Uma balança, uma máquina registadora e outra de café, uma prensa e um “arrolhador comprado na Real Vinícola por 500 escudos” são alguns dos elementos que não só decoram o interior d’A Ramadinha, numa zona residencial no lugar de Gervide, Oliveira do Douro, como mantêm viva a memória daquele lugar, a funcionar desde 1964. “Isto era a casa dos meus avós, com mercearia à frente, terreno atrás, onde havia pomares, vinhas, e o meu avô criava touros”, revela Bruno Carvalho, neto e atual responsável pelo negócio.
Aos petiscos que a avó de Bruno começou a fazer na mercearia – da qual saía uma ramada que veio a dar nome ao espaço -, juntaram-se, mais tarde, os frangos de andar à volta, que são hoje imagem de marca do restaurante. “O meu avô viu uma máquina manual [de assar frangos] em Lisboa e decidiu comprar. Sentado, assava-os rodando manualmente três de cada vez”, conta Bruno. Mas pouco tempo depois a engrenagem já rodava sozinha. “O meu pai [Pedro Carvalho] era soldador na Salvador Caetano, e quando viu a máquina disse que conseguia fazer uma automática”. E assim foi. Em 74 começou a funcionar a primeira máquina de sistema elétrico, e posteriormente, Pedro ainda fez mais duas.
Mas o segredo para um frango suculento e saboroso não recai apenas na máquina onde assa. Está na qualidade da proteína, que ali chega vinda de Sever do Vouga, nas voltas que dá por minuto – “com poucas o frango queima, mas com muitas também não assa” -, e na marinada de sal, pimenta e alho em que é mergulhado durante cerca de 12 horas antes de ir a rodar. O processo é levado tão a sério que há um funcionário “só a lavar e a temperar os frangos que chegam”. Curiosamente, quando o frango chega à mesa quase não o vemos. É servido numa travessa, tapado por batatas aos palitos, para adquirem o sabor da carne, já que não levam nem pitada de sal. O resultado é um sucesso e permitiu que a casa nunca fechasse durante a pandemia, graças às vendas por takeaway.
Contudo, ali também se vai pela comida caseira e acessível que se confeciona ao almoço. O valor de 5,95 euros dá direito a uma sopa e a um prato – de carne ou de peixe -, com opções que variam todos os dias, como pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, panados com arroz de tomate ou receitas mais tradicionais “que por vezes não justifica fazer em casa para poucas pessoas”, como rancho, cozido à portuguesa, rojões ou tripas, ao sábado e ao domingo. À carta sai especialmente bem o bacalhau assado na brasa, sempre da Islândia, de lascas tenras e sal no ponto, acompanhado por batatas cozidas ou a murro, mas também o bife da vazia com cebolada e bacon, e as costelinhas grelhadas. Nas sobremesas também não se inventa, preferindo-se apostar no tradicional. Nunca falha presença a mousse de chocolate e o pudim francês, mas sugere-se o delicioso leite-creme, queimado na hora com um ferro aquecido na brasa.
Estacionamento
É um dos pontos fortes do restaurante, que ao lado e nas traseiras da moradia onde está inserido, apresenta vários lugares para deixar o carro.
Menu do dia: 5,95 euros
Inclui sopa e prato (bebidas à parte);Meio frango com acompanhamento: 7,10 euros
Especialidades: frango assado, bacalhau assado e comida tradicional portuguesa
Sobremesas: leite-creme, mousse de chocolate e pudim francês
Longitude : -8.2245