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Um roteiro pelo queijo e paisagens da Serra da Estrela

Percorra a fotogaleria para ver mais imagens de pontos de interesse na região da Beira-Alta, na Serra da Estrela. Na fotografia: jardim da Casa Estrela, alojamento rural de charme em Juncais (Fornos de Algodres). (Fotografias de Jorge Amaral/GI)
Casa Agrícola do Arais (Celorico da Beira) Célia Silva (ao fundo, ao centro) tem esta queijaria há cinco anos, herdada do avô materno.
Casa Agrícola do Arais (Celorico da Beira) Célia Silva é engenheira zootécnica e produz queijo Serra da Estrela DOP, requeijão e «queijo velho».
Solar do Queijo (Celorico da Beira) O Solar do Queijo, espaço municipal, promove os produtores de queijo do concelho de Celorico da Beira como uma zona expositiva e de provas.
Solar do Queijo (Celorico da Beira) A parte expositiva inclui uma réplica de uma cozinha do século XVIII com os instrumentos com que antigamente se fazia o queijo.
Restaurante Quinta Santo António do Rio (Celorico da Beira) Luís Ferreira e Sofia Alves são o casal à frente do restaurante e alojamento desta quinta, transformada em turismo rural.
Restaurante Quinta Santo António do Rio (Celorico da Beira) A carta do restaurante gira em torno da vitela, borrego, bacalhau e porco ibérico com receitas antigas. Uma refeição completa fica em 15 euros.
Casa Estrela (Juncais, Fornos de Algodres) Este é um alojamento rural de charme que alia o estilo rústico ao contemporâneo através da decoração.
Casa Estrela (Juncais, Fornos de Algodres) Ao loft (na fotografia anterior) juntam-se mais três quartos, todos decorados pelo proprietário, Francisco Nascimento.
Linhares da Beira O Castelo de Linhares da Beira, de arquitetura predominantemente militar, ergue-se a 280 metros de altitude sobre o Vale do Mondego.
Cova da Loba (Linhares da Beira) Foi em Linhares da Beira que Paulo Mimoso abriu o Cova da Loba, em 2010, com uma cozinha regional criativa.
Cova da Loba (Linhares da Beira) A carta do restaurante assenta no lombinho de novilho grelhado, no javali, cabrito e borrego. Muitos produtos utilizados são de produção local.
Mercearia Tia Amélia (Linhares da Beira) Nesta mercearia encontra-se uma montra de tudo o que é da região: vinhos, mel, chás, amêndoas, biscoitos, entre muitos outros produtos.
Mercearia Tia Amélia (Linhares da Beira) A proprietária do espaço, Conceição (irmã de Paulo Mimoso) planeia em breve levar os turistas e clientes a visitar os produtores locais.
Lá em Casa (Gouveia) De passagem por Gouveia encontra-se ainda o restaurante tradicional Lá em Casa.
Lá em Casa (Gouveia) Aqui serve-se polvo grelhado e lombinho de porco recheado com queijo de ovelha e molho de morcela, mas também há picanha grelhada e crepe de camarão.
Gourmet do Agricultor (Fornos de Algodres) Nesta pequena mercearia típica vende-se doce de mirtilo, azeite, queijo de cabra amanteigado, doces e mel e mercearia para o dia-a-dia.
Sabores da Serra de António Santos (Fornos de Algodres) A loja Sabores da Serra de António Santos aposta também nos licores, ginjas, vinhos e artesanato.
Boutique dos Presuntos (Gouveia) O nome diz tudo – e encontra-se também aqui pão saloio, broa de milho e as confortáveis pantufas de pele que todos procuram.

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Ao final da manhã, Célia Silva já leva bom avanço no esmagamento da coalhada e enchimento dos moldes com que produz o queijo Serra da Estrela DOP na sua queijaria Casa Agrícola dos Arais, em Vide-Entre-Vinhas, concelho de Celorico da Beira. É um duro trabalho manual o que leva a cabo todas as manhãs com a ajuda de três colegas, desde há cinco anos. «O meu avô materno, José Silva, de 85 anos, dedicou-se a vida toda à produção de queijo e nós decidimos continuar o negócio», conta a engenheira zootécnica de 33 anos, apaixonada pela agricultura desde pequena. Atualmente, produz queijo com o leite de duzentas ovelhas de raça bordaleira, criadas em exploração própria, e compra mais leite a oito produtores.

