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Vinhos que casam na perfeição com pratos de arroz

Percorra a fotogaleria para saber que vinhos acompanhar com cada prato de arroz, segundo a sugestão do crítico Fernando Melo. (Fotografia: iStock)
Arroz de carqueja Quinta do Perdigão Encruzado Dão branco 2016 | José Perdigão Classificação: 17,5 em 20 Preço: 9 euros A casta encruzado puxa pelo património aromático da carqueja como poucas outras. Juntos, arroz e vinho criam uma plataforma vasta de harmonizações felizes, peixe ou carne. Os toques salinos sentidos na boca são importantes para prolongar o prazer da exploração.
Arroz de tomate Quinta de Chocapalha Arinto Lisboa branco 2017 | Casa Agrícola das Mimosas Classificação: 17 em 20 Preço: 7 euros O tomate apresenta a dualidade fruto-legume como nenhum outro produto. Um arinto equilibrado mas capaz do corte das tonalidades doces e ácidas que todos lhe reconhecemos é uma boa abordagem, de resto sugerimos que faça as suas próprias experiências.
Arroz de jasmim Cortes de Cima Sauvignon Blanc Alentejo branco 2017 | Cortes de Cima Classificação: 17,5 em 20 Preço: 11 euros Um vinho que representa bem a casta estreme que o compõe, para mais vindo dos vinhedos próximos do mar, exacerbando a frescura e a complexidade. A ligação com a tónica floral é plena, a acidez equilibrada do vinho faz um trabalho positivo no arroz propriamente dito.
Arroz de forno Pegos Claros Vinhas Velhas Castelão Reserva Palmela tinto 2014 | Herdade de Pegos Claros Classificação: 17 em 20 Preço: 7,50 euros A força da casta castelão aqui declinada em elegância e enologia cuidada, a ponte com o arroz de forno e as carnes que se entender dar-lhe como companhia vai conseguir resolver e integrar o conjunto. Cabrito assado é uma boa escolha para fazer a devida justiça ao vinho.
Arroz de marisco Freixo Alvarinho Alentejo branco 2017 | Herdade do Freixo Classificação: 17 em 20 Preço: 9,50 euros A casta-rainha do Minho aqui a ganhar expressão copiosa, num vinho encorpado mas a conseguir manter a elegância do alvarinho mais marítimo. Ligação conseguida com todos os componentes, o estágio em barrica dá complexidade ao vinho e ajuda no combate ao prato, sem cansar.
Arroz de pato Zafirah Vinho Verde tinto 2017 | Constantino Ramos Classificação: 17,5 em 20 Preço: 8 euros Alvarelhão – maioria –, borraçal, pedral e vinhão compõem este vinho que se distingue pela moderação na extração e lava o preconceito de rusticidade exagerada em relação aos verdes tintos. Este dá bem conta do arroz de pato por força da frescura, capaz de resolver as gorduras do prato.
Arroz de cabidela Casa Ferreirinha Vinha Grande Douro tinto 2016 | Sogrape Classificação: 17,5 em 20 Preço: 10,50 euros O vinho reage bem ao prato e o prato, vigoroso, pega bem no vinho, pelos componentes mineral e frutado. Na continuação, sucedem-se as descobertas e percebe-se a grande aptidão gastronómica deste. Mesmo quando há o chamado golpe de vinagre, consegue acompanhar bem.
Arroz de míscaros Dona Maria Petit Verdot Alentejo tinto 2015 | Júlio Bastos Classificação: 18 em 20 Preço: 18 euros O vinho está numa fase brilhante, limpo e elegante, muito bom exemplar da casta petit verdot, normalmente mais marcada por amargos e boca curta. As tonalidades terra que mostra em prova harmonizam bem com este arroz, conseguindo regenerar o palato em cada investida.
Arroz de miúdos Quinta da Carregosa Vinhas Velhas Douro tinto 2015 | Carregosa Classificação: 18 em 20 Preço: 22,50 euros A expressão mais nobre do Douro surge em vinhos como este, em que associada à força está uma elegância notável. Vinho sedutor, a acompanhar um dos arrozes da nossa tradição, normalmente produzido com caldos de aves. Ligação conseguida.
Arroz-doce Grainha Reserva Douro branco 2017 | Quinta Nova NS Carmo Classificação: 16,5 em 20 Preço: 14 euros É talvez inesperada a sugestão de um branco duriense para uma sobremesa simples e clássica. Certo é que este lote de viosinho, gouveio e rabigato consegue envolver bem o doce, destacando o arroz, o que faz descobrir até alguma complexidade numa solução quotidiana.

