Enoturismo: passear pelo Alentejo, de copo na mão

Enoturismo: passear pelo Alentejo, de copo na mão
Herdade do Esporão.
Falar em Alentejo é falar em vinhos. A forte e enraizada faceta vitivinícola da região ganha forma nos 21 mil hectares de vinha que existem e amplia-se hoje a um leque de atividades por adegas e produtores locais, onde se contam provas normais e cegas, visitas às salas onde decorre a produção vínica e a oportunidade de vestir a pele de um enólogo por um dia.

Foi pelas mãos dos romanos que a cultura vínica se generalizou por estas terras, mas os mais de 21 mil hectares de território em vinha que hoje se avistam pelas planícies, serras e encostas do Alentejo mostram a gigante evolução vitivinícola da região. Hoje, falar de Alentejo é falar de vinhos. Das suas centenas de produtores e dos mais de 100 milhões de litros que se produzem por ano, revelam dados da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, que chegou na década de 1980 para certificar e proteger as criações locais.

Como as que nascem em Reguengos de Monsaraz, numa quinta com quatro décadas de história, 700 hectares de vinhas e olivais, quatro dezenas de castas e quatro variedades de azeitona, pomares e hortas. Na HERDADE DO ESPORÃO, as portas voltam a abrir-se agora ao público, com um leque de experiências que inclui visita à adega para dar a conhecer processos de produção biológica e provas de vinhos – dois brancos e dois tintos da casa- nos claustros do jardim da herdade. Outras atividades passam por passeios de bicicleta, visita ao lagar, piqueniques na quinta ou jantares ao ar livre com vista para as vinhas, para aproveitar o pôr-do-sol rodeado de natureza.

A Herdade do Esporão. (Foto: Herdade do Esporão)

Já mais perto da capital de distrito, às portas de Évora, todos os caminhos vão dar à FITA PRETA, a marca fundada há década e meia por António Maçanita, eleito Enólogo do Ano em 2018 e conhecido por resgatar castas extintas. A época da vindima ganha especial encanto, com a possibilidade de qualquer um se inscrever para arregaçar mangas e fazer parte do processo de colheita das uvas de noite, até ao nascer do sol – iniciativa que lançou no ano passado – mas no Paço do Morgado de Oliveira, edifício medieval do século XIV que serve de sede à Fita Preta, há motivos para brindar o ano todo.

O bar da Fita Preta. (Foto: Fita Preta)

No recente bar que ali foi criado, pode apreciar-se um copo de vinho a qualquer hora ou aprender mais sobre as referências da casa com um elemento da equipa, provando-se entre três a oito vinhos. Há ainda hipótese de se fazer provas diretas das cubas e de vinhos em estágio, visita à zona de estágio ou aderir à Wine Under a Tree, a experiência que leva até à sombra de um sobreiro e uma rede de descanso os vinhos da casa e um cesto de produtos locais.

 

Vestir a pele de um enólogo

Os cinco hectares que se avistam à entrada de Estremoz, a “cidade branca” do Alentejo, funcionam como uma espécie de boas-vindas. Da primeira vinha plantada há três décadas até às dezenas de referências de tintos, brancos, Douro, Porto e espumantes que hoje produz, muito cresceu a JOÃO PORTUGAL RAMOS VINHOS. A maturidade fê-los desbravar caminho para outros terrenos – leia-se os azeites, vinagres e aguardentes próprios – mas também com a sua Adega Vila Santa, que veio reforçar a oferta enoturística da ampla quinta familiar.

A sala de estágio da João Portugal Ramos. (Foto: Leonardo Negrão/GI)

O percurso de visita dá a conhecer o processo de produção vínico, os lagares em mármore onde se pisa a uva à moda antiga, a cave de estágio em barricas de carvalho e a sala didática que leva cada visitante a ser enólogo por um dia. A ideia é cada um criar os seus próprios blends a partir das castas da quinta, provando-os e alterando-os consoante o resultado final que cada um pretenda para o seu vinho.

Às portas de Beja, na ampla HERDADE DA MALHADINHA NOVA, espalhada por 450 hectares de paraíso rural, também se pode vestir a pele de um enólogo por um dia, com a ajuda da equipa de enologia desta casa, onde se plantou a primeira vinha há duas décadas. A experiência Winemaker For a Day inclui visita à adega, prova de novas colheitas, realização de três blends diferentes e jantar harmonizado tanto com esses blends como com um colheita tardia da Malhadinha. Na adega, também se promovem provas cegas de monocastas ou cursos de enogastronomia, por exemplo. Dispondo de quartos e villas com traça alentejana de diversas tipologias – algumas com piscina privada -, a Malhadinha Nova soma 70 hectares de vinha, um negócio anual de 300 mil garrafas e produção de azeite e mel biológicos.

A adega da Herdade da Malhadinha Nova. (Foto: Herdade da Malhadinha Nova)

 

A adega que representa 270 produtores

Surgiu na década de 1950, com uns tímidos 40 produtores locais. Hoje, são mais de 270 as casas vínicas representadas na ADEGA DE BORBA, uma das primeiras a nascer no Alentejo. Ao todo, somam-se mais de sete referências de um catálogo que vai beber a dois mil hectares de vinhas, muitas destas em altitude, chegando aos 480 metros de altura, dando “frescura, acidez e equilíbrio” às produções, conta Delfim Costa, que assumiu a direção da adega nos últimos anos. Por estes dias, já se reabriram as portas para receber visitas aos diferentes espaços, das zonas de engarrafamento e de fermentação em cubas às salas de estágio em barricas, à destilaria onde se prozudem aguardentes e bagaços, sem esquecer, claro, a sala de provas dos vinhos da casa. O restaurante da adega também já reabriu, focado na cozinha tradicional alentejana.

Delfim Costa dirige a Adega de Borba. (Foto: Reinaldo Rodrigues/GI)

 

Mais dados sobre as atividades de enoturismo:

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. Preço: Visita à adega e prova de vinhos a 15 euros/pax. Piqueniques na herdade a 25 euros/pax.

Fita Preta, Évora. Preço: Provas de vinhos desde 20 euros (três referências). Wine Under a Tree a 20 euros, sem vinhos.

João Portugal Ramos Vinhos, Estremoz. Preço: Provas de vinhos desde 10 euros; Programa Seja Enólogo Por Um Dia a 45 euros.

Herdade da Malhadinha Nova, Beja. Preço: Provas de vinho desde 12 euros (três referências). Programa Winemaker For a Day a 180 euros/pax.

Adega de Borba, Borba. Preço: visita e prova de vinhos desde cinco euros/pax.

 

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