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Roteiro de inverno para descobrir um outro Douro

Veja nesta fotogaleria sugestões para conhecer o Douro, onde ficar e comer
1. Feel Douro O barco continua a ser uma excelente forma (se não a melhor) de conhecer um rio. Sobretudo esta parte do rio, de um Douro mais verde, menos grandiloquente, mas que que não merece ser olhado como um mero ponto de passagem dos barcos turísticos em direção ao Douro Vinhateiro. A FeelDouro é um dos operadores que aposta na exclusividade e na personalização. Das seis embarcações da empresa, cinco estão disponíveis para fazer passeios charter. À medida. A da Evasões teve partida e chegada na Douro Marina (junto à Ponte da Arrábida), almoço regional a bordo, partida de dominó, incursões pelos rios Inha e Arda e passagem pela Ilha dos Amores, pequeno pedaço de terra que marca o encontro entre os distritos do Porto, Aveiro e Viseu. Tem um cais. Se o tempo o permitir e os passageiros quiserem, é possível fazer uma visita. «Não vendemos bilhetes, alugamos barcos. Proporcionamos experiências», diz Luís, o skipper. Um rio, o Douro também é isto. FeelDouro. Rua da Praia (Douro Marina), Vila Nova de Gaia. Tel.: 220990922. Web: feeldouro.com
2. Quinta Foz Torto Quinta Foz Torto, na confluência dos rios Torto e Douro – a dois quilómetros do Pinhão. «Nem nos meus melhores dias julguei ter esta vista. Ainda há pouco tempo tive aqui um casal de arquitetos de Hollywood e ele começou a chorar. É, de facto, transcendente.» O tal «poema geológico». Abílio Tavares da Silva não chora, mas emociona-se, entusiasma-se, como se o destino lhe tivesse oferecido um presente com o qual nunca sonhara. Engenheiro informático, tinha uma empresa que desenvolvia software para call centers, até que um dia vendeu tudo a uma multinacional e resolveu reinventar-se no Douro. Assim, de repente? Nem tanto. Ainda vivia em Lisboa quando fez um curso de enologia em Vila Real. «Vinha de três em três semanas. Usava os dias das férias. Quando vendi a empresa, em 2000, e depois de muito pensar, resolvemos vir para cá.» A mulher, pediatra, aceitou o desafio.
2. Quinta Foz Torto Comprou 14 hectares, replantou 80 por cento da vinha com castas tradicionais durienses (touriga nacional, touriga francesa, tinta roriz, tinto cão ou tinta barroca) e nos últimos anos tem colhido os frutos. Um tinto 2010 e um reserva branco 2011 foram os dois primeiros vinhos. Mas não se ficou pelas uvas. Vim para aqui por causa do vinho e fui surpreendido com isto», diz, apontando para a rúcula selvagem, a lúcia-lima, a hortelã, o louro, os morangos, as macieiras, os limoeiros. O cheiro é intenso. O sabor também. Afirma que nada disto é mérito seu, mas da terra, do clima. «O vinho acontece uma vez por ano. Isto acontece várias vezes ao ano. A fruta, a castanha, o azeite, os cogumelos, neste capítulo há muito trabalho a ser feito no Douro. Além disso é uma forma de combater a sazonalidade.»
