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Roteiro para descobrir os segredos de Odivelas

Restaurantes 1. Ribs & Company Abriu há cerca de um ano e até já entrou num anúncio protagonizado por David Beckham, durante a Copa Amé­rica. Porquê? Porque é um barbecue tipica­mente americano. De corpo (decoração) e alma (comida). «Há quem tenha alguns pra­tos na carta, mas bar americano puro penso que somos o único em Portugal.» Palavras de Nélson Bernardo, que já teve um espaço se­melhante em Manchester e que agora, junta­mente com o sócio, Vítor Mata, arriscou tra­zer um pouco da América até nós.
Restaurantes 1.Ribs & Company A apresen­tação é cuidada e as doses fartas; a madeira das mesas e das paredes vem dos Estados Unidos; a «maquinaria» para fumar as car­nes também. Sim, porque têm fumeiro próprio. Asas de frango fumado, peito de novilho fumado, tiras de entrecosto fumado, tiras de peito de frango panadas servidas com molho de queijo azul ou os incontornáveis hambúrgueres são algumas das especialidades. Sempre acompanhados por salada coleslaw. A carne, essa, é 100 por cento nacional. Têm, como não poderia deixar de ser, um burger challenge, onde os clientes são convidados a comer 1,5 kg de carne (fora o resto) em 35 minutos. Quem conseguir não paga. Ainda ninguém conseguiu. Rua Pulido Valente, 5, Loja 3. Urbanização Colinas do Cruzeiro. Tel.: 219338392. Web: ribsandcompany.com. Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00. Encerra à segunda. Preço médio: 15 euros
Restaurantes 2.Tutto Combinato O restaurante italiano ganhou fama não só pela comida mas também pelo facto de não ter menu. Ou vice-versa. A con­fiança é o prato do dia. «As pizas à minha ma­neira, modo mio, são as que lhe dizem mais de mim e do meu estilo de cozinha. Receitas simples e saborosas com ingredientes que eu adoro utilizar no dia-a-dia», pode ler-se num quadro em xisto. Ou ainda, «As pastas frescas e as lasanhas são receitas muito ita­lianas respeitadoras das suas origens com estilo simples e ingredientes frescos e ricos em sabor». Palavras escritas por Rolando, o senhor do menu, ele que estudou na Escola Agrícola D. Dinis, ali ao lado, mas que um dia decidiu mudar de rumo e abrir um restau­rante. Já lá vão dez anos.
Restaurantes 2.Tutto Combinato A decoração tam­bém marca pontos. Um espaço pequeno, mas onde cabe um piano, uma bicicleta pastelei­ra, uma máquina registadora do tempo da bi­savó, um acordeão, um violino e até um qua­dro do Menino da Lágrima. Muitos dos obje­tos são oferecidos pelos clientes - como dois serviços de mesa da Cavalinho acabados de chegar. Ao fim de semana convém reservar. Praça da República, 14 A, Urbanização Jardim da Amoreira. Tel.: 933225051. Das 12h00 às 15h00 e das 18h00 às 23h00. Encerra ao domingo. Preço médio: 15 euros
Restaurantes 3.Tacho da Memória A decoração é contemporânea, o emprata­mento também (embora sem exageros), mas os sabores são tradicionais. Uma referência na cidade há cerca de dez anos. A prova, se preciso fosse, de que é possível ter um res­taurante de qualidade no tantas vezes mal-amado e mal-afamado subúrbio. Também aqui há muito quem venha almoçar ou jan­tar de propósito desde Lisboa. Afinal, e sem trânsito, são meia dúzia de minutos de cami­nho.
Restaurantes 3.Tacho da Memória A oferta é extensa e variada e muitos dos pratos são mesmo servidos no tacho. Como por exemplo o arroz de lingueirão. Conve­nhamos que quando se pensa em Odivelas dificilmente se pensa em lingueirão. Ou em bochechas de tamboril com migas de grelo e alho. Ou num lombo de veado. Uma casa que também tem trabalhado o produto-bandei­ra da terra, a marmelada branca.
Restaurantes 3.Tacho da Memória Trouxa de queijo de cabra, nozes e marmelada bran­ca em massa filo, lombo de bacalhau confi­tado com marmelada branca ou tartelete de maçã verde com marmelada branca são al­gumas combinações possíveis. E que bem combinam. Rua Francisco Relvas Marques, 2 Tel.: 219331354 Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h30. Sexta e sábado, até às 23h00. Encerra no domingo à noite. Preço médio: 15 euros
A marmelada branca de Odivelas Diz-se que, em dias de festa, as freiras bernardas ofere­ciam um cubo de marmelada aos convida­dos do mosteiro de Odivelas. Já a marmelada que se des­tinava à venda era embalada numa caixa de cartão, com um poema lá dentro. O segredo da cor reside no facto de ser feita com mar­melos ainda verdes, descascados e postos em água fria, para não escurecer. A maior parte das receitas foi salva e perpetuada pela última das freiras, falecida em 1909, que apontou tu­do num milagroso caderno de apontamentos. Em 1999 chegou mesmo a ser publicado O Li­vro de Receitas da Última Freira de Odivelas. Quem quiser pode tentar replicar em casa: «Vão-se descascando os marmelos e dei­tando-os em água fria. Cozem-se muito bem em lume forte e depois passam-se por uma peneira. Para 480 gramas de massa obtida, juntar 960 gramas de açúcar em ponto alto, de forma a que deitando uma pinga na água coalhe; de seguida tira-se o tacho do lume e deita-se-lhe a massa muito bem desfeita com a colher; regressa ao lume até fazer bo­lhas, tira-se para fora e deixa-se arrefecer para depois pôr em taças a secar.»
Pastelarias 4. Pastelaria Faruque Situada a dois passos do mosteiro, a Pastelaria Faruque tem mesmo um marmeleiro à entrada. Uma casa com fa­brico próprio desde 1976 e que tem no senhor José António uma espécie de santo padroei­ro (no mínimo, um embaixador) da marme­lada branca, produto que trabalha há várias décadas.
Pastelarias 4. Pastelaria Faruque Dos tradicionais cubos (vai bem com o café ou com o chá), ou em tigelas pintadas à mão pelo próprio e com direito ao tradicional poema, há marmelada branca durante quase todo o ano. Mas falar na pastelaria Faruque é também falar nos seus croissants recheados com doce de ovos (q.b.) que leva muita gen­te, internet incluída, a classificá-los como os melhores de Odivelas, Lisboa, do mundo e ar­redores. Rua Guilherme Gomes Fernandes, 87A Tel.: 219311574 Das 08h00 às 21h00. Encerra à segunda.
Pastelarias 5. Pastelaria Viriato Na Viriato a oferta é igualmente ex­tensa e a qualidade garantida. Uma das cria­ções da casa são precisamente os marmelitos. Um pastel com marmelada branca, como não poderia deixar de ser, que tem de ser comido quente. Demasiado doce? Não. Perfeito. Ou­tra das especialidades, esta adotada (supõe-se que tenha nascido na pastelaria Presiden­te), é o semifrio São Marcos, que também tem fama de não haver igual. Rua da Liberdade 9, Jardim da Radial, Ramada Tel.: 219337420 Das 06h00 às 21h30. Não encerra.
Atividades 6. Passear no Jardim da Música O Jardim da Música é um pequeno oásis no ca­os urbanístico da cidade. Fica junto à câma­ra municipal e é constituído por várias áre­as que se interligam e complementam. Um pequeno olival, a Alameda dos Jacarandás, um anfiteatro, um pequeno espelho de água. Sempre com música ambiente.
