Em 1922, Sacadura Cabral e Gago Coutinho ganharam o seu lugar na história da aviação quando, a bordo do Lusitânia, amararam perto do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em Pernambuco. Foi a primeira vez que o Atlântico Sul foi cruzado pelos ares. O voo que partiu de Lisboa a 30 de março daquele ano chega a 18 de abril ao nordeste do Brasil. E, algumas semanas depois, já noutro avião, o Santa Cruz, atinge o seu destino final, o Rio de Janeiro.
A história desta viagem atribulada é descrita no livro “A Grande Aventura – Sacadura Cabral e Gago Coutinho na Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul”. Para contá-la, Mário Correia, ex-aviador, historiador e antigo conservador do Museu do Ar, baseou-se em documentação variada, como os relatórios da viagem dos aviadores, a conferência de Sacadura Cabral na Sociedade de Geografia (realizada um ano antes a propósito do voo até à Madeira, que serviu de ensaio), artigos de jornais e outras publicações.
O livro “A Grande Aventura”, de Mário Correia.
Para entender esta viagem é essencial perceber o ambiente em que então se vivia. E o autor também faz esse trabalho, contextualizando a façanha, recuando à Grande Guerra, expondo a situação política em Portugal e no Brasil, passando pelo entusiasmo generalizado que havia pela aviação. Ensaia igualmente pequenos perfis biográficos de Coutinho e Cabral, tudo numa escrita escorreita e dinâmica.
As inovações tecnológicas para a viagem, a sua preparação, os vários dias sobre o mar, a recepção no Brasil e o regresso a Portugal dos aviadores como heróis nacionais são alguns dos pontos altos da narrativa. Esta termina com o trágico desfecho de Sacadura Cabral, que dois após a esta viagem, com 43 anos, desaparece num voo dos Países Baixos para Portugal. Gago Coutinho, por seu lado, viveu até aos 90, tendo direito às mais altas condecorações de Estado.
A Grande Aventura
de Mário Correia
Oficina do Livro
200 páginas
PVP: 14,90 euros