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Importa reter que se trata de uma gramínea muito importante para os portugueses e que há pratos da nossa tradição que há muito tempo o tomam como certo e fundamental. É preciso não nos esquecermos que, após mais de 2 mil anos de alimentação de base forte de grão-de-bico na Europa, foi o arroz que trouxe o ser humano em bom estado até aos tempos modernos. Cresce e desenvolve-se em campos alagados e depois de secagem e descasque está pronto a cozinhar a utilizar como acompanhamento de diversos pratos, quando não é ele próprio o protagonista.

Para nós, as duas grandes famílias de arroz são Oryza sativa indica e Oryza sativa japonica, os nomes indicam quase tudo. Tudo aponta para que foram os indianos que plantaram o arroz no Extremo Oriente – China, Coreia e Japão – e que depois migrou daí para o mundo. Por isso mantemos ainda hoje as duas famílias mencionadas, a primeira dá-nos os grãos agulha e basmati, a segunda o nosso carolino, por nós assim baptizado por se assemelhar ao arroz norte-americano originário da Carolina do Sul. É com esse que produzimos os pratos genuínos do sabor português, pela polpa que apresenta, conseguindo absolver caldos e infusões, contra o agulha, que se comporta nos cozinhados mais como textura do que como elemento de sabor.

Cozinhar português é cozinhar com arroz carolino. O mito de que empapa não tem qualquer fundamento, pois todo o arroz empapa, é uma questão de aprender a trabalhá-lo em termos de cozedura, os resultados são sempre mais satisfatórios. Fixamo-nos, por isso, apenas no carolino para este exercício de harmonização vínica.

Explorando a dualidade do arroz enquanto produto autónomo, enquanto acompanhamento, e enquanto prato composto integrador de arroz, criámos os grupos dos básicos e dos pratos. No primeiro colocámos à cabeça o esplêndido arroz de carqueja, produzido a partir de uma infusão mais ou menos forte da flor ou da planta da carqueja, que se oferece espontaneamente pelos campos fora, quando não à beira da estrada e produz um sabor exótico no arroz, talvez o mais flexível de todos. Pede vinhos elegantes mas robustos, tintos ou brancos.

Tínhamos de incluir o arroz de tomate, fundo de estrugido de cebola e azeite, hidratado com a polpa – a um tempo ácida e adocicada – do tomate maduro, e por isso gosta do corte de um vinho branco com acidez firme. Também temos os nossos arrozes florais e delicados, que podemos e devemos utilizar com peixe grelhado ou fumado. Neste caso, o vinho pode ser um pouco mais encorpado, manifestamente aromático mas com um grupo de amargos que permite entrar na proteína, ainda que apoiado no arroz. Completa o grupo dos básicos o fabuloso arroz de forno, muito utilizado no norte e que é feito de fundos diversos, normalmente um refogado simples e caldo de carnes, sendo terminado no forno em recipiente de barro. Travo exótico, é maravilhoso quando assessorado por um vinho tinto elegante de acidez não muito evidente. Surge normalmente ao lado de assados de carne ou pratos fortes como é o caso das tripas. No grupo dos pratos, temos os de marisco, pato, cabidela, míscaros, miúdos e o inefável arroz-doce, a sobremesa universal que só funciona com arroz carolino. Boas provas!

 

Percorra a fotogaleria acima para ficar a conhecer as sugestões do crítico Fernando Melo

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