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Porto: Há bons motivos para conhecer o Carvalhido

Percorra a fotogaleria para saber mais bons motivos para ir ao Carvalhido, no Porto. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
1. A igreja dos azulejos que é o centro das atenções A antiga igreja paroquial é o ex-líbris do Carvalhido. Destaca-se pela sua fachada forrada a azulejos, numa decoração idêntica a outros templos do Porto mais famosos e visitados por se encontrarem no centro da cidade. Este não deixa de ser menos impressionante pela sua delicadeza e beleza. Desde 1969 que o Carvalhido tem outra igreja paroquial, maior e de linhas modernistas, da autoria do arquiteto Luís Cunha. Mas para grande parte dos residentes esta é a igreja da localidade. Começou por ser capela e surgiu devido ao aumento populacional e às dificuldades que os camponeses tinham em se deslocarem à igreja da freguesia, no centro de Cedofeita. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
1. A igreja dos azulejos que é o centro das atenções Uma petição pública solicitou, em 1769, a construção de uma igreja própria. Ficou concluída em 1775. A partir de 1886 pertenceu à Confraria de Nossa Senhora da Conceição, tornando -se independente de Cedofeita. A Paróquia do Coração de Jesus do Carvalhido foi criada por provisão do então bispo do Porto, D. António Augusto de Castro Meireles, em 1940. Em reconhecimento, a população homenageou o bispo com uma estátua colocada ao lado da igreja, na confluência das ruas da Prelada e Pedro Hispano, em frente à imponente Casa dos Castelos. A fachada foi revestida de azulejos em 1944 , com motivos relativos aos santos evocados na paróquia. São da autoria de Francisco Luís Pereira, pintor da Fábrica do Outeiro, de Águeda. No interior, mais modesto, destacam-se as imagens de arte sacra em tamanho natural. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
2. Arte urbana num bairro social Desde 2017 que uma das paredes do Bloco O do Bairro do Carvalhido, erguido em 1958, é tela de um trabalho de Hazul, artista que nos últimos anos tem embelezado muitas paredes de prédios devolutos no centro do Porto. A empresa municipal Domus Social, cuja sede se encontra precisamente na zona do Carvalhido, justificou a ação com o facto de o Porto ser «metrópole de confluência de diferentes culturas, cada vez mais uma referência no que diz respeito à atividade urbana e cívica», e pretende-se com esta intervenções, «além do enriquecimento artístico do património, sensibilizar os cidadãos, de forma pedagógica, para aquela que é a diferença entre arte urbana e simples ruído visual». (Fotografia: Hazul/DR)
2. Arte urbana num bairro social Hazul pintou a parede exposta à rotunda de acesso à VCI, no prédio onde viveu durante 25 anos. Desde a mesma altura que um trabalho de Mr. Dheo cobre a fachada lateral do Bloco 3 do Bairro de Francos. Os dois murais tornam-se nas mais recentes obras de um roteiro de arte urbana e que colocam também os bairros sociais no mapa de lugares a visitar. (Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)
