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Comemorar o Ano do Galo num restaurante chinês

Veja nesta fotogaleria cinco restaurantes chineses para comemorar o novo ano (Fotografia de Gonçalo Villaverde/GI)
Dinastia Tang (Lisboa) É uma das boas surpresas dos últimos anos em termos de restauração asiática. Aqui, a cozinha cantonesa é rainha, alicerçando toda a experiência num ambiente quase teatral, cinematográfico, graças à cuidada decoração. Trata-se de um antigo armazém de vinhos na zona do Poço do Bispo, em Lisboa, aberto desde maio de 2014 como resultado de uma história de amor entre uma portuguesa e um chinês. Marisa Cerqueira e Bilnlu Zhu conheceram-se na cidade de Suzhou. Ela estudava, ele tinha uma loja de artesanato. Apaixonaram-se, casaram-se e, em 2007, mudaram-se para Portugal. Faltava oferta de um local para eventos orientais na zona de Lisboa e assim surgiu o Dinastia Tang, com salão no rés-do-chão e uma sala imperial no primeiro piso. À mesa, a aposta é na surpresa e na diversidade – sempre a diversidade que caracteriza a gastronomia chinesa. Há dim sum, claro, mas também raiz de lótus com mel, línguas de pato, frango à Sichuan ou caranguejo salteado com cebolinho, entre muitas outras opções. Entrar aqui é viajar no tempo e no espaço, com esculturas, candeeiros, jarrões, mesas e cadeiras que nos levam para onde o nome indica, algures entre os anos 618 e 917.
Grande Palácio Hong Kong (Lisboa e Porto) É um templo da cozinha tradicional chinesa e da comida típica cantonesa, aberto em 2007 e hoje com dois espaços em Lisboa e um no Porto. Depressa se começou a perceber que tudo ali era diferente daquilo a que o público português estava habituado. Em primeiro lugar, a clientela. A sempre fechada comunidade chinesa passou a frequentar o espaço desde a sua reconversão de chinês com carta ocidental para chinês tradicional. E a ementa passou a apostar em pratos até aí praticamente desconhecidos como dim sum, ravioli de carne ou beringela com carne, além das apelativas sopas de dimensões familiares, como a famosa ácida picante. Em termos de espaço físico, destaca-se pelas mesas corridas que apelam ao convívio entre clientes. E para grupos maiores há mesas redondas à espera. Na decoração, pouco difere dos antigos restaurantes das décadas de 1980 e 1990 em Portugal.
Mr. Lu (Lisboa) É um caso sério de sucesso junto à Avenida Almirante Reis, em Lisboa. Zhiaming Lu é o rosto e a alma deste projeto que começou oficialmente no início de 2014, num local que já tinha sido restaurante português e italiano e que hoje oferece alguns pormenores de decoração asiática, sem ser demasiado kitsch. Antes disso, desde 2010, já os mais afoitos sabiam da existência desta pérola do Oriente num prédio perdido e de porta fechada para os lados da Mouraria. Lu foi considerado o segundo melhor cozinheiro da China em 1997 e o melhor da região Norte. Em 2004 veio viver para Portugal e hoje é um autêntico embaixador da região de Shandong. Borrego com cominhos, porco Sichuan bem condimentado e peixe com molho agridoce são algumas das boas sugestões, com destaque para o último, o prato que foi a concurso. Tudo preparado com recurso às mais elaboradas técnicas, da «verdadeira cozinha chinesa», como gosta de salientar o senhor Lu. (Fotografia de Gonçalo Villaverde/GI)
The Old House (Lisboa) No Parque das Nações, está outro templo de boa comida chinesa. O nome é inglês, mas a ementa é da província de Sichuan, uma das mais fortes inspirações da cozinha chinesa. É o primeiro restaurante desta cadeia de 33 aberto fora da China. Yang Cao é a proprietária e tem aquele encanto especial das mulheres asiáticas a quem é impossível adivinhar a idade. A porcelana azul e branca, as lanternas vermelhas, os nichos e as salas privadas no primeiro andar convidam a passar tempo por aqui. E quando a comida chega à mesa, não há como querer sair. Há de tudo, com destaque para os pratos mais picantes, típicos da província que serve de inspiração. Peixe, porco, pato, vegetais, marisco, algas e sobremesas que surpreendem por serem diferentes de tudo aquilo a que estamos habituados num restaurante chinês. A equipa é maioritariamente chinesa, a clientela também, mas os portugueses já não precisam de desculpas para cá vir.
Estoril Mandarim (Cascais) Neste restaurante da região de Lisboa inaugurado em 1998 o famoso pato à Pequim é rei. Desde então tornou-se uma referência da cozinha tradicional chinesa e sinónimo de excelência. A decoração condiz em luxo com o espaço onde está inserido, o Casino Estoril. Nasceu do desejo do proprietário, Stanley Ho, de apreciar a verdadeira comida chinesa nas suas deslocações a Portugal e, além do pato, apresenta uma oferta de dim sum de fazer inveja ao que se faz no outro lado do mundo. E é justamente de lá que chegam os ingredientes mais invulgares, como a barbatana de tubarão ou as especiarias. Entre os tons vermelhos e castanhos, com sala principal e espaços privados, tudo faz parte de uma experiência de partilha à mesa. E no verão a esplanada virada para os jardins do Casino torna-o ainda mais convidativo.

