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Estes são os restaurantes onde vão os políticos portugueses

Veja nesta fotogaleria os restaurantes onde vão os nossos políticos. Clique nas setas em cima das fotografias.
1. O Madeirense Jorge Sampaio, Mário Soares, Passos Coelho, José Sócrates, Pacheco Pereira. A lista de personalidades que tem passado por este restaurante é vasta. A propensão de ser palco de decisões importantes já vem desde o tempo em que a casa estava em Sete Rios, nos seus primeiros seis anos (as três décadas seguintes foram passadas na atual morada). «A UGT foi fundada nesse espaço. As reuniões mais importantes foram lá e estava o José Manuel Torres Couto», conta Manuel Fernandes, o proprietário. Amoreiras Shopping Center, Lisboa Tel.: 213813140 Preço médio: 20 euros (Fotografia: Orlando Almeida/GI))
2. O Comilão «Houve uma noite em que estive à espera de Cavaco Silva, Marques Mendes e outros ministros para jantar até às quatro da manhã. Tinham estado, até àquela hora, a discutir a revisão constitucional.» A história – passada em 1992, era Cavaco primeiro-ministro – é hoje contada pelo dono do espaço, Secundino Cardoso, que crê que o menu dessa noite terá incluído «pataniscas para todos e carne barrosã». A clientela é sobretudo social-democrata e ainda hoje Pedro Passos Coelho é visita frequente. «Sou amigo dele. Ele gosta de boa comida portuguesa, dobrada, feijoadas, cabrito assado e um bom arroz de bacalhau», conta Secundino. Luís Marques Mendes pede sempre o prato do dia», afirma. É frequente encontrar aqui o antigo ministro, atual comentador da SIC, a preparar o seu espaço de opinião televisivo. Figuras do PS, do PSD e do CDS-PP se cruzam-se com jornalistas, apresentadores de televisão e médicos. Rua Tomás da Anunciação 5A (C. Ourique), Lisboa Tel.: 216074 408 Preço médio: 20 euros (Fotografia: Orlando Almeida/GI)
3. O Mercado As salas mais ou menos reservadas de que esta casa dispõe são um convite a políticos, empresários e demais personalidades influentes em Portugal. José Teixeira, o homem que há 25 anos dirige o restaurante, crê que a privacidade é um dos fatores que, desde a abertura, atraíram quem manda no país a sentar-se a estas mesas. «A qualidade sempre foi o nosso objetivo, mas o facto de termos salas reservadas aumenta a procura», conta. António Costa, perde-se por «peixinho frito com arroz de lingueirão». Tudo numa morada que sempre recebeu, conta o anfitrião, gente «dos vários quadrantes políticos, mas que ultimamente tem tido mais figuras do Partido Socialista». Rua Leão de Oliveira, 19 (Alcântara), Lisboa Tel.: 213649113 Preço médio: 25 euros
4. À Parte Se o assunto é sério, então o melhor é reservar- -se, com tempo, a sala VIP. «Tem uma mesa oval de oito pessoas», conta Henrique Pinheiro, o responsável deste espaço que já serviu refeições a opositores à mesma hora. A casa aposta em comida mediterrânica, mas o ícone é o lavagante escalado com risotto al mare. Av. Defensores de Chaves, 14C (Saldanha), Lisboa Tel.: 213543068
5. Pabe José Costa é o homem que está à frente dos destinos do Pabe, que deve muita da sua projeção ao atual Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. «Ele contribuiu muito para o êxito desta casa. Muitas das entrevistas do Expresso foram feitas aqui», recorda, sublinhando que o Pabe é, ainda hoje, «o local ideal para fazer grandes negócios». Francisco Pinto Balsemão, chairman da Impresa, é um dos que almoçam neste local regularmente. Miolo de santola, ovas de robalo, prego do lombo em pão de Mafra e crepes recheados com lagosta estão entre os petiscos mais suculentos. Rua Duque de Palmela, 27-A (Marquês), Lisboa Tel.: 213537484 Preço médio: 40 euros (Fotografia: Orlando Almeida/GI)
