Dos 11 quartos espalhados pela casa senhorial ou junto ao alpendre, a vista limpa faz-se sempre para a paisagem acidentada e coberta de corredores de vinha, a mesma que colocou o Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial da UNESCO. A beleza natural é intemporal, mas este ano há motivos extra para rumar à Quinta Nova da Nossa Senhora do Carmo, alojamento que assinala 20 anos em Sabrosa.
Mas não só. É uma das unidades que integra a rede Relais & Châteaux, associação francesa que se expandiu mundo fora e que assinala agora 70 anos. Uma das formas de o assinalar é embarcar pelas suas Routes du Bonheur (“Rotas da Felicidade”), criadas desde o início da marca como sugestões de passeios. “O objetivo é que cada pessoa personalize a seu gosto”, conta Rui Silva, da Relais & Châteaux Espanha e Portugal. Por enquanto, há três rotas propostas em território nacional, uma que liga Madrid ao Algarve, uma nova que oscila entre Gaia e a Galiza, e outra focada nos encantos do Douro.
A mesma que nos leva de volta a Sabrosa. Na Quinta Nova, as paredes da casa principal, da capela e da adega somam mais de 250 anos, estando nas mãos da família Amorim desde 1999. A propriedade soma 120 hectares, 85 dos quais são vinha. O resultado prova-se na dezena e meia de referências vínicas no mercado, entre tintos, brancos, rosés e vinhos do Porto.
Ao longo do dia, não faltam atividades para fazer, do museu que relata a evolução das práticas, indumentárias e ferramentas da prática vitivinícola às visitas à adega que foi renovada. O bar Patamar, também loja de vinhos, é outra novidade, com esplanada virada para as encostas durienses, tal como o Winery Lounge, espaço intimista e exclusivo para hóspedes, onde se fazem provas de vinho, conversas com produtores ou a atividade “Faça o Seu Próprio Vinho”.
Quando a fome aperta, todos os caminhos vão dar ao Terraçu’s, onde André Carvalho aplica a sua visão moderna da cozinha portuguesa, com apoio em produtos durienses, como o lúcio, javali e cordeiro. São propostas atuais os cuscos transmontanos com cogumelos e trufa; polvo com tinta de choco e batata confitada; o caldo verde envolto numa bola frita; lulas e batata rosti; bola em vinha d’alhos; e bolo de bolacha desconstruído. De resto, e apesar dos três séculos, a Quinta Nova mantém os olhos no futuro: apostar-se-á na expansão da piscina exterior, num spa, num bistrô “farm-to-table” e num novo leque de quartos.
Numa Rota da Felicidade guiada pelo Douro, é imperativo navegá-lo. É o que faz diariamente António Pinto, e a poucos metros daqui. O cais de Ferrão é ponto de partida e chegada para um passeio de barco que dura hora e meia e chega até ao Pinhão. As viagens fazem-se a bordo de três embarcações (lotação para 12 e 18 pessoas), uma delas “a mais antiga do Douro”, com 62 anos, conta António, homem natural de Lamego que deixou o trabalho como comerciante para criar a empresa Douro à Vela. Existem outros percursos que podem ser explorados, e estas experiências podem ser complementadas com, por exemplo, um almoço a bordo.
Novidades num cinco estrelas gaiense
Esta rota pelo Douro – que também inclui a Casa da Calçada, atualmente encerrada para renovação – tem em Vila Nova de Gaia outro ponto de paragem. Há 14 anos que The Yeatman mantém uma das mais bonitas panorâmicas, com 109 quartos – cada um dedicado a um produtor vínico – virados para o rio, a ribeira do Porto e a restante Invicta em redor.
Um cinco estrelas gaiense com atenção ao detalhe, como contam as exposições espalhadas pelas zonas comuns – quadros que contam os Descobrimentos ou mapas ibéricos antigos, por exemplo – e que tem novidades para descobrir. A começar pelo spa renovado, assente em produtos sustentáveis, com nova sala de haloterapia, sauna de infravermelhos e novos tratamentos e massagens, incluindo vinoterapia. Quando se dá folga aos mergulhos na piscina exterior em forma de decantador, pode rumar-se à garrafeira, que soma 1300 referências e onde se fazem provas, masterclasses e encontros com produtores. Afinal, “a garrafeira é o coração do hotel”, explica Elisabete Fernandes, diretora de vinhos.
E como vinho e comida andam de mãos dadas, no Restaurante Gastronómico, detentor de duas estrelas Michelin e encabeçado por Ricardo Costa, há uma nova carta pronta a provar. No menu de degustação Evolução de Aromas cabem snacks e pratos como a terrina de cozido à portuguesa; pinças de lagostim crocante, recheadas de creme do mesmo; o aromático salmonete com puré de couve-flor, kimchi e rábano; o pargo à Bulhão Pato com chalota caramelizada e panceta; a enguia com molho escabeche, romesco e curcuma; ou o leitão a baixa temperatura com batata insuflada. A sua já conhecida tripa de chocolate é um dos remates doces para uma Rota da Felicidade que também o quer ser.
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