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Galinha com amêndoas, família feliz, bife com molho de ostras. Três pratos que faziam parte das ementas de qualquer restaurante chinês em Portugal até aos primeiros anos do século XXI. E depois, aos poucos, começaram a desaparecer os pratos e os restaurantes com estas adaptações ocidentais da milenar gastronomia do Império do Meio. A ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) teve papel fundamental nesta mudança de hábitos.

Em 2006, uma operação de grande escala foi levada a cabo junto destes estabelecimentos. À época, os dirigentes da Liga dos Chineses em Portugal falavam de «bastantes estragos» e da «eliminação dos mais fracos e dos menos preparados». O resultado foi claro: cerca de 40% dos restaurantes chineses encerraram e foram detetadas irregularidades em 113 dos 130 locais visitados – uma taxa de incumprimento na ordem dos 89%. Principais queixas: qualidade dos produtos armazenados e falta de higiene. E tudo mudou.

 

Desafio
A partir dessa altura começaram a estar na moda os restaurantes japoneses. E os comerciantes chineses souberam adaptar-se rapidamente à nova tendência. A cozinha nipónica não era acessível a todas as bolsas, os poucos espaços que lhe estavam dedicados tinham um elevado preço médio por pessoa. Apostando em produtos mais baratos e aproveitando a decoração de cariz asiático, deu-se a transformação gradual para restaurantes de sushi de baixo custo, o «sushinês». Começaram os menus de preço fixo e consumo ilimitado e a cozinha da moda ganhou adeptos. Tornou-se cada vez mais difícil encontrar um restaurante chinês pré-ASAE e foi nesta altura que a pedra caiu no charco.

 

Regiões
A diversidade é a grande arma da gastronomia chinesa: de técnicas, de ingredientes, de cores, cheiros e sabores. Estima-se que existam mais de cinco mil pratos típicos, em representação de 20 diferentes regiões (oito delas demarcadas), resultado de mais de quatro mil anos de tradição gastronómica.

No Norte da China, onde o clima é frio e a necessidade de calorias elevada, o pão cozido a vapor, as massas, as batatas e as couves estão bastante presentes. O açúcar não abunda, sendo o sal presença constante nos pratos.

No Sul, pelo contrário, são os doces que mais se destacam. A produção de cana sacarina é elevada e este é o berço da cozinha de Cantão, uma das principais e mais influentes do enorme país (o terceiro maior do mundo após a Rússia e o Canadá).

No lado oriental, encontramos a cozinha de Xangai, o melhor exemplo da culinária desta região. Temperar a comida com molho de soja açucarado faz parte dos hábitos da população, bem como o recurso à aguardente de arroz e a utilização do porco como fonte de proteína privilegiada.

No lado oeste, caracterizado geograficamente pela existência de montanhas, são comuns a carne seca e os vegetais em conservas de aguardente ou de vinagre de arroz. A dificuldade no transporte de alimentos fez que a conservação dos alimentos tenha sido a principal preocupação ao longo dos séculos.

