Em meados do século XIX, a Quinta do Vallado era uma das três dezenas de propriedades que D. Antónia Adelaide Ferreira – a Ferreirinha – possuía no Douro. A empresária que fez crescer esta região vinhateira é homenageada logo no início da visita guiada pela adega. À entrada, na parede, um painel ajuda a recordar a importância que esta personalidade teve, tanto no crescimento e melhoramento da produção e do negócio do vinho do Porto, como na própria sociedade duriense, tendo construído escolas e hospitais.
“Só esta quinta e a do Vale Meão é que continuam na família Ferreira”, refere Cristina Pereira, uma das guias de enoturismo que acolhe os visitantes que querem conhecer melhor a quinta e os seus vinhos. A visita percorre a adega tradicional, que foi renovada e ampliada em 2009, com projeto do arquiteto Francisco Vieira de Campos.
Não havendo possibilidade de acompanhar uma vindima, a quinta criou uma experiência de realidade virtual na adega. Quando começa a viagem, o visitante está no meio dos trabalhadores que cortam os cachos e os transportam para a adega. Acompanha-se assim todo o processo, que termina precisamente no espaço onde os visitantes se encontram.
Depois, visita-se a cave de envelhecimento dos vinhos, antes de se passar para a prova, com cinco referências, incluindo algumas das mais importantes da casa, como o tinto de vinhas velhas field blend e um Porto Tawny 10 Anos.
Há oito visitas por dia, sendo que duas delas são exclusivas para os hóspedes da quinta. Ficar a dormir na propriedade – seja na casa tradicional do século XVIII, onde ainda moram os descendentes da D. Antónia, seja nos quartos da ala moderna ou na recentemente inaugurada Eira Lodge – é uma forma de se conhecer ainda mais a fundo todo este património e as pessoas que dele fazem parte. Porque aqui, não contam só as encantadoras paisagens das margens do rio Corgo e do Douro. Toda a gente que ali trabalha fala com propriedade e paixão do Douro, pois são todos da região ou por ela foram seduzidos, como é o caso da diretora de enoturismo Cláudia Ferreira, natural de Paredes e há vários anos no Alto Douro. “Em 2012 inaugurámos a ala nova, mas o enoturismo já existe aqui desde 2005, quando abriram os primeiros cinco quartos no edifício tradicional.” Quartos que rapidamente se tornaram poucas para a procura.
Nesta ala, construída em xisto, a pedra da região, situa-se também a sala de estar e a biblioteca, de ambiente caseiro, sofás rústicos, lareiras, “coffee station” (com café, bolo e fruta à discrição) e um “honest bar”; além do restaurante, onde brilham os sabores durienses preparados pelos generosos chefs Orlanda Vieira e José Ferreira, mestres da comida regional, que preparam com orgulho e apresentam com elegância.
Durante o dia, passeie-se pelos trilhos das vinhas, principalmente para conhecer a vinha das Devesas, plantada em 1929, a vinha da Coroa e a vinha da Granja, por onde anda muitas vezes o experiente viticultor da casa, Daniel Fraga Gomes, que gosta de partilhar o que sabe.
Quinta do Vallado. Vilarinho dos Freires, Peso da Régua Tel.: 254 323 147. Web: quintadovallado.com. Preços: visitas e provas, 30 euros Quartos duplos desde 250 euros (com pequeno-almoço).