2. Quinta Foz Torto Abílio Tavares da Silva também ainda não deu por concluído o seu trabalho. A quinta tem uma ruína que em breve será transformada em turismo rural. No centro do Pinhão, recuperou uma antiga adega, onde se podem comprar e fazer provas de vinho e azeite. Fica ao lado da Quinta do Bonfim, da família Symington, e da Quinta das Carvalhas, da Real Companhia Velha, dois dos gigantes da região. Será que foi bem recebido? «Não poderia ter sido melhor. Temos um grupinho que vai almoçar quase todos os dias. Discutimos, partilhamos e aprendemos muito uns dos outros. Sobretudo eu.» EM590, Pinhão (Régua). GPS Quinta: 41.1747,-7.5515 (quinta), 41.1944, -7.5489 (adega). Tel.: 962504073. Web: facebook.com/foztorto
3. Quinta da Bouça Desde a propriedade é possível ver o Douro, lá ao fundo, se bem que a sua mais-valia não seja propriamente a relação com o rio. Vêm para aqui aqueles que gostam de mergulhar na natureza – os mergulhos nas três piscinas privativas ficam reservados para o verão. Quem gosta de serra – a quinta (em Paços de Gaiolo, concelho de Marco de Canaveses) está rodeada pelas serras do Montemuro, Aboboreira e Montedeiras.
3. Quinta da Bouça Quem gosta de cavalos – há um picadeiro, com três éguas garranas aptas a trotar. Quem gosta de fazer caminhadas – são muitos os percursos pedestres ao longo dos 16 hectares. Um agroturismo com quatro casas em pedra, típicas, mas com todo o conforto indispensável aos dias que correm, do microondas à internet, da televisão por cabo ao ar condicionado. São todas diferentes entre si. Se a Casa da Oliveira é uma espécie de estúdio, ideal para um casal, a Casa da Sobreira pode alojar até seis pessoas. Quando os hóspedes chegam, o frigorífico já está cheio. E há pão fresco pelo manhã. Paços de Gaiolo (Marco de Canaveses) GPS: 41.1048, -8.1057 Tel.: 919881215 Web: bouca-agroturismo.com Quarto duplo a partir de 55 euros por noite (inclui pequeno-almoço)
4. Restaurante Tabua D’Aço O espaço, precisamente em Tabuaço, é outro dos sítios que justificam o desvio. Um projeto familiar, tal como a Quinta da Bouça, a cargo do chef Thomas Egger e Maria de Fátima. Ela, menina da terra. Ele, austríaco de gema, do Tirol. Conheceram-se na Suíça, onde trabalhavam na restauração, mas um dia decidiram que seria em Portugal que abririam o seu restaurante. Foi há treze anos. «O meu marido adora isto. Não sai daqui nem por nada», diz Maria de Fátima. Só para ir à Áustria uma vez por mês, para onde exportam azeite. O rótulo está em alemão, mas tudo o que vem para a mesa é tipicamente português.
4. Restaurante Tabua D’Aço O pão, o queijo, o chouriço, a alheira, o vinho verde, o bacalhau na telha ou o bife do lombo com molho de vinho do porto, dois dos pratos maiores. Thomas tem o certificado de Green Chef. Cozinha da terra, biológica, com preocupações ambientais. Cozinha duriense. Môa, Edificio Piscinas Municipais, Tabuaço Tel.: 254781711 web: restaurantetabuadaco.com Das 09h30 às 15h30 e das 18h30 às 23h30. Não encerra. Preço médio: 13 euros
5. Petiscaria Preguiça A estrada que vai do Pocinho até ao Preguiça, a petiscaria conhecida pela sopa de peixe e pelo peixe frito, segue pelo meio de quintas vinícolas e de terrenos com oliveiras e cruza aldeias como Santo Amaro e Mós do Douro. Estamos em território de Vila Nova de Foz Côa. O restaurante fica a meio caminho entre outra aldeia, Murça, e a estação ferroviária de Freixo de Numão. Para Jean e Tatiana Filipe, fica a léguas da vida que conheceram em França, onde se conheceram, e dos destinos por onde viajaram de mochila às costas.
5. Petiscaria Preguiça A neta do senhor Acácio, a quem na terra chamam o Preguiça, e o marido aceitaram o desafio do ancião e tomaram conta da casa há ano e meio. Ela segue as receitas da avó Amélia e ele introduziu as sobremesas de inspiração francesa, como o fondant de chocolate ou o crème brûlée. Por perto, andam sempre a bebé Matilde e cão Pirata. Um ambiente verdadeiramente familiar e uma vista privilegiada para o Douro (do Preguiça vê-se o comboio passar na ponte do Torrão) que só enriquecem a experiência à mesa.5. Quinta Chão do Ribeiro, Mós do Douro (Vila Nova de Foz Côa) Tel.: 279789432 Das 11h30 às 21h00. Encerra à quinta (no verão, não encerra). Preço médio: 12 euros
6. Bairro do Casal Também é de regresso às origens a história que se conta no Bairro do Casal, o turismo de aldeia das amigas Anabela Costa e Odete Marques. «A minha mãe nasceu aqui em Murça do Douro, mas nunca viveu aqui. Vivemos sempre Lisboa. Vínhamos cá muitas vezes e um dia resolvi comprar as ruínas do Bairro do Casal, que é o mais antigo da aldeia», recorda Anabela.
6. Bairro do Casal Ao partilhar com a mãe os seus planos, ouviu de resposta: «O Casal fica onde o diabo perdeu os calções e que ninguém quer ir para lá fazer turismo.» Estava enganada, a senhora. E as cinco casas de xisto, onde as boas-vindas se cumprem com vinho fino de Murça e bolo de laranja caseiro, são um sucesso. Murça do Douro (Vila Nova de Foz Côa) GPS: 41.0989, -7.2328 Tel.: 279788162 Web: bairrodocasal.pt Casa T1 a partir de 65 euros por noite (inclui pequeno-almoço).
7. Restaurante Côa Museu O Bairro, onde o dia-a-dia gira em torno de um terraço arrelvado e com piscina, fica muito próximo do incontornável Museu do Côa. Passar pelo edifício desenhado pelos arquitetos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, em si mesmo um motivo de interesse, ajuda a perceber o que os forasteiros encontram nos sítios de arte rupestre que o Parque Arqueológico do Vale do Côa tem abertos a visitas. E é pretexto para conhecer a mesa do Restaurante Côa Museu, que aposta no que a região tem de melhor: vinhos – «quase todos de produtores a menos de 20 quilómetros daqui», chama a atenção João Fernandes, um dos responsáveis –, azeites, amêndoa, fumeiro (vem de Montesinho) e queijos (da serra da Estrela). Rua do Museu, Vila Nova de Foz Côa Das 12h00 às 16h00 e das 19h00 às 21h30. Encerra ao domingo e terça ao jantar (verão, não encerra). Preço médio: 20 euros
8.Casa do Rio De uma villa romana para o paraíso à beira-rio plantado: a Casa do Rio é o novo projeto do produtor duriense Quinta do Vallado. É uma extensão do hotel vínico da Régua, na Quinta do Orgal, uma propriedade de 70 hectares que o Vallado adquiriu em 2009, com o objetivo de ali produzir vinhos em modo biológico. O edifício principal tem apenas seis quartos e este ano surgiram duas suites.
8.Casa do Rio A exclusividade também é isso. Isso e poder regar as maravilhas que a chef Ana Rita Ferreira faz com os produtos da época – açorda de cogumelos, vitela grelhada e polvilhada com amêndoas da quinta, bochechas de porco bísaro... – com vinho único como o Douro Superior Organic Vineyards Tinto, o tal que o Vallado queria fazer, e fez, neste terroir mais rigoroso.
8.Casa do Rio Quinta do Orgal, Castelo Melhor (Vila Nova de Foz Côa). GPS: 41.0643, -7.0907. Tel.: 279764340 Web: quintadovallado.com/wine-hotel Quarto duplo a partir de 200 euros por noite (inclui pequeno-almoço)
9. Casa de Alpajares Boa mesa, bons vinhos e uma hospitalidade sem igual. É essa a proposta de Marco Moreira da Silva e Manuela Pelicano. Marco produz vinhos «que fogem ao perfil da região, mais leves e menos alcoólicos», sob a designação Casa de Alpajares, e cozinha para os hóspedes as receitas da mãe e da avó e alguns pratos de inspiração raiana. E Manuela orienta os visitantes na região.
