«Antes do 25 de abril as mulheres nem tinham independência para sair de casa sem a autorização dos maridos. Ficavam muito mal vistas por saírem sozinhas, mas o Procópio era conotado como uma coisa de muito bom gosto. Era como se fossem a um local de cultura, quase como se fossem a um museu», conta Maria João Pinto Coelho.
As viagens do pai, Luís Pinto Coelho, a Paris foram o mote para uma ideia que concretizaria em 1972, no Jardim das Amoreiras. O Procópio celebra 45 anos em maio e vai na terceira geração da família. Maria João, a filha mais velha, é a responsável pela comunicação. Os netos Tomás e Martim também já trabalham no bar e a mulher, Alice Pinto Coelho, quase com 80 anos, continua como gerente. «O meu pai era um colecionador compulsivo de banda desenhada e descobriu um boneco muito giro, que é o logótipo do Procópio», recorda Maria João.
A decoração vintage é uma das imagens do Procópio, que sempre foi procurado por intelectuais, políticos e apreciadores de tertúlias
«Depois teve de arranjar um nome e deu-lhe o de Procope, que era um bistrô parisiense com imenso carisma, ainda hoje existe, e traduziu-o para português. Achou que ficava no ouvido e que era adequado para o ambiente do Procópio.» Passados 20 anos, Luís Pinto Coelho fez o Pavilhão Chinês. Fez também o Foxtrot, A Paródia e A Outra Face da Lua.
A decoração vintage é uma das imagens do Procópio, que sempre foi procurado por intelectuais, políticos e apreciadores de tertúlias. Os clientes mais antigos continuam a aparecer, mas o público renovou-se. «Temos muita gente nova, na casa dos 20. Diria que a média de idades está nos 35 anos. E está sempre cheio. À sexta e ao sábado convém não arriscar, o melhor é ir cedo.»
Tal como no ano passado, volta a participar na Lisbon Cocktail Week, sinal de que o Procópio tem uma carta de excelência e está atento à atualidade. «Além do cocktail Procópio 1972, a caipirinha também é ótima, tal como a Margarita, o Irish coffee e os mojitos. E a nossa cerveja já foi considerada a melhor de Lisboa», diz Maria João. Nada como uma visita para comprovar.
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