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Percorrer Lisboa à procura de Almada Negreiros

Veja nesta fotogaleria edifícios e pontos históricos da cidade por onde o artista passou Na imagem: Ritz (Fotografia de Fernando Marques)
1. Parede e Tapeçaria no Hotel Ritz (1959) O Rosewood London, um dos hotéis mais luxuosos da capital inglesa, tem sido notícia nas revistas da especialidade porque criou um Art Afternoon Tea com uma série de coloridos bolos inspirado em artistas contemporâneos como Damien Hirst ou Banksy. O Ritz Four Seasons já tem desde final do ano passado um chá inspirado em Almada. Servido precisamente no lounge batizado com o seu nome. Não é fruto do acaso esta ligação ao artista, afinal aqui podem ser encontradas duas das suas obras: uma parede em mármore negro, com desenho inciso em folha de ouro (inspirado na mitologia grega) e um conjunto de tapeçarias artesanais com centauros encomendado em 1956. Foi nestas cores e nestes padrões que o chef pasteleiro Fabian Nguyen se inspirou para criar macarons, financiers e éclairs decorados com folha de ouro. Tudo por 37 euros acompanhado por uma flûte de champanhe Perrier-Jouët. E nem sequer é preciso pronunciar corretamente todos estes nomes para desfrutar do ambiente. Disponível de segunda à sexta entre as 15h30 e as 18h30.
1. Parede e Tapeçaria no Hotel Ritz (1959) O Rosewood London, um dos hotéis mais luxuosos da capital inglesa, tem sido notícia nas revistas da especialidade porque criou um Art Afternoon Tea com uma série de coloridos bolos inspirado em artistas contemporâneos como Damien Hirst ou Banksy. O Ritz Four Seasons já tem desde final do ano passado um chá inspirado em Almada. Servido precisamente no lounge batizado com o seu nome. Não é fruto do acaso esta ligação ao artista, afinal aqui podem ser encontradas duas das suas obras: uma parede em mármore negro, com desenho inciso em folha de ouro (inspirado na mitologia grega) e um conjunto de tapeçarias artesanais com centauros encomendado em 1956. Foi nestas cores e nestes padrões que o chef pasteleiro Fabian Nguyen se inspirou para criar macarons, financiers e éclairs decorados com folha de ouro. Tudo por 37 euros acompanhado por uma flûte de champanhe Perrier-Jouët. E nem sequer é preciso pronunciar corretamente todos estes nomes para desfrutar do ambiente. Disponível de segunda à sexta entre as 15h30 e as 18h30.
2. Vitral na Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima (1938) Sim, Almada também fez trabalhos para igrejas, neste caso os vitrais da entrada, das frestas laterais e do altar-mor. Uma encomenda feita pelo arquiteto Pardal Monteiro, com quem colaborou em inúmeras obras. Hoje é considerada uma obra normal, mas naquele tempo foi bem polémica. A primeira igreja a inscrever-se no movimento modernista e um choque para a ala mais católica. Curiosamente foi cardeal Cerejeira, patriarca da cidade, quem veio acalmar as hostes, afirmando que as grandes obras estavam sempre à frente do seu tempo. Não é preciso ser-se católico nem ir à missa nem para apreciar este trabalho.
3. Painéis das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos (1945-1948) Mais uma obra de Pardal Pinheiro, mais uma parceria de sucesso com Almada, que foi convidado a fazer um conjunto de gigantes pinturas murais no salão nobre das gares. Locais reservados a transatlânticos e navios de paquetes, onde o artista se inspirou numa estética mais cubista para conceber trabalhos dedicados à Nau Catrineta e ao universo marítimo. É, porventura, uma das suas mais impressionantes obras. A dimensão, a técnica, as cores, mas também a representação do povo em tempo de ditadura, através dos operários, pescadores ou das varinas. É possível ser visitada por marcação, junto da Administração do Porto de Lisboa.
