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Os charutos dos Arcos e as mulheres que fazem doces há quase 200 anos

Doçaria Central, em Arcos de Valdevez. (Foto: Gonçalo Delgado/GI)

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Foi a tetravó de Clara Laranjeira quem criou a receita do delicado doce de ovos que constitui um dos mais famosos patrimónios lambareiros dos Arcos de Valdevez. Francisca Doceira, como era conhecida, abriu a Doçaria Central no mesmo lugar onde está agora – embora com o nome Casa Francisca Doceira -, em 1830.

O utensílio mais sofisticado que utilizava então, há mais de 90 anos, era uma batedeira que ainda está na cozinha da loja. Era manual, foi adaptada à eletricidade e continua no lugar onde Clara e uma tia continuam a fazer os charutos segundo a receita preservada e melhorada a cada geração – um segredo bem guardado. “Tem a particularidade de terem sido sempre mulheres a ficar com a doçaria”, assinala Clara.

A variedade de doces confecionado pela Doçaria Central. (Fotografias: Rui Manuel Fonseca/GI)

A tetravó de Clara Laranjeira criou a receita dos famosos charutos.

Na altura da tetravó Francisca, as meninas iam aprender costura ou culinária e calhou-lhe esta última opção, tendo estado num mosteiro em Vila Verde a aprender as artes da doçaria. Vem dessa base conventual a receita do charuto dos Arcos, com um leve recheio de ovos envolvido numa hóstia, diferente da de outros doces. É um pequeno doce que levanta voo na boca, com um açúcar tão certeiro que se conseguem comer vários seguidos.

A receita criada por Francisca foi trabalhada por todas as mulheres que viveram naquela casa e herdaram a Doçaria Central. “Todas inovaram, acrescentaram e fizeram algumas alterações à receita”, conta Clara. Na loja, em cuja sala de decoração “vintage” se pode lanchar ou tomar um chá, vendem-se outros doces de fabrico próprio, como o sortido de biscoitos, o pão de ló e ainda os rebuçados dos Arcos, conhecidos como “cala-maridos”.

O espaço fica situado na Rua General Norton de Matos. (Foto: Gonçalo Delgado/GI)

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