Quinta do Hospital: vinhos que mostram o caráter de Monção

Quinta do Hospital em Monção. (Foto: Igor Martins/GI)
Em Monção, a Quinta do Hospital lançou recentemente os seus primeiros vinhos - um loureiro e um alvarinho - e tem portas abertas aos visitantes que queiram conhecer a história desta propriedade que remonta ao século XII.

Do cimo do Monte da Senhora da Graça tem-se uma vista privilegiada para o que é a sub-região Monção e Melgaço (Vinhos Verdes). O vale está preenchido de vinhas. “A grande maioria é alvarinho, porque a casta está completamente adaptada à região e é a que melhor se paga”, explica Antonina Barbosa, enóloga da Falua, que recentemente expandiu a sua área de ação, centrada no Tejo, para apostar no Norte, adquirindo a Quinta do Hospital, em Monção.

E desta quinta, que também se enquadra na paisagem que se vê do alto do monte, saíram este ano as primeiras referências do projeto. São os Barão do Hospital, dois monocastas: loureiro e alvarinho. O alvarinho foi produzido exclusivamente com as uvas da quinta, 10 hectares plantados em frente ao palácio de traços renascentistas que remete para a história da região, ainda antes da fundação do país.

A propriedade da Quinta do Hospital remonta ao século XII. (Fotografias: Igor Martins/GI)

As vinhas deste projeto vínico recente, em Monção.

A quinta lançou recentemente um alvarinho e um loureiro.

Foi Dona Teresa, mãe do primeiro rei de Portugal, que doou estas terras à ordem de Malta (ou do Hospital). Estava-se no século XII, em tempos de Condado Portucalense, e a doação teve como objetivo a instalação no condado desta ordem monástica, conhecida por receber e tratar os peregrinos do Caminho de Santiago. Desse primeiro “hospital” já nada resta, o que há é o palácio brasonado de finais do século XVI, que pertenceu à família nobre minhota dos Queirós, até inícios do século XX.

A enóloga Antonina Barbosa conhece bem Monção, onde viveu até aos 17 anos. “Cresci no meio das vinhas e em casa havia sempre vinho à mesa. Mas quando estamos muito próximos das coisas, às vezes não lhes damos valor, e naquela época o vinho era visto como coisa de homens”, conta. Foi só quando estudou bioquímica no Porto e estagiou na Cockburn’s que este mundo lhe começou a interessar. Integrou um grupo de investigação da Universidade Católica e ligou-se “irreversivelmente aos vinhos”. “Estudava-os de manhã à noite e acabei por fazer uma pós-graduação em enologia e viticultura”, lembra. Surgiu o convite para integrar o grupo João Portugal Ramos para a adega em Almeirim, a Falua. Ficou responsável do projeto até 2010 e depois foi para o Minho montar o projeto dos Verdes. Em 2017, a Falua foi comprada pelo grupo Roullier. “Eu mantive-me como consultora da Falua, mas em 2019 o grupo convida-me para assumir a direção dos vinhos e voltei para Monção”.

A enóloga Antonina Barbosa.

Aqui, quer elaborar vinhos que mostrem o que são as castas e a região. O alvarinho foi produzido apenas com vinhas da quinta, já o loureiro teve outra abordagem. A enóloga quis mostrar as potencialidades da casta e por isso foi buscá-la a vários locais: a Ponte de Lima, onde é “cítrica, aromática, floral e exuberante”, mas, em boca, “delgada e com acidez acentuada”; Esposende, onde é mais mineral do que floral”; e a Marco de Canaveses, onde é “neutra no aroma mas na boca revela-se mais untuosa”. Ambos podem provar-se na própria quinta, que tem portas abertas e visitas e provas, mediante marcação prévia. Quem quiser pode também marcar almoço, piqueniques e jantares vínicos.

Almoçar na quinta

A Quinta do hospital está aberta a visitas acompanhadas com provas das duas referências, o alvarinho e o loureiro. É também possível marcar almoços com comida regional minhota.

Na Quinta do Hospital, pode provar-se a cozinha minhota.

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