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Villa Pedra: Dormir numa aldeia recuperada

Veja nesta fotogaleria mais imagens do Villa Pedra e sugestões de onde comer, por perto
As habitações são, na maioria, T0, isoladas uma das outras
As casas foram recuperadas segundo a arquitetura tradicional
No turismo rural ainda é possível ver alguns dos traços da antiga Aldeia de Cima, cujo último habitante morreu há 80 anos
Cada casa está equipada com quarto, sala, cozinha, horta e jardim privativos
Mesmo junto às habitações está um parque com uma capoeira, onde os cisnes pretos e patos de Java convivem com galinhas galegas e papagaios australianos
No restaurante Manjar do Marquês servem-se pastéis de bacalhau, filetes, panados, pataniscas e rissóis, bem como o famoso arroz de tomate, que se vê passar num tacho de barro a toda a hora
O Manjar do Marquês fica na EN1, em direção a Coimbra
Na Pastelaria Filinata, nada como provar os pastéis de nata

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Tranquilidade e uma paisagem de vales e colinas. Umas ru­ínas no meio da serra de Si­có, o sítio ideal para recupe­rar da agitação de Lisboa. As­sim pensou Manuel Casal, que aplicou a sua formação em História e Arqueologia – à qual se juntaram os conhecimentos de arqui­tetura e artes plásticas de Vítor Mineiro, seu sócio – para fazer nascer, uma por uma, tre­ze casas da Villa Pedra, um turismo ecológi­co que significa, na prática, a reconstrução da Aldeia de Cima, cujo último habitante morreu há oitenta anos.

Era um homem abastado, que viveu naque­la que se tornou a Casa do Loureiro. Manuel Ca­sal conheceu o sítio através da irmã deste, uma médica «casada com um japonês todo zen», faz questão de sublinhar, para melhor se visuali­zar a serenidade e a tranquilidade que abraçam aquelas montanhas e pedrarias.

A Villa Pedra fica no concelho de Soure, a meio caminho entre Porto e Lisboa, e é uma das zonas de calcário mais importantes do país – o maciço de Condeixa-Sicó-Alvaiázere-Tomar, que abrange os distritos de Coimbra, Leiria e Santarém. E foi via de passagem no caminho romano que ligava Emerita Augus­ta (Mérida) a Bracara Augusta (Braga), a me­nos de 20 quilómetros de Conímbriga e a seis de Santiago da Guarda, junto à vila romana do Rabaçal. Daí o nome, Villa Pedra.

«Apaixonei-me pela zona. No fundo, que­ria uma casa, um T0 ou um T1, para passar os fins de semana, alguns dias. O meu sócio é que disse: “Porque não compras as ruínas do lado, não vá alguém construir aqui uma casa que na­da tem que ver com o local?”», lembra Manuel Casal.

Aceite o conselho, as duas casas foram recuperadas segundo a arquitetura tradicio­nal, com recurso aos materiais da região.

 

Por exemplo, com telhas iguais às originais (des­cobertas numa fábrica que as produziu para obras de Siza Vieira) e com técnicas de cons­trução antigas, nomeadamente o uso, nas pa­redes, de pedra calcária coberta de uma mas­sa feita com areia do rio, azeite e gordura ani­mal que funcionam como isolante, um pouco de cal hidráulica, e que lhe dá o tom ocre, sem químicos ou pintura.

«É um estuque natural, poroso e que deixa a humidade sair, o que faz que estas casas se­jam quentes no inverno e frias no verão», ex­plica Manuel. A reconstrução foi feita por mes­tres e artesãos locais, com a participação de um arquiteto e artista plástico e um historia­dor, com especialização em Arqueologia, mais tarde também de Turismo, como é a de Manuel Casal. Há um terceiro sócio, Eckhard Franck, coproprietário da empresa Stivali.

Vítor Mineiro é o diretor residente, o res­ponsável pela decoração eclética, uma mis­tura de antiguidades portuguesas, móveis e objetos comprados localmente, a antiquários e lojas solidárias, com peças e tapetes árabes, um gosto particular alimentado pelas viagens e que não destoa: afinal os mouros também ali viveram. Há outras influência: a sala de jantar abre-se para um terraço em estilo oriental.

Faltam ainda seis ou sete casas para concluir o projeto destas natural houses, que se estende por três hectares de floresta mediterrânica. São habitações, na maioria T0, isoladas umas das outras, com sala, cozinha, horta e jardim pri­vativos e zona de estar e piscina comuns, vol­tadas para a natureza e que têm nomes de flo­res ou frutos, dependendo da árvore ou plan­ta que está no quintal.

Terminam num parque com uma capoeira onde os cisnes pretos e patos de Java convivem com galinhas galegas e papa­gaios australianos. O conjunto ostenta o galar­dão The Best Self Catering Retreat, atribuído pelo portal I Escape, e o tinto reserva que pro­duzem recebe medalhas desde 2012.

Acrescenta-se a esta unidade turística um pormenor valioso: não é preciso «madrugar» para tomar o pequeno-almoço. Os alimentos são deixados na cozinha, entre eles o tradicio­nal queijo Rabaçal, e o pão é colocado à por­ta às 08h30. E a quem quiser preparar as re­feições, arranjam-se umas couves, alfaces ou favas, ervas aromáticas, conforme a época do ano, além dos alimentos que os habitantes cul­tivam e produzem.

Com doze casas dedicadas ao turismo, o grupo tem sete funcionários, entre eles Marta Gomes, 31 anos, uma assistente social de Lis­boa que se revelou excelente cozinheira. «Era para trabalhar na minha área em Fátima. Esse emprego não aconteceu e acabei por vir à en­trevista. Como falo línguas, pensei: “porque não?”» Calhou dizer que gostava de cozinhar e logo a meteram a confecionar pratos, com pro­dutos locais e que têm granjeado admiradores. Sim, porque não?

 

Sugestões Evasões

Ficar

Villa Pedra Natural Houses
Rua do Rechio e Seladas, Cotas, Pombalinho
Tel.: 910731194
Web: villapedra.com
Casa T0 a partir de 125 euros por noite (inclui pequeno-almoço)

Comprar

Villa Pedra tem produção própria de mel, compotas e azeite aromatizado, seja com louro e alho, alecrim, malagueta e alho, orégãos. Algumas das ervas que dão gosto à aguardente caseira, a que se junta a de Santa Maria (de tomilho), também responsável pelo êxito do queijo Rabaçal. E, claro, o vinho: tinto, branco, espumante e rosé. O tinto reserva acumula distinções em Portugal e na Bélgica desde 2012.

Comer

Manjar do Marquês
Fica na EN1 em direção a Coimbra este restaurante que serve pastéis de bacalhau, filetes, panados, rissóis, pataniscas e carapaus ou petinga de escabeche. E, claro, o arroz de tomate, que se vê passar num tacho de barro a toda a hora.
EN1/IC2 (Pombal)
Tel.: 236200960
Das 09h00 às 23h30; fim de semana, a partir das 08h00. Encerra à quarta.
Preço médio: 25 euros

Pastelaria Filinata
Largo do Candal, 13, Pombal
Tel.: 236211559
Das 08h00 às 23h30; domingo, das 10h00 às 23h00. Não encerra