6. Outro Tempo Bar O bife com molho de natas e cogumelos é suserano neste espaço com 27 anos, junto ao Jardim da Estrela. O bar, conta o responsável, António Amaral, tem sido «mais visitado por elementos do CDS-PP». Paulo Portas, Telmo Correia e Assunção Cristas são rostos familiares da casa. Rua João Anastácio Rosa, 2 (Estrela), Lisboa Tel.: 213978219 Preço médio: 25 euros (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)
7. Solar dos Duques «Após ter ganho as legislativas de 2011, Pedro Passos Coelho veio cá almoçar no dia seguinte», revela Jorge Morais, proprietário, que destapa as preferências do antigo chefe de governo: «Ele gosta de comida de tacho.» Nuno Melo, Hélder Amaral, António Bagão Félix são visitas frequentes. Mário Soares também era cliente. Rua Almeida e Sousa, 58 (C. de Ourique), Lisboa Tel.: 213872674 Preço médio: 20 euros (Fotografia: Orlando Almeida/GI)
8. Rubro O xisto e o carvalho trazem as cores do aconchego e da discrição, mas para os que procuram ainda mais recato, este restaurante vínico com tapas e pratos espanhóis tem ainda compartimentos que convidam a conversas longe de ouvidos alheios. Rua Rodrigues Sampaio, 33 e 35 (Av. Liberdade) Tel.: 213144656 (Fotografia: Leonardo Negrão/GI)
9. Antiga Casa Faz Frio As cabinas privadas, feitas de madeira, são um verdadeiro charme e resultam se se falar baixinho. Há também a opção de jantar na sala principal, onde a privacidade é menor. Entre as especialidades desta casa, a paella é a que mais se evidencia. Rua Dom Pedro V, 96 (Príncipe Real), Lisboa Tel.: 213461860
10. Fox Trot A proximidade à Assembleia da República sempre fez deste bar, um típico pub inglês, um dos pontos de encontro de deputados de forças políticas distintas. As histórias do Fox Trot contam que as rivalidades ficam, muitas vezes, à porta, e é frequente assistir a convívios que, contrariando a ideia geral do que se passa no hemiciclo, seriam pouco prováveis. O bar tem várias salas, permitindo alguma privacidade para grupos de convivas. Conversas ao sabor de cervejas ou cocktails (6,50 a 8 euros) e com tostas e sanduíches a acompanhar. Travessa de Santa Teresa, 28 (São Bento), Lisboa Tel.: 213952697 Preço médio: 25 euros
11. Cimas - English Bar Mais do que uma referência, a história deste espaço com vista sobre a entrada da barra do Tejo e o mar merecia um livro. José Manuel Cima Sobral faz do recato um verdadeiro prato do dia. «Houve muitas reuniões, histórias pré-revolucionárias e até jornais que nasceram aqui, como O Independente», revela, em pinceladas muito gerais. «Adelino Amaro da Costa passou por cá depois da tomada de posse do governo», continua José Manuel, que ainda se lembra das tardes de trabalho de Francisco Sá Carneiro passadas à mesa. Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Sousa Tavares estão entre os clientes frequentes, mas, olhando para o passado, Cima Sobral ainda se recorda das «refeições frugais» de António Oliveira Salazar. «Ele só bebia água do Luso. Por vezes, um copo de vinho do Dão. Gostava de pescada cozida, de cherne ou de linguado», conta. Juan Carlos, o rei emérito de Espanha, também foi presença assídua neste restaurante de Cascais, na Grande Lisboa. Avenida Marginal, Monte do Estoril (Cascais) Tel.: 214681254/214680413 Preço médio: 35 euros
12. MOB - Espaço Associativo Esteve no Bairro Alto, mudou-se depois para o Intendente e, em ambos locais, foi um dos palcos de preparação e organização das manifestações Que Se Lixe a Troika, de 2012 e 2013. «Foi sempre um centro de apoio à atividade política. À margem das atividades e das tertúlias, há uma livraria e um serviço de bar a funcionar em noites de programação especial. Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, já foi, por exemplo, protagonista de uma dessas soirées e até pôs música. A quota é anual e custa um euro. Rua dos Anjos (Intendente), Lisboa Web: facebook.com/moblisboa
