphros Wine – como forma de revitalizar a Quinta do Casal do Paço, em Padreiro, Arcos de Valdevez, na posse da sua família desde o século XVII -, Vasco abre as portas a visitantes para dar a conhecer os seus “vinhos autênticos” e a forma inconvencional como os produz. Através da exploração das castas autóctones – Loureiro, Arinto, Vinhão e Alvarilhão – e da redescoberta de processos antigos “que fazem sentido e que se foram perdendo”, tem vindo a construir um portfólio de brancos de curtimenta, vinhos de ânfora, espumantes de método ancestral, tintos pouco extraídos, água pé e outras criações, no seu caminho de regresso à essência do vinho.
O resultado desse percurso pode agora ser explorado numa oferta de enoturismo mais estruturada (com visitas guiadas e seis tipos de provas), que veio em linha com a construção de uma sala de provas/wine bar na Quinta da Casa Nova. O novo espaço prolonga-se a uma esplanada que, terminada a obra paisagística, vai abrir para um fresco jardim.
Antes de lá chegar, as visitas guiadas começam com uma visão panorâmica dos vinhedos, durante a qual Vasco lança algumas noções sobre os princípios da agricultura biodinâmica, antes de conduzir a uma adega moderna (construída em 2014), o seu “ateliê de vinificação”, onde são produzidos todos os vinhos clássicos da linha Aphros. Mais abaixo, numa outra adega, que apelida de “medieval”, só utiliza ferramentas artesanais para produzir a linha Phaunus, de que fazem parte os vinhos de ânfora e os Pét-Nat. Numa última paragem, o produtor revela o reduto onde guarda uma série de frascos com preparados naturais e extratos hidro-alcoólicos de plantas como a cavalinha ou o salgueiro, que têm propriedades úteis para a saúde do solo, e consequentemente da vinha. O princípio para conseguir vinhos de qualidade.
Aphros Wine. Rua da Casa Nova, 374, Refóios do Lima, Ponte de Lima. Tel.: 914 120 480. Web: aphros-wine.com. Preço: visita com prova desde 30 euros/pessoa (marcação prévia)