Vinho de Trás-os-Montes à prova no arranque do Wine & Classics, na Maia

Vinhos Montalegre no arranque do evento. (Fotografia de Rui Oliveira/GI)
Os frescos e minerais vinhos Montalegre, de Trás-os-Montes, assinalaram o arranque das provas do encontro Wine & Classics, que junta, até domingo, dia 26, vários produtores de vinhos num ambiente decorado com automóveis clássicos, na Quinta dos Cónegos, Maia.

A região vínica de Trás-os-Montes, que desde 1996 é de denominação de origem controlada (DOC), é ainda pouco conhecida dos consumidores, admite Francisco Gonçalves, proprietário e enólogo dos vinhos Montalegre. “É uma região cheia de potencial”, acredita, principalmente pela sua altitude e capacidade de produzir vinhos “menos concentrados, mais leves, com mineralidade e acidez”, aos quais não falta estrutura, o que os torna “muito gastronómicos”.

O produtor vai buscar as suas uvas às várias sub-regiões – Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês -, visto que Montalegre não as tem (ou não tinha… mas já lá vamos) aproveitando o que a região tem de melhor, a altitude e a grande quantidade de vinhas velhas, com pelo menos 40 anos. “O facto de o consumo dos vinhos DOC transmontanos não ser grande, fez com que ainda não tenha havido uma grande reestruturação das vinhas como aconteceu noutras regiões”.

O enólogo, que antes de se aventurar em projeto próprio, há oito anos, trabalhou no Douro, quis voltar à sua terra de origem para fazer algo “diferenciador”, ambição de muitos, mas que nesta região se consegue cumprir pelas suas características únicas. Apesar de as uvas não serem de Montalegre a vinificação e o estágio é lá feito e uma altitude de 1000 metros influencia grandemente a produção e a evolução do vinho.

“As temperaturas de estágio são muito baixas, o que faz com que o vinho se mantenha jovem por mais tempo”, diz. Um desses exemplos é o Branco Reserva de 2016, apresentado na prova. Oriundo de vinhas com seis décadas, esteve 12 anos em barricas de carvalho francês. Embora se perceba algum envelhecimento natural, continua com muita frescura, persistência e estrutura.

A prova abriu com uma novidade, o primeiro Rosé da casa, feito de Tinta Roriz e Tinta Amarela. Aromático e muito floral, na boca sobressai a mineralidade do solo granítico. Este vinho vai começar a ser comercializado dentro de dois meses, informou o enólogo. Seguiu-se o Vinhas Velhas Branco, produzido a partir de uvas espalhadas pela região, plantadas a uma altitude média de 700 metros. Gouveio, Rabigato e Arinto são apenas algumas das 15 castas que aqui se encontram e que fazem um vinho “vibrante e com boa acidez”. O tinto apresentado é um monovarietal de Tinta Amarela (noutras regiões conhecida como Trincadeira). As uvas vieram de uma altura de 750 metros, de vinhas com 25 anos, para elaborar um vinho “genuíno, elegante e fresco”.

A vinha mais alta de Portugal

O produtor plantou em 2017, em jeito de experiência, dois hectares de vinha a 1070 metros de altitude, principalmente uvas brancas, mas também da tinta Bastardo, uma casta muito tradicional da região, que está a ser recuperada. Desta que é “a vinha mais alta de Portugal” já saíram vinhos, ainda não comercializados. Mas Francisco acredita que num futuro próximo vai dar-se cada vez mais atenção à região, principalmente porque a plantação de vinha tende a subir de altitude devido às alterações climáticas. “Quando comecei a trabalhar no Douro vindimava-se em setembro. Em pouco tempo, teve de se começar a vindimar em inícios de agosto”, conta.

O festival Wine & Classics continua sábado e domingo com provas e showcookings. Dom Vicente/Monte da Ria, Parceiros na Criação, 1000 Curvas, Ninho da Pita, Adega de Cantanhede, Quinta de Paços ou Quinta da Carregosa são alguns dos produtores com provas marcadas. Os showcookings estão entregues a Tânia Durão, Rui Martins, Manel da Silva, Rui Silva, Álvaro Costa, Marco Gomes e Hugo Portela.

Nesta edição há pela primeira vez provas especiais pagas, uma de vinhos do Porto com queijos, dia 25 às 17h, e outra dia 26, à mesma hora, com espumantes e conservas.

Mais informações: wineandclassics.pt

Preços:

Wine and Classics (entrada diária) | 10 euros (inclui copo, 4 provas de vinho, 1 prova comentada, 1 showcooking e visita à Fundação Gramaxo)
– Prova Vinhos do Porto | 35 euros (25 maio) (inclui copo, acesso a prova fechada, 4 provas de vinho, 1 prova comentada, 1 showcooking e visita à Fundação Gramaxo)
– Prova Espumantes | 35 euros (26 maio) (inclui copo, acesso a prova fechada, 4 provas de vinho, 1 prova comentada, 1 showcooking e visita à Fundação Gramaxo)




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend