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Telma Perdigão: a alegria do Natal dos avós

Telma Perdigão, leitora da revista Evasões, conta que uma vez chegou a participar no presépio vivo de Moita dos Ferreiros. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

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Vinte pessoas eram quantas se juntavam na casa dos avós maternos de Telma, na vila de Areias, em Ferreira do Zêzere. “Quando eles eram vivos passávamos o Natal lá e juntávamos os tios – a minha mãe tem mais seis irmãos -, os primos e acabávamos por ser umas 20 pessoas. A casa era muito pequenina, só tinha quatro divisões, mas conseguimos dormir lá todos juntos”, conta Telma Perdigão no seu restaurante O Passarinho, na vila de Moita dos Ferreiros, concelho da Lourinhã.

“Era muito engraçado, e eu conto isto muitas vezes aos meus filhos [de sete, 17 e 24 anos], porque acho único jantarmos, acordarmos e tomar o pequeno-almoço juntos”, continua. A família punha em prática uma certa logística para se acomodar num espaço tão exíguo. “Os meus avós tinham uma lareira de chão e uma mesa redonda de quatro cadeiras. As crianças ficavam no chão, os homens na mesa e as mulheres nuns poiais [assento baixo em pedra ou madeira], porque não havia espaço”.

José Pedro e Telma Perdigão são donos do restaurante “O Passarinho”, na Moita dos Ferreiros, na Lourinhã. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

Não só pela distância entre a Lourinhã e Ferreira do Zêzere, mas também pelo espírito de união familiar e natalícia, ir à terra dos avós maternos significava ter umas mini-férias. “Normalmente ficávamos lá nessa semana. Tinha uma tia que ia com os sobrinhos apanhar o pinheiro, porque é uma zona de floresta, e apanhar o musgo para o presépio. A
decoração eram desenhos que recortávamos, era o que havia na altura”, recorda. No jantar da consoada sempre se comeu bacalhau com couves e batata. Nessa noite, as crianças deitavam-se antes das doze badaladas, descansadas com a promessa de que o Pai Natal iria lá a casa deixar os presentes debaixo da árvore. “Ouvíamos o som da água de uma ribeira que corria perto e no dia seguinte acordávamos com o cheiro a café e lenha queimada”, conta a cozinheira com 20 anos de experiência na logística de frutas e legumes no Mercado Abastecedor de Lisboa.

Depois de os avós maternos partirem, o Natal passou a ter lugar numa vivenda de familiares em Moita dos Ferreiros, de mesa farta e convívio entre “umas 35 pessoas”, até dia 26. O espírito passou de tal forma que hoje é a filha mais velha que “gosta de fazer as filhoses e os coscorões”. Este ano, Telma tem consciência de que “o Natal vai ser diferente por causa das distâncias. Tem de ser, enquanto não houver vacina e estabilidade”. Vão juntar-se no Zoom, e nem por isso será uma quadra com menos afetos.

 

“Maria” no presépio vivo com o filho nas palhinhas

Há 17 anos, durante a missa do galo, Telma participou num presépio vivo encenado nas
escadas da igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Moita dos Ferreiros. Interpretou o
papel de Maria, ao lado de José, com o filho João Pedro, nascido nesse ano, deitados nas
palhinhas. A citação da cena bíblica incluiu ainda a vaca, a ovelha e o burro, para
aquecerem a noite fria.

DESEJO DE NATAL
“Desejo que haja amor entre as famílias e que, acima de tudo, se respeitem as regras de
segurança para ver se conseguimos voltar à normalidade”.