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Arte urbana de norte a sul: pintámos-lhe um roteiro

Veja mais imagens de arte urbana nas cidades portuguesas nesta fotogaleria. (Fotografia: Artur Machado/GI)
BRAGANÇA As caras da cidade Transformar a cidade numa referência nacional na reabilitação através da arte urbana e estimular a participação e criatividade dos artistas nacionais são dois dos eixos do Sm'arte - Festival de Street Art, que acontece em Bragança. O evento, que contou já com duas edições, reuniu nomes como Draw, Bruno Santinho, Daniel Eime, Leon Keer, Lucky Hell, Contra, Glam, Mar, The Caver, Célio Pires e Duarte Saraiva, bem como alunos do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia e da Escola Superior de Educação de Bragança, e utentes de diversas IPSS de Bragança, que salpicaram a cidade com coloridas figuras humanas e animais. (Fotografia: David Vaz/DR)
BRAGANÇA (cont.) Edifícios e muros do Bairro Social da Mãe d´Água, a ponte pedonal do Forte S. João de Deus, o Centro Ciência Viva e o pombal sito na encosta do Castelo são alguns dos lugares onde se podem apreciar as obras.Bordalo II tem também três obras em Bragança. (Fotografia: Câmara Municipal de Bragança)
COVILHÃ A arte pode mesmo mudar uma cidade Os habitantes dos grandes centros estão há muito acostumados a que as paredes devolutas se transformem em obras de arte, mas a realidade é outra quando se trata de uma cidade de província. Pelo menos até 2011, ano em que o Wool – Festival de Arte Urbana da Covilhã levou até à Beira Interior alguns dos melhores artistas portugueses e internacionais, mudando por completo a face da cidade. Sobretudo na até aí envelhecida zona histórica – na parte alta, já a caminho da Serra da Estrela. Um conjunto de trabalhos que surpreende não só pela quantidade (cerca de 25), mas também pela qualidade e dimensão. Um desses casos é Btoy, natural de Barcelona, criou um pastor em formato XL. (Fotografia: Sara Matos/GI)
COVILHÃ (cont.) As referências à pastorícia e lanifícios não surgem por acaso, afinal este foi durante muitos anos o ganha-pão da terra. O próprio nome do festival remete para essa realidade – se wall significa parede, wool quer dizer lã – sendo por isso natural que a população não tenha oferecido grande resistência. Depois da edição de 2011 houve nova edição em 2014, um evento mais pequeno em 2015, devido a falta de apoios, e tudo indica que regresse em junho de 2018. A alma artística, essa, veio para ficar. (Fotografia: Sara Matos/GI)
ÁGUEDA Guarda-chuvas para todos os gostos Os coloridos guarda-chuvas abertos e suspensos que enchem as ruas da baixa de Águeda durante três meses do ano, do início de junho até final de setembro, tornaram-se uma instalação artística conhecida no país e falada no mundo. São parte de um roteiro e mapa de arte urbana que tem também pinturas e andorinhas em paredes e edifícios públicos, além de bancos de jardins e escadarias pintadas com cores apelativas. (Fotografia: Fernando Fontes/GI)
ÁGUEDA (cont.) A arte urbana é um braço do AgitÁgueda, festival com vários eventos que acontece em julho, e é uma forma de causar impacto aos visitantes e dar a conhecer espaços da cidade. Bordalo II deixou a sua marca com a ave Pisco no edifício do Instituto do Vinho e da Vinha. O poeta Manuel Alegre, natural da cidade, tem o seu rosto pintado à entrada da biblioteca municipal batizada com o seu nome. (Fotografia: Fernando Fontes / GI)
ESTARREJA Novo festival de arte traz dinamismo Um pouco mais a norte, em Estarreja, também tem um circuito de arte urbana com mais de 20 obras espalhadas e que podem ser visitadas de forma livre e gratuita. Em setembro do ano passado, as ruas transformaram-se num museu na primeira edição do ESTAU - Estarreja Arte Urbana com murais e instalações de artistas nacionais e internacionais. (Fotografia: Maria João Gala/GI)
ESTARREJA (cont.) Este ano, o festival voltou para consolidar a vontade de colocar esta arte a interagir com a cidade, as pessoas, o património e a natureza. O Guarda-Rios de Bordalo II, D. Florinda de Vhils e Sideral de Hazul são alguns exemplos deste roteiro que tem mapa a acompanhar. Mas há mais peças feitas por artistas do Brasil, da Austrália, de Marrocos, entre outros países. (Fotografia: Maria João Gala/GI)