«Estamos a usar uma média de 350 litros diários de leite, o que dá à volta de 55 quilos de queijo por dia», diz Célia, que além de produzir o famoso queijo amanteigado também produz requeijão certificado e o chamado queijo velho.

Com o objetivo de promover o queijo Serra da Estrela DOP e curado de ovelha feito pelos produtores de Celorico da Beira, o município assume vários custos relativos à obtenção da certificação DOP e organiza provas e eventos, como a Feira do Queijo Serra da Estrela. Uma das maiores promoções é sem dúvida a montra do Solar do Queijo, instalado num edifício de meados do século XVIII na zona histórica da vila. Vale a pena visitar a componente museológica – e m que se mostram os utensílios artesanais com que antigamente se fazia o queijo numa cozinha da época – para depois passar da teoria à prática, na cafetaria/loja do piso superior. Há vários produtos regionais – presunto e chouriças, pão de centeio, mel, vinho, compotas – que além de se poderem comprar, pode-se provar e, porque não, harmonizar num final de tarde entre amigos (em grupo, com marcação prévia).

Património com sabor
Apreciadores da gastronomia beirã e fortemente ligados à terra, Luís Ferreira e Sofia Alves não tiveram dúvidas no momento de aceitar o convite que António Nobre lhes fez para gerirem a Quinta Santo António do Rio, uma propriedade herdada há 20 anos e transformada em agroturismo, com restaurante e alojamento. «Deixei de ser instrutor de ginásio e tornei-me gestor», resume Luís, 27 anos, já habituado a receber os comensais e hóspedes de forma calorosa.

Na elaboração da carta do restaurante, com a mãe de António na cozinha, pegaram em receitas antigas «sem fugir ao que os antepassados gostariam de cozinhar» e focaram-se na vitela, borrego e bacalhau assados no forno e no porco preto ibérico grelhado, introduzindo subtis alterações a nível de tempero.

Almoçar ou jantar uma refeição completa, da sopa à sobremesa e com vinho a jarro incluído, é possível por 15 euros (durante a semana, apenas com marcação), um preço acessível se atentarmos na decoração do espaço, na simpatia do atendimento e na qualidade dos produtos.

É que a couve salteada e a batata assada, por exemplo, chegam ao prato diretamente da horta biológica, ou não se tratasse de um verdadeiro agroturismo com 12 hectares, seiscentas oliveiras e onde ainda criam 75 ovelhas bordaleiras em regime biológico. Tudo a 50 metros de distância do Mondego.

Seguindo pela Nacional 16, que acompanha o curso do rio, chega-se até Juncais, freguesia do concelho vizinho de Fornos de Algodres, com cerca de 200 habitantes. Ali, onde o silêncio se ouve, o conselho é dormir na Casa Estrela, um alojamento rural de charme com um loft e três quartos construídos na casa rural centenária onde, durante muito tempo, chegou a viver o professor da aldeia, explica o proprietário Frederico Nascimento, 46 anos, natural de Juncais. O casamento entre o rústico das paredes de pedra e o contemporâneo da decoração faz-se em todas as divisões da casa – com peças que o próprio comprou nos países por onde tem viajado como diplomata, agora sediado em Washington – e ganha especial conforto com as salamandras. Os hóspedes podem também tomar o pequeno-almoço com vista para o jardim e piscina. A capacidade é de oito pessoas, enquanto nos quartos e suites da Casa Grande dos Juncais (a irmã mais velha da Casa Estrela) cabem até trinta, num ambiente completamente distinto.

Da terra para a mesa
As capacidades retemperadoras da região estendem-se a todas as aldeias, e Linhares da Beira, uma das doze Aldeias Históricas de Portugal, não foge à regra. No seu castelo de arquitetura militar, a 280 metros de altitude sobre penedos graníticos a dominar o Vale do Mondego, percebe-se porque é considerada a capital do parapente, recebendo todos os verões provas nacionais e internacionais. «Os velhotes dizem que vento nasceu além, naquela encosta», brinca Paulo Mimoso, anfitrião do Cova da Loba.

O restaurante abriu em 2010, no espaço do antigo lagar da casa onde Paulo ainda vive com a mulher e os filhos. «Criei este projeto não só pela paixão que tenho pela comida e pelos vinhos, mas também porque Linhares da Beira é uma aldeia história, tem imenso turismo e não tinha um serviço de restauração em permanência que fosse ao encontro do que eu acho que é merecedor», justifica o engenheiro florestal de 46 anos.

