No terreno, as ruas tortas do centro histórico parecem um labirinto, um emaranhado de pedra. Mas é tudo uma questão de perspetiva: olha-se para o mapa e os caminhos, afinal, ora convergem para um mesmo ponto, ora se estendem em torno dele. Pode-se, à vista desarmada, precipitar a conclusão de que esse terá sido o quilómetro zero, o marco a partir do qual Viseu se desenvolveu, encosta abaixo. Não só por estar na cota mais elevada da malha urbana, característica fundamental para a defesa de um povoado, como é lá que se encontra o seu monumento mais emblemático e aquele que logo se distingue à distância no perfil urbano da cidade – a Sé que dá nome ao largo.
O adro, por definição de dicionário, é o terreiro em torno de uma igreja, mas este estende-se para além dos 2500 metros quadrados do pátio pavimentado a granito entre a catedral e respetivo Passeio dos Cónegos, o Museu Nacional Grão Vasco e a igreja da Misericórdia. Transborda para a Rua do Adro e para o vizinho Largo da Misericórdia, e o conjunto percebe-se como um todo, como uma grande praça. Ou uma grande sala de visitas, onde está patente o trabalho de três das figuras mais proeminentes da cidade: Grão Vasco, o grande pintor do renascimento português, o bispo visionário D. Manuel da Silva, seu patrono, e Almeida Moreira, fundador e primeiro diretor de um grande museu – o primeiro museu nacional fora do eixo Lisboa-Coimbra-Porto. Aqui se começa a visitar Viseu.
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