MATOSINHOS O mar nas paredes Já desde 2014 que nesta cidade, mais precisamente em Leça do Balio, se podia visitar o maior mural português, em frente ao centro da Lionesa, antiga fábrica de sedas que agora alberga um centro empresarial, várias lojas e restaurantes. A iniciativa foi da própria Lionesa e da Unicer, duas importantes empresas cidade, em parceria com a autarquia. Caos, Distopia, Draw, Mar, Mário Belém, Mr Dheo, Nomen, Ram, Third e Utopia ocuparam os 1400 metros quadrados do muro com muitas referências à história da cidade, aos seus habitantes e à sua cultura. Algumas das imagens mais marcantes remetem para a pesca, atividade icónica de Matosinhos. (Fotografia: Lisa Soares/GI)
MATOSINHOS (cont.) A Lionesa voltou a estar envolvida na promoção da arte do graffiti com projeto Up There, no âmbito do programa municipal Matosinhos Capital da Cultura do Eixo Atlântico, e que teve como curador Mr. Dheo. O ano passado inauguraram assim mais seis trabalhos, dois deles nos bairros sociais Carcavelos e Biquinha, obras do francês Katre e do ARM Collective. A rota de arte urbana fica ainda mais completa com obras concebidas para a Galeria P55, para a Escola Secundária Augusto Gomes e para a Escola do Estádio do Mar. (Fotografia: Sara Lopes /GI)
PORTO A Invicta tornou-se numa galeria Foi em abril de 2014, após muita tinta apagada das paredes do Porto, que nasceu o seu primeiro mural legal, de grandes dimensões. A ilustração que retrata três personagens de Dom Quixote de La Mancha, foi assinada pelos artistas Mots, Mesk e Fedor, e a iniciativa partiu de uma parceria entre o projeto RU+A e a Circus Network, uma agência focada em divulgar a cultura nacional. Aconteceu também nesse ano o evento Street Art Axa Porto, com artistas urbanos portugueses e estrangeiros convidados a intervencionar as paredes do edifício AXA, na Avenida dos Aliados, e pouco depois arrancou o festival Push Porto, dedicado à ilustração e arte urbana, pela mão da Circus Network. (Fotografia: Rui Oliveira / Global Imagens )
PORTO (cont.) Em 2014, a câmara convida Hazul Luzah e Mr. Dheo para dar cor às paredes do parque de estacionamento da Trindade. O resultado são duas enormes obras. A de Hazul retrata a figura feminina e a de Mr. Dheo homenageia o pai e a cidade. Paralelamente é também aberta uma convocatória para os artistas pintarem as caixas de eletricidade da EDP - iniciativa que já correu várias ruas, estando agora a acontecer na zona do Bolhão. Seguiu-se o Locomotiva, um projeto da Porto Lazer que dinamizou a zona da estação de São Bento com música, exposições e uma galeria, e que também trouxe obras a céu aberta. No ano passado, o muro que sustenta os jardins do Palácio de Cristal passou a chamar-se Mural Coletivo da Restauração e a cada ano é ali executada uma obra, escolhida em concurso. (Fotografia: Leonel de Castro/GI)
LISBOA Estrela europeia de street art Lisboa é hoje apontada como uma das mais relevantes capitais europeias no âmbito da produção plástica em graffiti e street art graças a Bordalo II, Vhils, Nuno Saraiva, Sérgio Odeith, Shepard Fairey, Styler, António Alves, Binau e Utopia63, entre muitos outros. Se hoje Lisboa é um ponto incontornável na rota europeia e internacional da arte urbana, muito deve certamente à câmara municipal, que em 2008 criou a Galeria de Arte Urbana (GAU) - confirmando «publicamente o graffiti e a street art como uma sub-cultura artística globalmente presente nas metrópoles mundiais». (Fotografia: Álvaro Isidoro/GI)
LISBOA (cont.) O site da GAU tem um mapa interativo com coordenadas de todos os pontos de interesse e uma lista de percursos para caminhar a pé (entre uma ou duas horas) por algumas das obras deixadas por vários projetos. Um deles foi o Muro, que em 2016 desafiou mais de 30 artistas a dar nova vida às paredes do bairro Padre Cruz, o maior bairro social da Europa, na freguesia de Carnide. Quem não dispensa o telemóvel para fotografar pode instalar também a aplicação gratuita Lisbon Street Art que reúne mais de 160 locais de interesse, dentro e fora de Lisboa. (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)