4. Painel na antiga sede do Diário de Notícias (1939) Até há bem pouco tempo, quem ia à redação do Diário de Notícias, da Evasões e de todas as revistas e jornais do Global Media Group, no número 266 da Avenida da Liberdade, podia encontrar duas das suas mais emblemáticas obras. Um mapamundi de 54 metros quadrados, gravado na pedra, em que estão  representados os quatro elementos da terra (água, fogo, terra e ar) e os doze signos do zodíaco. Mas não só. Fez também um mapa de Portugal e o fresco Alegoria à Imprensa. A Global Media já não está no Marquês de Pombal, mas as obras ficaram no edifício.
4. Painel na antiga sede do Diário de Notícias (1939) Até há bem pouco tempo, quem ia à redação do Diário de Notícias, da Evasões e de todas as revistas e jornais do Global Media Group, no número 266 da Avenida da Liberdade, podia encontrar duas das suas mais emblemáticas obras. Um mapamundi de 54 metros quadrados, gravado na pedra, em que estão representados os quatro elementos da terra (água, fogo, terra e ar) e os doze signos do zodíaco. Mas não só. Fez também um mapa de Portugal e o fresco Alegoria à Imprensa. A Global Media já não está no Marquês de Pombal, mas as obras ficaram no edifício.
5. Painel ‘Começar’ / Fundação Calouste Gulbenkian (1969) Continuará ali depois da exposição acabar. Colocado logo à entrada da Gulbenkian é uma de súmula perfeita do muito daquilo que fez ao longo de várias décadas. Uma espécie de testamento. Podem-se ver vários desenhos, inúmeras composições geométricas, números, hipotenusas e raízes quadradas espalhadas pelo quadro, mas nada foi feito ao acaso. É um caos ordenado. «Ele desde muito novo que se interessou pela geometria como linguagem universal, linguagem que une. Aqui deram-lhe liberdade total», assegura Ana Vasconcelos. Uma obra de tal forma rica que um historiador de arte e um matemático têm passado os dias a desconstruir e decifrar este painel. (Fotografia de Fernando Marques)
6. Monumento na Ribeira das Naus Não é uma obra sua, mas sim um monumento feito em sua honra, por altura dos 120 anos do nascimento, em 2013. Uma homenagem da Câmara Municipal de Lisboa, a partir do desenho «Auto-Reminiscência». Fica na Ribeira das Naus, precisamente com vista para Almada.
7. A Brasileira Aquando da sua remodelação, entre 1924 e 1925, o artista fez dois painéis decorativos para A Brasileira: Banhistas e Auto-retrato num grupo, este que evocava precisamente as tertúlias do café. Os clientes não acharam grande graça, mas estas e outras obras acabaram por transformar o café na única «galeria» modernista da capital. Em 1971, as obras seriam substituídas por outras mais... atuais.
8. Teatro São Luiz No Teatro São Luiz (à data Teatro da República), no dia 14 de abril de 1917, Almada Negreiros protagonizou a conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, onde tentou dar um abanão na apatia lusitana. Mais do que uma conferência foi também uma performance. Um século depois, o Teatro São Luiz vai relembrar esta data, com eventos entre os dias 11 e 14 de abril.
9. Restaurante Martinho da Arcada O café-restaurante Martinho da Arcada, por norma associado a Fernando Pessoa, também era um dos poisos do artista. Encontravam-se ali várias vezes. Diz a casa que o último café de Pessoa foi tomado precisamente com Almada. Dois dias mais tarde, o poeta foi internado no hospital de São Luís dos Franceses, onde viria a morrer, aos 47 anos, no dia 30 de novembro de 1935. O mesmo quarto onde morreria Almada, em 1970.
10. Cidade Universitária (1957-1961) Vai-se ao pórtico de entrada da Faculdade de Letras e de Direito, na Cidade Universitária, e dá-se logo de caras com uma série de gravuras incisas da autoria de Almada. Trabalhos, mais uma vez, encomendados por Pardal Monteiro, que lhe pediu que gravasse na pedra alguns mestres do conhecimento. Entre eles estão Platão, Santo Agostinho, Camões, D. Dinis e Eça de Queirós. E Fernando Pessoa. Almada também deixou a sua marca no edifício da reitoria.
11. Mosaico no Bloco das Águas Livres (1956) O edifício é um dos mais marcantes do movimento moderno na arquitetura nacional (inspirado em Le Corbusier) e o artista nascido em São Tomé e Príncipe também deixou lá a sua assinatura, nomeadamente nas entradas principal e lateral, com dois murais em mosaico inspirados em jogos juvenis.