Ter uma produção biológica de bovinos permite-lhe usar apenas a melhor peça, do lombinho, grelhado com batata e creme de queijo Serra da Estrela naquele que é um dos pratos mais gulosos da carta, renovada recentemente.

Ao prato de javali soma os de cabrito e borrego (disponíveis durante todo o ano) e equilibra tudo com os sabores do polvo grelhado e do lombo de bacalhau no forno com puré de grão e legumes salteados. No final, o requeijão com doce de abóbora não deixa ninguém indiferente. E se os vinhos, 280 referências no total, são de todo o país, já os legumes, sazonais, compra-os sempre que pode a produtores dali: holandeses, ingleses e portugueses que começaram a fixar-se e a quem chama «os novos colonizadores» de Linhares da Beira, onde vivem cerca de 300 pessoas.

Ao toque do sino da igreja matriz a população sai à rua e não raramente junta-se na TiAmélia Mercearia, na porta acima do restaurante, para beber um chá e trocar dois dedos de conversa. O nome é homenagem à mãe de Conceição e Paulo, que teve ali uma mercearia. Na loja, São, como é familiarmente conhecida, vende tudo o que pode dos produtores locais: mel, chás, amêndoas, biscoitos, pão de centeio, azeite, chouriço, cervejas artesanais, vinhos, compotas, chás e artesanato. E diz que em breve quer levar os turistas a conhecer as gentes que os produzem, ou numa caminhada para apanhar cogumelos com um cesto de piquenique debaixo do braço. A promessa é não faltar o omnipresente queijo Serra da Estrela DOP, aquele que Célia produz em Vide-Entre-Vinhas. O queijo é mesmo a estrela da serra.

 

O queijo Serra da Estrela DOP
É o queijo produzido só com leite de ovelhas de raças bordaleira ou churra mondegueira e que leva obrigatoriamente o selo do produtor, a marca de caseína (o «bilhete de identidade» de cada queijo, com código de produtor e lote) e o rótulo amarelo específico. Existem 28 produtores certificados em toda a região demarcada (que abrange 18 concelhos), seis deles em Celorico da Beira, «a capital do queijo Serra da Estrela». No período de produção 2016-2017, fizeram-se 200 mil unidades de queijo Serra da Estrela DOP e 123 mil unidades de requeijão certificado.

 

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Morada
Rua da Escola, 2, Juncais (Fornos de Algodres)
Telefone
932810023
Custo
(€€) Casa (4 pessoas) a partir de 220 euros por noite; loft (2 pessoas) desde 130 euros por noite (incluem ambos pequeno-almoço).


GPS
Latitude : 40.60935569999999
Longitude : -7.5072549999999865
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Morada
Largo da Igreja, Linhares da Beira (Celorico da Beira)
Telefone
271776119
Custo
(€€) 25
Horário
Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Encerra de segunda a quinta.

Website

GPS
Latitude : 40.540205
Longitude : -7.463277999999946
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Morada
Celorico da Beira
Telefone
961187565/961534461
Custo
(€) Preço (rest): 15 euros por pessoa (durante a semana só com marcação); Quarto duplo a partir de 50 euros por noite.


GPS
Latitude : 40.6335005
Longitude : -7.392721700000038
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Morada
Avenida Dom Manuel Primeiro (Gouveia)
Telefone
238491983
Custo
(€) Preço médio: 15 euros
Horário
Das 12h00 às 14h30 e das 19h00 às 21h30. Encerra domingo à noite e segunda todo o dia.


GPS
Latitude : 40.4988684
Longitude : -7.594886200000019
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Morada
Largo da Igreja, Linhares da Beira (Celorico da Beira)
Telefone
925024084
Horário
Das 09h00 às 22h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 40.5406881
Longitude : -7.461389599999961
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Morada
Rua Marquês de Tomar, 3, Fornos de Algodres
Telefone
271709020
Horário
Das 09h00 às 12h00 e das 13h30 às 19h00. Encerra ao domingo.


GPS
Latitude : 40.6219175
Longitude : -7.538546799999949
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Morada
Estrada Nacional 16, Fornos de Algodres
Telefone
936441633
Horário
Das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 19h00. Sábado e domingo, das 09h00 às 13h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 40.6201957
Longitude : -7.539550700000063
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Morada
Praça de Santa Maria, 5, Celorico da Beira
Telefone
271747473
Horário
Das 09h00 às 19h00; de sábado a segunda, até às 17h00. Não encerra.


GPS
Latitude : 40.638116
Longitude : -7.3914290000000165
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