13. Varina da Madragoa «Foi aqui que nasceu o Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago», sublinha orgulhoso o dono Bruno Barbosa. Fernando Rosas, Franscico Louçã, Luís Fazenda, Joaquim Pina Moura e Ferro Rodrigues são clientes frequentes da casa. As suas preferências já não configuram qualquer mistério para o senhor Veiga, o empregado que há anos é o rosto da simpatia. Rua das Madres, 34 (Madragoa), Lisboa Tel.: 213965533 Preço médio: 20 euros (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)
14. Procópio Local frequentado por políticos dos vários quadrantes foi um dos locais-chave nos tempos conturbados do PREC, no pós-25 de Abril de 1974. Alice Pinto Coelho, dona da casa que há longos anos tem marcado a noite lisboeta conta: «Tudo o que acontecia no país sabia-se de véspera.» O Grupo dos Nove ou o 25 de Novembro são alguns exemplos do que se soube primeiro neste bar situado no beco do Jardim das Amoreiras, e no dia seguinte pela nação. O piano, a decoração e, em particular, a mesa 2 merecem uma visita a este espaço que tem sido eleito por intelectuais e políticos. Alto de São Francisco, 21 (Amoreiras), Lisboa Tel.: 213852851 (Fotografia: Fabrice de Moulain)
15. Tavares Este restaurante conheceu e viveu longamente durante a monarquia, foi palco de encontros literários, assistiu à implantação da República, viveu sob a ditadura e viu a revolução de Abril chegar. O Tavares tem mais de dois séculos de histórias. De entre estas, destacam-se a a constituição do grupo Vencidos da Vida – do qual faziam parte Eça de Queirós e Ramalho Ortigão – num encontro mergulhado em champanhe. Foi também neste restaurante (com decoração praticamente imutável desde 1823) que terá nascido o PSD e que Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa almoçaram no dia do fatídico voo, a 4 de dezembro de 1980. Um derradeiro encontro, onde se discutiram cenários e estratégias mediante a possível eleição de Ramalho Eanes nas presidenciais. Rua da Misericórdia, 37 (Chiado), Lisboa Tel.: 213421112 (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)
16. Gambrinus As quintas-feiras continuam consignadas ao eisbein, prato típico alemão servido no Gambrinus em jeito de evocação da herança do fundador. Há, porém, muito mais para provar nesta casa que também é sobejamente conhecida pelos seus croquetes e pela cozinha tradicional portuguesa. Situado na Baixa lisboeta, o Gambrinus sempre foi um ponto de encontro de jornalistas, políticos e empresários – e sempre primou pela discrição. Rua das Portas de Santo Antão, 23 (Baixa), Lisboa Tel.: 213421466
17. Café de são Bento Beneficiando de estar ao lado da Assembleia da República e de fechar tarde, é bastante frequentado por deputados e ministros. O ambiente recria o espaço dos antigos cafés de Lisboa, quase totalmente desaparecidos, e surgiu para servir o célebre bife à Marrare. E foi inspirado neste que foi sido trazido para Lisboa pelo napolitano António Marrare nos finais do século XVIII e popularizado com a abertura de vários Cafés Marrare. Assim nasceu o bife à Café de São Bento, que além da qualidade da carne tem um molho com segredo. Rua de São Bento, nº 212 (São Bento), Lisboa Tel.: 913658343 Preço médio: 35 euros
18. Portucale Neste restaurante podem ser apreciados lombo de boi flamejado e lombo de bacalhau no forno à marinheiro. Apesar de não ter salas privadas, é sempre possível pedir uma mesa mais resguarda. É frequentado pela elite política portuense. Rua da Alegria, 598 (Baixa), Porto Tel.: 225370717 (Fotografia: Pedro Correia/GI)
19. O Barril O preguinho no pão com carne do lombo, por vezes fora de horas, é um dos argumentos que, desde há 40 anos, têm convencido elementos das forças políticas e do desporto a passar por este restaurante de cozinha regional e bar, onde também passou António Costa. A maior parte dos clientes, acrescenta, acaba por passar por aqui já depois «das dez da noite», após o jantar. Alameda Eça de Queirós 40 (Antas), Porto Tel.: 225 511 203 Preço médio: 12 euros (Fotografia: Carlos Santos Silva/GI)
