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Crítica de vinhos: quatro garrafas de Lisboa

Percorra a fotogaleria para ver a apreciação e notas de prova do nosso crítico. .
Casa das Gaeiras Reserva DOC Óbidos branco 2015 | Parras Wines Classificação: 17 em 20 Preço: 14 euros Ambiente fresco e mineral, com toques florais. Na boca ligeiramente salino e a mostrar fruta de caroço, como ameixa branca e nêspera. Final macio e longo, perfil gastronómico acentuado, a pedir pratos de leguminosas ou grelhados na brasa.
Casa das Gaeiras Vinhas Velhas Reserva DOC Óbidos tinto 2015 | Parras Wines Classificação: 17,5 em 20 Preço: 14 euros Vinho tinto de recorte algo inesperado, por apresentar uma mineralidade acentuada e ao mesmo tempo fruta escura confitada. O resultado é um vinho fresco, assente numa boa estrutura e acidez bem trabalhada. Ideal para carne assada e cozido à portuguesa.
Ninfa da Teresa regional Tejo branco 2014 | João M. Barbosa Vinhos Classificação: 17,5 em 20 Preço: 16 euros Aroma inicial de frutos exóticos, este estreme de Maria Gomes é impressionante desde o primeiro instante até ao fim de boca. Na boca mostra-se salino, perfil atlântico e ao mesmo tempo tem uma acidez muito focada, denunciando bom trabalho de enologia. Belo vinho, com futuro.
Ninfa Platinum Espumante Brut Nature 2012 | João M. Barbosa Vinhos Classificação: 18,5 em 20 Preço: 45 euros Bolha muito fina, acidez notável a dar um perfil vibrante ao espumante em todos os momentos da prova. O final bem seco mas rico quase nos faz esquecer a natureza líquida do que temos no copo. Tudo etéreo neste grande espumante.

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A pequena cimeira que a Parras promoveu na Casa das Gaeiras em Óbidos sobre a casta Vital e dois vinhos muito especiais que João Teodósio Barbosa acaba de colocar no mercado demonstram com clareza que a produção de vinho ainda é por cá muito mais do que uma indústria.

Num ido feliz de Março juntou-se um grupo de luxo para discutir uma casta que é grata para quem oficia ou oficiou nos assuntos do vinho da região vitivinícola de Lisboa e praticamente desconhecida do grande público. Elenco de luxo, o do debate moderado por João Paulo Martins: João Melícias, António Ventura, Vera Moreira e Diogo Sepúlveda, enólogos de pergaminhos indiscutíveis; José Eduardo Eiras Dias, académico e investigador do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INAV) e co-autor do livro referencial “Atlas das Castas da Península Ibérica”; Frederico Falcão, presidente do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), ele próprio também enólogo; e Carlos João Pereira da Fonseca proprietário da Quinta das Cerejeiras e Quinta do Sanguinhal; e Vasco Avillez, presidente da comissão vitivinícola regional de Lisboa.

Cariz técnico de gabarito, está visto e confirmado, mas sobretudo disponibilidade para olhar em conjunto para um património que é cem por cento português e que vive ainda no peito de quem vive o vinho de forma visceral. Outrora casta copiosa na produção, a Vital era escolhida justamente por isso, mas o tempo foi esculpindo o monumento à complexidade e genuinidade que hoje é. Volta à baila com um belíssimo exemplar produzido por Vera Moreira, enóloga residente do grupo, supervisão de António Ventura. Alinhámos também o tinto vinhas velhas.

 

João Teodósio Barbosa transporta legado importante no código genético – Caves Dom Teodósio – e com a sua filha Teresa voltou há cerca de uma década às lides vínicas, no “seu” Tejo e no Alentejo. A marca Ninfa tem capitalizado pela diferença e exotismo, conseguindo bons expoentes no trabalho de castas estrangeiras – Pinot Noir e Sauvignon Blanc – e resultados notáveis com a Maria Gomes, ou Fernão Pires. Esta última, mal amada por à semelhança do que outrora aconteceu com a Vital ser hiperprodutiva e por isso mesmo pouco expressiva, é a favorita de João Barbosa.

O Ninfa da Teresa, publicado agora pela primeira vez, é um 100% Maria Gomes admirável, tanto pela inovação em termos de perfil de prova como pelo prazer que dá a beber. Se o Ninfa espumante “normal” – blanc de noirs 100% Pinot Noir – rapidamente conquistou o mercado, o Platinum representa um novo marco de qualidade nos espumantes nacionais. Este foi mesmo produto de pai e filha. É fundamental permanecer.

 

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