3. Sonoscopia: artistas reunidos na criação de música experimental Mais que uma associação, a Sonoscopia é um coletivo de artistas que no Carvalhido se juntam para criarem algo ainda pouco comum no meio artístico português. Dedicam-se à música improvisada e experimental e já realizaram dezenas de concertos em todo o mundo. Quem circula pelo início da Rua da Prelada, mesmo em frente da estátua do bispo que criou a paróquia do Carvalhido, não imagina o estranho mas surpreendente mundo que se encontra por detrás da porta verde com o número 33. Ao cimo das íngremes escadas, a casa divide-se em estúdios, escritórios, salas de reparações, de ensaios, de gravações de som e vídeo e de construção de instrumentos. «Trabalhamos com música experimental e com vários instrumentos não convencionais», explica Gustavo Costa, um dos membros da direção (embora aqui todos tenham o mesmo estatuto). (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
3. Sonoscopia: artistas reunidos na criação de música experimental Numa das salas, depois a cozinha e próxima do pátio, amontoam-se velhos gira discos, televisores antigos, cabos, bombos, baterias, colunas e até um frigorífico. Tudo é transformado para depois integrar instalações sonoras e mostras de música experimental. «Temos formação musical clássica mas não trabalhamos nas estruturas convencionais», salienta Gustavo Costa. O espaço está aberto a participações de colaboradores nacionais e internacionais que queiram usufruir das condições físicas que a Sonoscopia oferece e também do ambiente criativo que ali se vive. Por isso, dispõe de uma área de residências que tem acolhido artistas de todo o mundo. O próximo concerto será a 18 de abril com a atuação de um quinteto norueguês de jazz contemporâneo e de um duo japonês de música improvisada. «Quem quiser assistir só terá de tocar à porta e ficar temporariamente sócio com uma cota de seis euros, que dá direito a todos os concertos», refere Gustavo Costa. Neste momento, preparam a instalação sonora que ficará exposta de 1 a 10 de junho na vizinha Quinta da Prelada. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
4. Aprender a restaurar e a encadernar livros A IN-Libris não é um alfarrabista convencional. Aqui, como diz o proprietário Paulo Ferreira, «reina o caos», e até é possível imprimir livros com técnicas do século XIX. Ao contrário de outras lojas de livros e edições antigas, na IN-Libris, da rua do Carvalhido, nada está por ordem. Os livros estão dispostos nas prateleiras de forma aleatória. O cliente tem de percorrer filas e filas de volumes como as das coleções da Seara Nova ou das edições de O Tripeiro. Paralelamente, o espaço tem exposições de arte, de artesanato e antiguidades. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)
4. Aprender a restaurar e a encadernar livros A livraria abriu há 20 anos na Rua da Torrinha e há dois anos mudou-se para o Carvalhido. Tem uma oficina de encadernação do século XIX «em pleno funcionamento», onde se realizam workshops de restauro de papel, decoração, preservação, técnicas de costura clássicas. As demonstrações são para todas as idades e o atelier de encadernação em oficina de maquinaria antiga decorre todos os sábados à tarde. Estas oficinas contam com o acompanhamento de profissionais do universo da encadernação artesanal, que permitem percorrer caminhos que são de tradição mas também de inovação. São saberes quase perdidos que a IN-Libris pretende «salvar transmitindo e desmultiplicando». A oficina é composta por máquinas e utensílios antigos: guilhotinas, cisalhas, prensas e balancés, ferros de mão e rodas de dourar, ágatas para brunir ouro fino, marmoreados, embutidos e caixotins — um espaço povoado pela ancestralidade da arte do livro. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)

