O receituário tradicional português é bem apurado, servido em doses generosas, numa casa onde se estima o saber-receber, e ainda sobram trocos de uma nota de dez euros. Não é nenhum segredo que esta é uma equação cada vez mais escassa pelas ruas da capital, mas, felizmente, ainda há quem a estime e lhe dê gás. Nos últimos anos, um dos casos fulgurantes é o Petisco Saloio, que abriu portas no Campo Pequeno há quatro anos, no mesmo espaço onde funcionou, durante quatro décadas, a tasca O Buraquinho.
E se o nome já não deixasse adivinhar, à frente da taberna está uma jovem dupla da zona saloia, Diogo Meneses e Carlos Pinheiro, de Torres Vedras e de Sintra. Durante o dia, a casa cheia, a qualquer dia da semana, deve-se ao menu acessível de almoço, que inclui couvert, uma bebida, prato principal, sobremesa e café por nove euros. Todos os dias, há três a quatro opções de prato que vão variando, como feijoada de raia, carne de porco à portuguesa, salada de lombinhos de porco, iscas com molho de cebolada e laranja, arroz malandrinho de galo, entrecosto, bacalhau à Brás e, claro, o bitoque da casa, que está sempre a sair. O remate é feito sem sair dos clássicos doces, como a consistente mousse de chocolate, serradura, baba de camelo ou salada de frutas, por exemplo.
O desejo de abrir um espaço próprio já era antigo, mas concretizou-se depois da experiência ganha por ambos em espaços como a Fortaleza do Guincho, onde se conheceram, e no Penha Longa Resort. No Campo Pequeno, deixam a alta cozinha de lado e focam-se numa visão mais tradicional. “Funcionamos muito bem como dupla. Aqui, servimos o tipo de comida que gostamos de comer e de fazer nas nossas casas”, explica Diogo, que se apaixonou pela cozinha desde cedo, a reboque da mãe, avós e tias, “todas cozinheiras fantásticas”. Já Carlos seguiu o apelo inspirado nos temperos da mãe.
A esplanada à sombra é a aliada-mor do Petisco Saloio para os dias quentes e no interior reina o ambiente taberneiro, com as madeiras a dominarem mesas e a forrarem o balcão, loiça antiga, os tachinhos e caçarolas que chegam à mesa com os pratos mais caldosos, colheres de pau nas paredes e os ramos de dentes de alho e ervas pendurados.
No restaurante que soma 28 lugares, as noites são dominadas pela carta de petiscos, onde cabem clássicos como pica-pau de novilho, ovos rotos com farinheira, salada de bacalhau com grão, polvo grelhado com enchidos, empadas de rabo de boi, choco frito em polme caseira ou camarão à Guilho, entre outros. O sucesso está à vista: comensais repetentes que voltam a ritmo diário ou semanal. “Já conhecemos os clientes pelos nomes, o balanço não podia ser melhor”, adianta Diogo.
O MENU
Menu de almoço a nove euros.
Inclui: couvert, bebida, prato principal, sobremesa e café.
Especialidades: iscas de porco com molho de cebolada e laranja, entrecosto, bitoque, bacalhau à Brás, feijoada de raia, arroz de galo, entre outros.
Longitude : -8.2245