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Muito se tem dito e escrito sobre a exposição «José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno», e o público tem correspondido. Só no primeiro fim de semana houve mais de 4500 visitantes, sendo que algumas pessoas esperaram quase duas horas para entrar. Está tudo mais calmo, entretanto. Ainda assim, talvez seja prematuro dizer que Almada está na moda. Até porque se as modas são muitas vezes passageiras, a ver por esta retrospectiva a sua obra promete estar para durar.

Estão lá os famosos retratos de Fernando Pessoa e o Manifesto Anti-Dantas, naturalmente, mas o que mais surpreende é a diversidade e a riqueza da sua produção ao longo de seis décadas. Mais de quatrocentos trabalhos distribuídos por dois pisos organizados em oito núcleos temáticos. Pintura, desenho, cerâmica, vitrais, painéis, cinema, novelas gráficas, teatro e até dança, Almada namorou e trabalhou com todas as artes. O cartaz do filme A Canção de Lisboa? Sim, também lá está. Também é seu.

«José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno» está até 5 de junho na Gulbenkian

Um homem a quem a maioria dos portugueses parece saber de cor o nome todo, mas que poucos conhecem verdadeiramente a obra. «Ele está presente no nosso imaginário, mas cai-se muitas vezes no cliché. Fala-se quase sempre no mesmo. A sua colagem ao futurismo, os retrato do Pessoa, a célebre frase “A alegria é a coisa mais séria da vida”, e pouco mais. Almada é muito mais do que isso.» Palavras de Ana Vasconcelos, conservadora do Museu e uma das curadoras da exposição, juntamente com Mariana Pinto dos Santos, historiadora que mais tem estudado e divulgado a sua obra. «As pessoas estavam curiosas. A última grande retrospectiva que lhe tinha sido dedicada foi em 1993, por altura do seu centenário.»

Fazer uma visita acompanhada é um privilégio (há visitas guiadas, sob marcação), mas se há caraterística igualmente assinalável é a facilidade com que qualquer leigo pode desfrutar da sua obra, mesmo nem sempre sendo trabalhos fáceis, populares.

«Para ele a arte era espetáculo, comunicação para o público. Não era um ato fechado», revela Ana Vasconcelos.

Um autodidata que viveu um ano (e não gostou) em Paris, teve um relação pessoal e artística com Madrid (entre 1927 e 1932), e que fez de Lisboa um dos palcos do seu trabalho. Muitos deles encomendados pelo Estado Novo. Nunca foi, contudo, um artista do Regime. «Ele não era rico, precisava de aceitar encomendas, mas a sua independência era reconhecida por todos», assegura a curadora.

Muitos dos seus trabalhos foram contestados, outros destruídos, mas alguns continuam bem vivos na capital. Na exposição podem também ser vistos estudos efetuados para a realização dessas obras públicas – como é o caso dos painéis das gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, onde remete para a ligação da cidade e dos portugueses ao rio e ao mar. Estudos que são obras de arte por si só.

«Os meus olhos não são meus, são os olhos do nosso século», lê-se num dos núcleos da exposição. É quase impossível não ver a cidade e o mundo com outros olhos, depois de ver o mundo pelas cores dos olhos de Almada. Está patente até ao dia 5 de junho.

Miguel Castro e Silva também está no Museu

Seja durante ou depois da exposição, vale a pena passar pela cafetaria e esplanada do museu, até porque agora tem um novo conceito. E um novo chef, nada mais nada menos do que Miguel Castro e Silva. Ele que transformou e revolucionou um espaço, deixando de ser self-service. O menu do dia custa 12,50 euros.

 

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Morada
Rua Rodrigo da Fonseca, 88 (Parque Eduardo VII), Lisboa
Telefone
213811400
Custo
(€€€) Quarto superior a partir de 530 euros/noite; quarto premier a partir de 890 euros/noite (sem pequeno-almoço). Tratamentos de spa todos os dias, das 10h às 20h. Ritz Gentleman a 335 euros/225 minutos.

Website

GPS
Latitude : 38.72563019655147
Longitude : -9.155167649073746

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Morada
Avenida de Berna (Av. Novas), Lisboa
Telefone
217928300


GPS
Latitude : 38.7396752
Longitude : -9.150847500000054

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Morada
Avenida de Berna, 45 A (Praça de Espanha), Lisboa
Telefone
217823000
Horário
Das 10h00 às 18h00. Museu encerra à terça.

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GPS
Latitude : 38.73781289781675
Longitude : -9.153538392451537