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Em meados do século XIX, o Carvalhido era um arrabalde da cidade. A paisagem era desenhada por quintas senhoriais e campos agrícolas. O nome deste lugar terá origem no facto de ser abundante em carvalheiras. Por ali, estacionaram as tropas de D. Pedro durante o cerco do Porto e por esse motivo o principal largo da localidade passou, anos mais tarde, a designar-se Praça do Exército Libertador.

Aqui, há mercearias, farmácias, todo o tipo de lojas, vias de comunicação e bom serviço de transportes públicos. «Hoje, o Carvalhido é um centro comercial ao ar livre. Existem lojas de todo o tipo de produtos porque continua a haver compradores. Somos uma zona residencial onde circulam muitas pessoas», explica António Sousa que, com Fernando Silva, mantém a mercearia A Nova Moka a funcionar da mesma forma de quando abriu, em 1946.

Foi por essa década que o lugar, que pertence à freguesia de Cedofeita, se transformou quase por completo. A população já vinha a aumentar, sobretudo após a abertura de novos arruamentos, nomeadamente da famosa estrada para Vila do Conde que depois seguia para a Galiza absorvendo parte do Caminho de Santiago.

«Apesar disso, não sentimos confusão como existe na Baixa e aqui convive bem o novo e o antigo, mantêm-se muitos estabelecimentos e há gente com novas ideias a chegar», refere António Sousa ao balcão da mercearia com bancas de legumes e prateleiras com azeites, vinhos, alheiras e presuntos. O café moído na hora é, no entanto, o forte da casa. Os moinhos são ainda os originais, assim como as latas de armazenamento. «Café e cevada é o que sai mais». De café têm dois lotes. «O puro custa 22 euros o quilo, o outro mais brando a dez euros». A mistura (café, cevada e chicória) varia entre os três e os seis euros o quilo.

Mercearia Nova Moka. (Fotografia: Rui Oliveira/GI)

Outra das imagens de marca do comércio do Carvalhido são as pastelarias. Muitas e quase porta sim porta não: a Nova Real, a Confeitaria Magalhães, a Rainha do Carvalhido ou a Doce Alto. «A concorrência é grande mas todos vendemos bem. A casa mãe da Doce Alto é na Rua de Costa Cabral, mas tínhamos de estar representados no Carvalhido», afirma Márcio Oliveira, um dos gerentes da casa. A pastelaria em todas elas é variada. As vitrinas estão cheias de bolos, pastéis e bolachas. A zona deixa muitos comerciantes «satisfeitos», como diz Rui Borges, que há quase dois anos abriu a garrafeira O Rei, na Rua da Natária, com centenas de referências de vinhos e de bebidas brancas.

Por estas ruas há também muitas lojas a descobrir, como a Ervanária Seara de Luz a Florarte, esta na Rua 9 de julho, ou a ‘Loja do João’ Ideias Mimosas, onde se vende todo o tipo de vestuário e acessórios. Até para os recém papás e mamãs o Carvalhido tem resposta através do D’Barriga, estabelecimento comercial onde há tudo para o bebé e até aulas que ensinam nutrição na gravidez, no pós-parto, na amamentação e a criarem super avós.

Voltando à Rua do Carvalhido, está outra das surpresas para quem passeia por aqui: a Kurikas, que fabrica artefactos de borracha. Desde 1977 que produz todo o tipo de artigos como extensões de torneiras, pontas de canadianas, desentupidores de foles e todo o género de anilhas. As indústrias automóvel e de produtos ortopédicos são as principais clientes. «Aqui é tudo feito com maquinaria artesanal», faz questão de afirmar o responsável pela pequena fábrica, Idraulindo de Almeida, e que «após alguns anos de crise e de poucas encomendas» vai contratar mais operários.

O cruzeiro do século XVIII

Ao fundo da Praça do Exército Libertador e já na confluência das ruas de Oliveira Monteiro e de 9 de Julho encontra-se um dos pontos de interesse deste lugar. O Cruzeiro do Senhor do Padrão, construído em 1738. O monumento saúda os viajantes que seguiam pelo caminho para norte, nomeadamente para Santiago de Compostela. Como legenda tem escrito: «Louvado seja os tempos de valores virtude lisura ozias. MDCCXXXVIII».

O cruzeiro chegou a estar rodeado e protegido por uma estrutura quadrangular, no século XIX. A cerca tinha faces azulejadas e um portão de acesso ao recinto. Estas transformações verificaram-se, já numa fase de renovação urbana de todo este local, nomeadamente quando foram rasgados os eixos viários que confluem do centro do Porto para a Praça do Exército Libertador e daqui para norte. Foi a partir daqui que se intensificou a edificação urbana ao ponto do cruzeiro colocado na Rua 9 de Julho ser deslocado, em 1980, para o local atual.

Sobre uma base retangular, a estrutura ergue-se em altura e é composta por quatro peças, a última com a representação de Cristo na Cruz. A devoção é permanente e na base do cruzeiro é habitual encontrarem-se flores e círios. Todos os anos, realizam-se festejos, no terceiro fim de semana de julho. Festa local, onde todos são bem vindos ao antigo arrabalde que hoje é um autêntico centro urbano.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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