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Aveiro: aprender sobre ostras antes de as provar

Veja mais imagens ao longo desta fotogaleria. (Fotografias: Maria João Gala/GI)
Uma antiga salina de Aveiro, num recanto da ria, alia agora a produção de ostras, amêijoas, berbigão e salicórnia ao turismo. Veja a seguir o que pode fazer na Ostraveiro / Marinha Passagem.
2 Apreciar a natureza no tanque de salicórnia O tanque de salicórnia, planta que pode ser usada como substituta do sal em vários pratos, é de grande beleza natural. Quando foi feita a terraplenagem dos tanques, este foi o primeiro a ficar exposto ao sol. «Passado um mês de estar seco, a terra começou a estalar. Um tempo depois, a salicórnia nasceu», recorda Sandra. «Chamámos um biólogo e ele disse que era um pequeno tesouro.» Não era o único: a área é sobrevoada por pernilongos e andorinhas-do-mar que se fazem ouvir, até porque estas últimas põem os ovos no chão, camuflados. Sandra faz questão de sinalizar os ninhos, para sua proteção.
1. Conhecer o processo de produção das ostras Na chamada maternidade, as ostras, compradas «pequenininhas» em França ou na Holanda, são cuidadas como bebés, durante meses, até porque, nesta fase, «morrem com facilidade», explica Sandra Sousa. Mais crescidas, passam para sacos e potes onde já podem ser trabalhadas, ou seja, abanadas para não se colarem umas às outras, como acontece na vida selvagem. Uma ostra pode levar três anos a atingir a fase final de crescimento, mas, devido ao elevado índice de nutrientes da ria de Aveiro, ao fim de um ano, ano e meio, já apresenta tamanho adulto. «Aqui, a ostra é cem por cento natural. O que aceleramos é o processo de ela engordar.»
3 Experimentar ostras e outros produtos à mesa O que se produz na Marinha Passagem pode ser provado sem sair dali: a «rainha do sítio é a ostra», servida gratinada ou ao natural, e que vai bem com espumante ou vinho branco. Mas a ementa também contempla salicórnia salteada com cogumelos ou berbigão no pão. Há quem vá só para petiscar e desfrutar do espaço, que convida a ficar sem olhar para o relógio, mediante marcação prévia. A viagem de barco custa 2 euros, estando incluída no valor da visita guiada, se for o caso.
4 Descobrir usos diferentes para as cascas de ostras Na Marinha Passagem, as cascas das ostras são aproveitadas de várias maneiras: surgem debaixo dos nossos pés, nos caminhos, e em lembranças (a partir de 5 euros). O senhor Mateus, de 83 anos, de Aveiro, pinta, com tinta acrílica, paisagens em cascas de ostra e de amêijoa, e Sandra Sousa também gosta de dar uso aos pincéis. E quanto às pérolas? Por ali ainda não foram vistas. Sandra explica: apenas «uma em cada dez mil ostras faz uma pérola». Uma riqueza.

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A Marinha Passagem é acessível apenas de barco, numa viagem que dura dois minutos. Mal se põe o pé em terra, Sandra Sousa avisa: aquele lugar é mais do que uma antiga salina, e não se cinge à produção de ostras. Desde logo, porque tem história. Ao lado, na antiga lota velha, houve um porto comercial quinhentista usado pelas caravelas portuguesas que transportavam cerâmica para vários pontos do globo, como testemunham algumas peças retiradas do canal. «Nas marés vivas, ainda se vê a ponta de uma caravela naufragada. A marinha já tinha este nome e, para nós, fez sentido mantê-lo, porque era um sítio de passagem.»

Veja ao longo da fotogaleria acima, passo a passo, o que pode fazer na Marinha Passagem.

É certo que naquela propriedade, com aproximadamente 8 hectares, rodeada pelos canais da ria de Aveiro, se produz ostras, amêijoas e berbigão, bem como salicórnia. Mas também se promove a partilha de conhecimento e momentos de lazer. Quem ali chega pode aprender sobre o processo de criação daqueles bivalves, pela empresa Ostraveiro, em visitas guiadas, e experimentá-los no final. Ou ir somente saborear a comida e o lugar, que tem camas de rede, bar e parque infantil. Sandra e o marido, Sandro Sousa, decidiram abrir a marinha a visitantes porque sentiram na pele quão aprazível era estar naquele sítio, tão rico em sossego que faz esquecer que o centro da cidade está a poucos minutos.

 

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