Entre Alfama e Mouraria, há um bailarico de novidades para visitar

(Fotografia: DR e Paulo Spranger/GI)
Em junho, Alfama e Mouraria são sinónimo de folia ao ar livre, dias alegres e noites longas. O pretexto para visitar algumas das novidades que têm refrescado estes dois epicentros lisboetas para saudar ao Santo António.

Tem o Museu do Fado e o Largo do Chafariz de Dentro como vizinhos, por onde se aglomeram foliões por estes dias, mas o novo inquilino de Alfama leva-nos numa viagem de mais de 900 quilómetros, até à pérola do Atlântico. A Poncha LX abriu em maio pelas mãos de dois amigos de infância, Ricardo Costa e Tiago Milheiro, apaixonados confessos pela Ilha da Madeira, para onde viajam frequentemente. O resultado é uma mercearia e petisqueira onde só entram produtos de origem madeirense, que podem ser comprados ou saboreados no próprio local.

Ao lado de imagens e vídeos que mostram a beleza natural da ilha, há prateleiras com poncha engarrafada – com sabores como mel e limão, maracujá e tangerina -, rum e aguardentes, licores, chocolates, rebuçados, Vinhos Madeira, cervejas e sumos, além de compotas, mel, marmelada, biscoitos, queijadas de maracujá, palitos de cerveja, broas e o clássico bolo de mel.

A Poncha LX é um dos novos inquilinos de Alfama. (Fotografias de Álvaro Isidoro/GI)

Na mercearia, só se vendem e provam produtos madeirenses.

Um recanto da mercearia é dedicado a produtos para a casa, feitos pelos artesãos madeirenses da marca Prana Candle, com velas – lavanda, figo e romã são exemplos de aromas -, ambientadores e difusores de varetas, por exemplo. Antes de ir embora, vale a pena sentar para provar uma poncha feita na hora e um bolo do caco tostado e barrado com manteiga de alho da casa.

O bolo do caco torrado com manteiga de alho da casa pode ser provado na mercearia, tal como a poncha a copo e o Vinho Madeira.

Vinhos, aguardentes, biscoitos, ponchas, compotas, licores e cervejas fazem parte da oferta da mercearia.

Cerveja à pressão e novas camas

Uma curta caminhada até à Sé de Lisboa é a oportunidade para matar a sede. A dois passos do monumento do século XII, o bar Crafty Corner é uma das recentes respostas de Alfama para beber cerveja artesanal nos dias quentes que chegaram sem timidez. O espaço deu-se a conhecer em Lisboa há seis anos, no Cais do Sodré mas fechou com a pandemia. Nesta segunda morada, mantém a premissa original: servir à torneira a produção cervejeira nacional, com uma dúzia de referências de Lisboa, Porto, Coimbra e Ericeira, que rodam a ritmo regular, além da sidra feita pelo bar. “Aqui, há uma cerveja artesanal para cada pessoa e gosto”, explica Alan Gollo, gerente.

O Crafty Corner, a dois passos da Sé de Lisboa. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

Além das cervejas artesanais portuguesas, há petiscos variados e um novo brunch diário.

Um teto pintado com nuvens, espelhos antigos, barricas que servem como mesas de apoio, lustres vintage, jogos de tabuleiro e exposições temporárias nas paredes ajudam a compor a decoração do bar, que no verão terá música ao vivo e transmissão de jogos do Euro.

Para acompanhar as cervejas, há petiscos variados como asas de frango piripiri, salada de polvo, sandes, tábuas de queijos e enchidos e chips de batata-doce, por exemplo. Mas também o brunch que se serve todos os dias, entre as 10h e as 14h, que alargou a oferta do espaço desde maio.

Alan Gollo, gerente do recente bar de Alfama.

Daqui ao Campo das Cebolas é um pulinho. O edifício de arquitetura pombalina foi reconstruído no pós-terramoto mas as suas origens remontam ao século XII. Este ano, ganhou nova vida com a chegada do AlmaLusa Alfama, o novo quatro estrelas junto ao Arco das Portas do Mar, que foi em tempos torre de vigia, uma das principais entradas da cidade e um local de comércio de sal, servindo ainda hoje como acesso pedonal a Alfama, o bairro onde se festeja ao longo de todo este mês.

Ao todo, há 25 quartos e suites, onde não faltam papéis de parede com motivos tropicais, falsas lareiras debaixo dos televisores e vistas panorâmicas sobre o Campo das Cebolas e o Tejo que acompanha esta praça. No Delfina Café, além dos pequenos-almoços, servem-se refeições leves e petiscos, num menu all day, além de cocktails e vinhos.

O novo quatro estrelas de Alfama soma 25 quartos e suites. (Fotografias: DR)

A nova unidade hoteleira fica junto ao Campo das Cebolas.

Um Ciclo que se inicia

Entre “a calma de Champagne” e a “energia de Paris”, José Maria Neves e Cláudia Silva ganharam mundo e conhecimento, durante os seis anos em que viveram em França. Para trás, já estava um percurso em Lisboa que soma espaços como o Chapitô à Mesa (na altura com o chef Bertílio Gomes) e o 100 Maneiras (de Ljubomir Stanisic). O recente regresso a casa, impulsionado pelo nascimento da filha Alice, concretizou o desejo antigo de abrirem o seu próprio restaurante, o Ciclo, que reforça agora a oferta da Mouraria, “um bairro autêntico e com personalidade, tal como nós”, explica José, que comanda a cozinha, enquanto Cláudia lidera a sala.

Tal como o termo “ciclo” já indicia, é o produto de época que faz a curadoria da carta, onde se aposta no desperdício zero. Uma abordagem simples, que se reveste de técnica e sabor complexos. “Respeitamos ao máximo o que a natureza tem para nos dar”, adianta o proprietário. É por isso que todas as semanas há mudanças de pratos, que podem ser pedidos à carta ou num menu de degustação (60 euros).

O Ciclo abriu recentemente no Largo das Olarias. (Fotografias: DR)

O produto de época e o desperdício zero ancoram a cozinha do Ciclo.

À mesa vão chegando os rissóis de porco preto alentejano (com formato de dumpling) com molho de casca de laranja; as ervilhas frescas na brasa com morangos e espargos lacto-fermentados; pepino marinado em vinagre de flor de coentros, com alperces e rayu (especiarias, sésamo e cebola frita); o dashi de camarão vermelho com kimchi de cebola e curgete; ou o cachaço de porco preto com puré de beterraba, alho negro e espargos verdes na brasa; entre outros. Na garrafeira, entre cerca de 50 referências nacionais e de Champagne, apostam-se em vinhos de baixa intervenção, mas também vale a pena provar a kombucha da casa. Antes de saída para o bailarico que invade as ruelas da Mouraria, importa provar o filete de sardinha em pão torrado e sambal de tomate, para entrar no espírito.

O filete de sardinha em pão torrado e sambal de tomate, no Ciclo.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.



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