 

Produtos
A diversidade de produtos é tal que se torna quase impossível listar todos os ingredientes utilizados, mas quatro deles são transversais a todas as zonas da China. O arroz, claro está, é o principal, sendo a base da alimentação. A região onde menos se sente a sua presença é a Oeste, vindo a maioria da produção do Sul. A soja é outro dos indispensáveis. A partir do feijão de soja chega-se à pasta, ao molho, aos rebentos e ao tofu, obtido a partir da coagulação do leite de soja, cada vez mais procurado na Europa devido ao crescente número de vegetarianos. O gengibre é o terceiro elemento fulcral, uma planta com qualidades de tempero e medicinais já comprovadas. E para terminar a lista, os cogumelos – podem ser utilizados frescos ou secos, presentes em muitos dos pratos apresentados na China e também nos restaurantes portugueses.

 

Técnicas
Sã mais de 40 as técnicas habitualmente usadas para a preparação dos alimentos. Fritar é uma das mais recorrentes, com variações quanto à potência de fogo e quantidade de óleo. Saltear os ingredientes em óleo aromatizado com gengibre, alho ou cebolinho é outra opção, principalmente quando se recorre a carne, camarões e, em especial, vegetais. Neste caso o wok, frigideira tradicional de grandes dimensões, é o recipiente mais utilizado. De preferência aquecido a altas temperaturas.

A cozedura a vapor é imagem de marca destes «novos» restaurantes chineses. Os alimentos são colocados em cestos de bambu ou de esmalte que por sua vez são assentes em panelas ou woks com água a ferver. Peixe fresco, pato e dim sum são muitas vezes assim confecionados.

A cozedura tradicional, apenas em água, é a opção mais requisitada para as famosas sopas que podem levar várias horas a ser preparadas. Juntam-se os vegetais, as aves ou a carne de porco e deixa-se ficar em lume baixo até que cozam no líquido, soltando todos os sabores.

Estufar e guisar também são métodos eficazes na cozinha chinesa, e, nestes casos, recorre-se a panelas ou a tachos de barro para puxar mais pelos sabores. Os alimentos podem ser também assados, mas esta não é uma técnica especialmente habitual, com exceção dos locais onde o leitão, o pato, o entrecosto e o toucinho figuram como estrelas da ementa.
A cozinha chinesa está na moda e isso está bem patente nas dezenas de espaços clandestinos que povoam o centro histórico de Lisboa. A verdadeira cozinha chinesa, procurada pela comunidade chinesa que, orgulhosa, vai mostrando-nos o seu mundo e contribuindo para que as duas culturas se aproximem. À mesa, como manda a nossa tradição. E a deles.

 

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Morada
Rua do Açúcar, 107 (Marvila), Lisboa
Telefone
967145938
Custo
(€€) 20
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00. Não encerra


GPS
Latitude : 38.7380499
Longitude : -9.10329569999999
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Morada
Rua Pascoal de Melo, 8A (Arroios), Lisboa
Telefone
218123349
Custo
(€) 15
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 00h00. Não encerra


GPS
Latitude : 38.7312528
Longitude : -9.13400839999997
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Morada
Rua Bernardo Lima, 48B (Marquês), Lisboa
Telefone
213140726
Custo
(€) 15
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 00h30. Não encerra


GPS
Latitude : 38.7274267
Longitude : -9.14507290000006
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Morada
Rua Gonçalo Cristovão, 252 (Trindade), Porto
Telefone
222082071
Custo
(€) 15
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 18h00 às 00h30. Não encerra


GPS
Latitude : 41.15370081736743
Longitude : -8.609791663229316
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Morada
Rua António Pedro, 95 (Anjos), Lisboa
Telefone
213520613
Custo
(€) 15
Horário
Das 11h00 às 15h00 e das 19h00 às 00h00. Não encerra


GPS
Latitude : 38.7298221
Longitude : -9.135573099999988
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Morada
Rua da Pimenta, 9 (Parque das Nações), Lisboa
Telefone
218969075/969959958
Custo
(€€) 20
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00. Não encerra


GPS
Latitude : 38.7701477
Longitude : -9.092405800000051
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Morada
Avenida Dr. Stanley Ho, Estoril (Cascais)
Telefone
214667700
Custo
(€€€) 40
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00. Encerra segunda e terça


GPS
Latitude : 38.70651489999999
Longitude : -9.397572500000024
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