SETÚBAL Arte do rio à serra Quem visitar Setúbal por estes dias pode esquecer a imagem que tinha de casas abandonadas, paredes cinzentas e graffitis pintados sem qualquer respeito pelo espaço público. A cidade está mais limpa e aprazível desde que em 2011 a autarquia encetou o programa Setúbal Mais Bonita, convocando milhares de munícipes para repararem e embelezarem centenas de espaços públicos. O resultado está à vista: basta percorrer a Avenida Luísa Todi e as ruas da Baixa a pé para ver os desenhos criados por writers setubalenses em dezenas de caixas de eletricidade da EDP, resultado de um dos primeiros concursos lançados para «promover o ordenamento do graffiti no espaço concelhio». (Fotografia: Mário Prata/GI)
SETÚBAL (cont.) A arte urbana tenho ganhado asas por toda a cidade - como o pássaro gigante pintado pelo brasileiro 2-Hands numa das empenas da tasca Adega dos Passarinhos, na Baixa; ou os peixes voadores de GonçaloMAR que surgem nos antigos estaleiros navais, junto ao rio - e atingiu um expoente máximo com o festival Cara ou Coroa em abril deste ano. Dez artistas nacionais e internacionais pintaram oito empenas de prédios e puseram a Alameda das Palmeiras, no bairro social da Bela Vista, nas bocas do mundo pelas melhores razões. Mostrando como a street art há muito deixou de ser marginal, na margem de uma das mais belas baías do mundo. (Mário Prata/GI)
VISEU Uvas e um lince metálico Este ano, na terceira edição do Festival de Street Art de Viseu, ficou claro que a cidade começou a levar o assunto bem mais a sério. Desde 2015 que o centro histórico celebra a arte urbana no âmbito do festival de enoturismo Tons da Primavera, não sendo por acaso que muitos dos murais que irrompem nas esquinas e paredes evocam o vinho e as uvas do Dão. Mariana a Miserável, AKA Corleone, Marco Mendes, Martinho Costa, Basik, Daniel Eime, Kruella D´Enfer, Mesk e Frederico Draw são alguns dos donos dos pincéis que deixaram a sua marca pela cidade. (Fotografia: Maria Jo‹ão Gala/GI)
VISEU (cont.) Com curadoria artística de Draw, o festival de maio passado levou a arte urbana até quintas vinhateiras e escolas (onde se fizeram até algumas oficinas), com os artistas a pintarem alguns murais temáticos, entre elas um alusivo a Almeida Moreira, o fundador do Museu Grão Vasco, colecionador e mecenas de artes, mas também aos azulejos viseenses e ainda à cidade/jardim. (Fotografia: Maria Jo‹ão Gala/GI)
PONTA DELGADA A outra maré açoriana Há peixes grandes e gigantes, flores, histórias e rostos nas paredes, a saltar-nos à vista nos muros e nas fachadas de Ponta Delgada que, desde 2011, é uma espécie de Meca da arte e intervenção urbana, no âmbito do festival Walk&Talk, promovido pela associação local Anda&Fala. No ano passado, esta energia criativa foi alargada à Terceira. Ao todo, entre esta ilha e a de São Miguel há cerca de 100 obras para ver, a maior parte delas na capital micaelense. Alguns murais irrompem em lugares inesperados, como em ruelas pedonais que ganharam uma energia única, adivinhando-se que, antes da intervenção, seriam lugares descaraterizados e agora são desafios à imaginação onde é irresistível parar, fotografar, olhar. (Fotografia: Pedro Granadeiro/GI)

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O artista português Bordalo II, conhecido pelas suas impactantes imagens de animais feitos com desperdícios industriais em várias cidades do mundo, inaugurou este sábado a sua primeira exposição a solo, no Beato, em Lisboa. Até dia 26, vai ser possível conhecer trinta obras inéditas de arte urbana deste artista e percorrer a exibição em visitas guiadas pelo próprio.

A pretexto desta estreia de Bordalo II, sugerimos uma viagem pelas cidades portuguesas onde a arte urbana passou de marginal a consagrada, tem crescido e amadurecido, criando em cada uma delas os seus caminhos próprios, frequentemente ligados à cultura e património locais.

De Bragança aos Açores, não faltam motivos para planear grandes e pequenos passeios, e encontrar em algumas delas obras de Bordalo II.

 

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