Atividades 6. Tai-chi É precisamen­te no Jardim da Música que todos os domingos o mestre Ernesto Reis dá aulas de tai-chi chuan, entre as 10h30 e as 12h30. Ele que aprendeu esta arte mile­nar chinesa - há quem lhe chame meditação em movimento - em Macau, onde viveu du­rante alguns anos. É grátis. Basta aparecer e levar roupa e calçado confortável. Jardim da Música Tel.: 219320800 Domingos, das 10h30 às 12h30
Atividades 7.Centro Cultural da Malaposta Quem anda sempre à procura de atividades para as crianças tem de ter o Centro Cultural da Malaposta na sua agenda. Os dias da se­mana são maioritariamente reservados para as escolas, mas ao fim de semana não faltam atividades. Todos os sábados à tarde, duran­te o mês de outubro, há cinema infantil. De 15 a 30 estará em cena o musical Mary Poppins - aos sábados e aos domingos. Também en­tre 15 e 30 de outubro estará em cena A Prin­cesa e a Ervilha. Mas seria injusto dizer que este é um centro cultural vocacionado ape­nas para os mais novos. É um espaço trans­versal, com vários auditórios, sala de cine­ma e café-teatro onde tanto é possível assis­tir a uma peça, a um espetáculo de stand-up comedy, a uma exposição ou a um concerto. Tudo no mesmo dia, às vezes ao mesmo tem­po. Fica localizado no Olival Basto, perto do metro do Senhor Roubado. Rua de Angola, Olival Basto el.: 219320940 Web: malaposta.pt
Atividades 8. Karting Está longe de ter as infraestruturas dos kartó­dromos de Palmela ou de Évora, por exemplo, mas é uma boa opção para quem quiser matar o bichinho do kart, até porque se trata do úni­co kartódromo ao ar livre da região de Lisboa. E não só. Vítor Costa, um dos sócios, garante que esta é a melhor escola de kart do país, pois «quem for capaz de guiar bem aqui é capaz de guiar bem em qualquer pista». É, de facto, pre­ciso «mãozinhas» e muita técnica, tantas são as curvas ao longo dos 728 metros de traçado. Algo que contribui também para aumentar a sensação de velocidade. Aos karts mais antigos juntou-se agora uma série de novas máquinas com motores 270 cc. Uma sessão de dez minu­tos custa 15 euros (aluguer individual), já as cor­ridas de grupo ficam por 35 euros - dez minu­tos de treino mais vinte voltas de corrida. Por 65 euros é possível fazer uma corrida de resistên­cia de uma hora. O recorde da pista são 41,125 segundos. Alguém se acha capaz de batê-lo? Avenida José Francisco Guerreiro Tel.: 964162392/967066590 Web: lisboakart.com Das 09h00 às 19h00. Encerra à segunda.
Património 9.Mosteiro de Odivelas Toda a gente já terá ouvido falar do Mosteiro de Odivelas, mas quantos conhecem o seu interior? É verdade que quem por lá passar durante a semana bate com o nariz na facha­da, mas no primeiro e no terceiro sábado de cada mês há visitas organizadas pelo setor de turismo da câmara municipal. Um mos­teiro com muita história e inúmeras estórias, mandado construir (em 1295) por D. Dinis. Foi também casa das freiras bernardas, mu­lheres oriundas da nobreza que tinham fama de não ser grandes cumpridoras dos votos de castidade - as famosas Meninas de Odivelas. Diz-se que quer o rei D. Dinis quer mais tarde o rei D. João V eram visitas assíduas. O sem­pre atento Camilo Castelo Branco escreveu, inclusive, sobre o assunto, no livro A Caveira do Mártir, em que aborda o caso das vinte jo­vens freiras de Odivelas que foram condena­das à morte por «delitos amorosos», algo que terá sido uma tentativa de (literalmente) sal­var a honra do convento. A ligação ao mundo feminino continuou até 2014, tendo ali fun­cionado durante várias décadas o Instituto de Odivelas. Agora reina o silêncio, exceto aos sábados. As visitas são guiadas e acon­tecem sempre às 15h00 e às 16h00. Tel.: 219320800 (marcações) Web: mosteirodeodivelas.org
Património 10.Cruzeiro de Odivelas É um dos símbolos de Odivelas. Fica a 200 metros do mosteiro e está classificado como Monumento Nacional, mas ninguém parece saber ao certo a sua origem. Terá sido ergui­do em honra de D. Dinis? Serviria para atos fúnebres, a última paragem antes de os cor­pos serem sepultados no mosteiro? Serviria para demarcar os limites territoriais da área jurisdicional? Seja como for, é juntamente com o mosteiro e a marmelada branca uma espécie de tríade que empresta alma e di­mensão à cidade, remetendo-a para outros tempos. Um ponto de encontro desde há dé­cadas, onde (quase) todos os odivelenses têm uma história, uma brincadeira ou um beijo para contar.

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Odivelas não será a mais bonita cidade do mundo, mas também está longe de ser uma cidade-dormitório sem alma nem vida própria, como pensarão alguns (a maioria?) dos lisboetas. Uma terra que tem a marmelada branca como doce oficial e onde se come surpreendentemente bem. Eis uma série de sugestões capazes de agradar a gregos e troianos – que é como quem diz, a urbanitas e a suburbanos.