9. Casa de Alpajares Da sala onde são servidos os pequeno-almoços a panorâmica abrange o Douro e a vizinha Espanha. Quase se vê dali a Praia Fluvial da Congida. A 10 minutos de carro da casa de campo, onde Marco quer plantar uma vinha pedagógica, «com todas as castas do Douro», o barco da Autarquia local parte à descoberta dos parques naturais do Douro Internacional e Las Arribes del Duero. As laranjeiras do Mazouco – onde fica a conhecida gravura rupestre de um cavalo-de-Przewalski, descoberta em 1982 –, os pombais tradicionais e os corvos-marinhos que ora estão a mergulhar no Douro, ora estão a tomar banhos de sol nas suas margens perfazem um postal que fica na memória. Lugar do Cabeço da Forca (Freixo de Espada à Cinta) GPS: 41.0894, -6.8030 Tel.: 962727101 Web: casadealpajares.com Quarto duplo a partir de 90 euros por noite (inclui pequeno-almoço); acesso ao spa, 5 euros. Preço médio (jantar): 25 euros
10. Quinta do Bonfim É uma das mais recentes e mais distintas sala de visitas do Douro. Pertence à família Symington e está aberta ao público desde maio de 2015. Tem um núcleo museológico – situado num armazém tradicional de xisto – e uma sala de provas com terraço exterior e vista para o rio. Fica a 300 metros da estação de caminho de ferro do Pinhão. Pinhão (Alijó) GPS: 41.1892, -7.5408 Tel.: 254730350 Web: pt.symington.com Visitas sob marcação
11. Vila Galé Douro Um hotel esculpido na encosta, mesmo em frente à Régua. Em algumas das salas do spa e no ginásio as paredes são em xisto. Tem 38 quartos, piscina interior aquecida e restaurante de inspiração regional, com assinatura do chef Francisco Ferreira. Está debruçado sobre a água. Lugar dos Varais, Cambres (Lamego) GPS: 41.1533, -7.7845 Tel.: 254780700 Web: www.vilagale.com Quarto duplo a partir de 100 euros por noite (inclui pequeno-almoço)
12. Circuito Arqueológico de Freixo de Numão Menos divulgado do que o conjunto do Vale do Côa, este complexo arqueológico oferece várias visitas numa: o Museu da Casa Grande – com uma interessante extensão dedicada à Etnografia –, o Castelo Velho, as ruínas romanas do Prazo, do Rumansil e do Zimbro II, a calçada romana no Lugar das Regadas, o Moinho das Regadas (moinho de cubo de 1715) e o sítio arqueológico romano Colodreira/Escorna Bois. Museu da Casa Grande Rua Direita, Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa). Tel.: 279789117. Das 09h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00. Encerra à segunda. Horário: De terça a domingo, das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às18h00. Entrada: 2 euros; os sítios arqueológicos são de visita gratuita.
13. Cais fluvial do Pocinho No embarcadouro do Pocinho, o Senhora da Veiga, barco da autarquia de Foz Côa, leva os turistas a passear no Douro, até à foz do rio Côa, à estação de Almendra, a Barca d'Alva, Pinhão ou Valeira. Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) GPS: 41.1351, -7.1091 Preço: A partir de 15 euros por pessoa.

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É compreensível que falar no Douro seja quase sempre falar no Alto Douro Vinhateiro, afinal trata-se de uma zona Património da Humanidade, uma das regiões mais bonitas da Europa (do mundo?), aquilo a Miguel Torga chamou de «poema geológico». Mas o rio não começa e acaba à volta do Pinhão. Tem 210 quilómetros de via navegável em território português – além do Douro Internacional –, entre eles quilómetros e quilómetros de margens, terras e paisagens que continuam a ser uma espécie de nuvem cinzenta em termos turísticos.