20. Guarany Quando Rui Rio presidia ao município, era ali, conta quem sabe, «que se reunia com Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite». Com respeito à manutenção desses encontros, Agostinho Barrias, de 77 anos, prefere apontar mais para o passado e lembrar, com cautela, que «também se diz, sem ser cem por cento confirmado por nós, que quando Humberto Delgado veio em campanha ao Porto [1958], um dos cavalos da GNR terá entrado pelo café adentro», revela o proprietário. Por entre espelhos e telas de Graça Morais, vale a pena provar a cozinha de matriz portuguesa, com petiscos que vão desde as pataniscas aos filetes de polvo, passando por cabrito assado à serrana ou tripas à moda do Porto. Avenida dos Aliados, 85-89, Porto Tel.: 223321272 Preço médio: 20 euros (Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)
21. Clube 21 «Este espaço é frequentado por elementos de vários quadrantes políticos, como o PS, o PSD e o CDS, e o ambiente aqui é mais ameno do que os debates na Assembleia. Às vezes até dividem doses», graceja José Alves, ele que está à frente dos destinos de um clube com 39 anos. A provar a diversidade de clientela, a lista de comensais vai de Passos Coelho a Francisco Assis, passando por Rui Rio – apreciador dos preguinhos no pão –, Miguel Cadilhe, Aguiar-Branco, Agostinho Branquinho. «Há 24 anos que estou cá e sempre passaram por aqui políticos e gente do futebol como o Pinto da Costa, o Valentim Loureiro ou Pimenta Machado», adianta José Alves. Para lá do preguinho, destaque ainda para o rosbife e para os miminhos de boi à moda do chefe. Rua Afonso Lopes Vieira, 162 (Boavista), Porto Tel.: 226095123 Preço médio: 25 euros
22. Pipa Velha O espaço escuro, a média luz, e as paredes cobertas de cartazes de teatro colecionados ao longo de três décadas criam o ambiente que atrai jornalistas, atores e políticos, estes sobretudo ligados ao Bloco de Esquerda. «A proximidade ao Teatro Carlos Alberto e a longevidade do bar fizeram dele um ponto sempre muito ligado à cultura na cidade», conta o dono, Eurico Rocha, acrescentando que também se petisca fora de horas. Chouriço assado, tábuas de queijo e enchidos e tostas de vários tipos convivem bem com música jazz, indie ou outro estilo que a noite venha a pedir Rua das Oliveiras, 75 (Baixa), Porto Tel.: 222082025 (Fotografia: Pedro Franadeiro/GI)
23. Majestic Não há presidente português do período da democracia que não tenha passado por este histórico café portuense, que, frequentemente, ocupa invejáveis posições nas tabelas dos mais belos do mundo. Também Jacques Chirac, o antigo presidente francês, passou por esta casa que tem servido de palco a debates. Entre as especialidades da casa, o destaque vai para a francesinha de fillet mignon. Rua Santa Catarina, 112 (Baixa), Porto Tel.: 222003887 (Fotografia: Cristiano Silva/GI)

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Fomos saber a que mesas é que os políticos se têm sentado a traçar planos para o futuro. Os locais multiplicam-se para lá da capital e põem em evidência um hábito que Eça de Queirós já tinha assinalado em 1893, na obra Cozinha Arqueológica: «A cozinha e a adega exercem uma tão larga e direta influência sobre o homem e a sociedade.» O passado e o presente, as grandes decisões e os pequenos momentos num cardápio de histórias que vale a pena ler ou rever – episódios que tanto aconteceram em sítios luxuosos como nas casas mais modestas. Em todos, porém, cumprem-se duas promessas: há boa comida e dá-se prioridade ao recato.

 

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