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Coimbra: este restaurante fica dentro de uma olaria

Leite creme queimado com gelado de baunilha, serviço em louça feita na olaria. Fotografia: Maria João Gala / Global Imagens

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É um restaurante de características únicas, desde logo por estar no interior de uma olaria. O Refeitro abriu, há menos de dois anos, na Cerâmica Antiga de Coimbra, na Baixa da cidade. Lá dentro, tudo é uma surpresa: a arquitetura, as marcas da história e a habilidosa conjugação de dois mundos, separados por vidros. De um lado está a cerâmica, que labora de segunda a sexta; do outro, os pratos de cozinha tradicional portuguesa atualizados, servidos numa atmosfera elegante e intimista que não colide com o passado do lugar.

“Isto foi um bocado orgânico. Quando fizemos a reabilitação do espaço, achámos que fazia sentido dar-lhe alguma vivência e mostrá-lo ao público”, conta Eduardo Correia. O edifício, que já foi lagar de azeite, funciona como cerâmica desde 1824. Teve diferentes donos, diferentes nomes, mas mantém-se Cerâmica Antiga de Coimbra desde o tempo da sua avó paterna.

Já o restaurante chama-se Refeitro, abreviatura de “refeitório”, porque é o que se lê num prato antigo, que faria parte de uma encomenda para Tomar, e se encontra exposto no balcão. A casa aposta em receitas tradicionais, acrescentando-lhes um toque de chef. É comida típica, mas refrescada, feita com produtos mais suaves, a complementar com uma diversidade de vinhos, explica, por seu lado, Paulo Simões.

Minipolvo ao alho com puré de batata-doce.
Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens

Canja de bochecha de bacalhau e Rabaçal no forno com tomilho, nozes e mel da Lousã abrem caminho para pratos mais substanciais, como minipolvo ao alho com puré de batata-doce ou peito de pato, gratin de maçã, redução de Madeira e alecrim. E há novidades acabadas de chegar, caso do robalo fresco com ravioli de camarão e molho bisque, ou da trouxa de espargos e cogumelos frescos, uma das opções vegetarianas da carta, que não dispensa, claro, as sobremesas.

Alguns clientes fazem questão de entrar na olaria; outros ficam colados ao vidro, a ver as trabalhadoras fazer os acabamentos das peças. Por marcação, há workshops de cerâmica, que podem ser conjugados com um almoço ao redor dos antigos fornos.

Reabilitação multipremiada

A arquiteta Luísa Bebiano, irmã de Eduardo Correia, assinou o projeto de reabilitação do edifício da antiga cerâmica da família, a par com o Atelier do Corvo, de Carlos Antunes e Desirée Pedro. Esse trabalho já rendeu várias distinções: o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2017; o Prémio Municipal de Arquitetura Diogo de Castilho 2019; e o Prémio Nuno Teotónio Pereira 2019.

Além disso, o edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra, como um todo, conquistou o Prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva 2017, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela recuperação e valorização daquele património.

Louça própria

A louça utilitária da pequena unidade fabril, que continua a produzir com base em moldes antigos, também é usada no Refeitro. Exemplo acabado da ligação entre olaria e restaurante.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.