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As pessoas que estão a mudar Viseu

Veja nesta fotogaleria algumas das pessoas e os negócios que estão a agitar a cidade
Cláudia Antunes e Jorge Amaral da 'Anda Ver Viseu' É uma loja pequena e bem central, junto à Sé, aquela que serve de base ao conceito Anda Ver Portugal, esse do tamanho da nação, criado pelo casal Cláudia Antunes e Jorge Amaral, ela designer gráfica e ele arquiteto e decorador. A loja chama-se Anda Ver Viseu e nasceu para conjugar, no mesmo espaço, os melhores produtos da região, dos tradicionais aos contemporâneos, o que faz com que ali se possa comprar vinhos e mercearia fina, mas também moda e acessórios de criadores locais e ainda livros e peças de arte (e ainda alugar uma trotinete elétrica para passear). Com o tempo, a Anda Ver Viseu foi também selecionando peças de criadores de outras zonas do país, com um critério de autenticidade, e foi expandido o seu conceito de «mostrar o que Portugal tem de melhor, conciliando o tradicional e o local com o moderno e o nacional», explica Cláudia. Foi criada a marca Anda Ver Portugal como chapéu para duas coisas: permitir a criação de lojas como esta noutras cidades e ainda lançar produtos próprios, como as sapatilhas Anda Ver Portugal, que se vendem online para todo o mundo. Anda Ver Viseu. Rua Grão Vasco, 14, Viseu. Tel: 232099741. andaverportugal.pt
Carla Oliveira da 'Cem Reis' Carla Oliveira, mãe de quatro filhos, formada em Artes e terapeuta de medicinas alternativas, abriu a loja Cem Reis no centro histórico por pura inquietação criativa. Além de vender algumas peças artesanais de alta qualidade da região (como os agasalhos das Capuchinhas ou os cobertores de papa da Guarda), queria criar peças que exprimissem a riqueza histórica e de lendas de Viseu. Começou por resolver a escassa iconografia de Viriato criando bonecos de pano que representam o lendário líder lusitano e alguns dos seus guerreiros. Ao fim de um ano, são um sucesso de vendas, levando Carla a criar outras figuras da História para brincar, como o rei D. Duarte ou Fernão de Magalhães. Criou ainda outros bonecos e ainda uma coleção de pratos de louça para a parede que contam histórias de Viseu. A loja, que abriu no verãod e 2015, já cresceu e agora vende também móveis restaurados e apostou noutros brinquedos de pano e lá, sempre ligados à região. E Carla continua cheia de ideias para transformar História e história em objetos. Cem Reis. Rua Augusta Cruz, 26. Tel: 936720709. Facebook:lojacemreis
Diogo Rocha da 'Mesa de Lemos' «Não tenho dúvidas que tenho sido grande inspiração para muitos outros, acho que isso é um sinal que estamos a fazer alguma coisa diferente». Talvez soasse a outra coisa se o chef Diogo Rocha dissesse isto estando a comandar um restaurante de Lisboa, mas este jovem de 33 anos, que passou por algumas cozinhas de referência na capital, escolheu fazer a aposta forte da sua carreira na região onde nasceu. Acaba de chegar da horta da Quinta de Lemos, em Silgueiros, vila rural nos arredores da cidade de Viseu, onde se estão a planear as culturas de inverno que vão ditar a carta do Mesa de Lemos, o projeto de alta cozinha de base regional que lidera desde 2014 e que, mercê das salas cheias com 80% dos clientes a chegarem de fora de Viseu, passou a abrir só ao fim-de-semana para funcionar de terça a sábado. Diogo não tem pressa em fazer crescer o projeto, apenas em deixá-lo evoluir naturalmente – a sua missão tem tanto a ver com a horta, na qual experimentar germinar espécies de feijão já raras, como com pensar e estudar muito a gastronomia regional e criar a partir dela algo distinto. «Sempre se disse que se comia muito bem em Viseu, mas havia alguma dificuldade em personalizar isso. Não se fala dos chefes de cozinha», afirma, daí sentir-se honrado – muito mais do que vaidoso – por ser agora um dos chefs cujo nome se liga à cozinha de autor em Viseu. Já ele mistura essa sua origem (é de Canas de Senhorim), com algumas paixões como a gastronomia açoriana, e a missão de preservar a tradiçãod os bons legumes de Silgueiros. «O desafio [do Mesa de Lemos] sempre foi trabalhar a região, mas com o objetivo de ser um restaurante de referência. Bendita a hora em que voltei, porque sou um crente nesta região e nas suas pessoas», afirma. Mesa de Lemos. Silgueiros, Viseu. Tel: 961158503. web: celsodelemos.com. Horário: terça a sábado das 20h00 às 00h00 (sábado também ao almoço, das 12h00 às 15h00). Preço: menus do chef de 35 euros a 120 euros (sem vinhos)
Pedro Sobral e Fátima Costa da 'Neverending' Pode parecer ousado criar uma empresa especializada em turismo cultural, mas os arqueólogos Pedro Sobral e Fátima Costa não só a criaram, como fizeram mais coisas que, há um par de anos, ainda não imaginavam: abrir uma loja de prendas alusivas à História, onde há roupa para adultos e crianças com figuras históricas da região, mas também réplicas de achados arqueológicos, como pontas de lança. E ainda uma réplica da ara (pedra de altar) que Pedro descobriu durante prospeções arqueológicas por ocasião da obra do funicular e que deu a Viseu uma informação essencial sobre a sua origem – estava lá escrito o nome romano da cidade, Vissaium. O casal abriu ainda, há pouco tempo, o apartamento turístico Casa da Veiga, decorado com muitas alusões históricas. E tem sido incansável em dotar Viseu de uma oferta de turismo cultural estruturada e suculenta, com seis visitas guiadas pela cidade em torno de temas como a Sé ou a arte sacra, a cava de Viriato, a história de Viseu. Ou visitas de um ou dois dias aos mosteiros, castelos, dólmens da Beira Alta e outros pontos de interesse. «Queríamos dotar a cidade de uma alternativa, porque notamos que as pessoas ficavam pouco tempo, que tinham tudo visto ao fim de uma manhã», o que não fazia justiça a uma zona tão rica. A EON – Indústrias Criativas é a empresa mãe, que alberga a marca de turismo cultural Neverending, e a sua original loja de “souvenirs”, pertinho da Sé. O casal também faz consultadoria para a criação de museus e divulgação cultural. O próximo ano será de «internacionalização», o que bão significa que a Neverending vá sair de Viseu. Vai, isso sim, fazer parcerias no estrangeiro para levar mais turistas a Viseu. Neverending – Turismo Temático. Rua Dom Duarte, 55-57, Viseu. Tel: 232488594. neverending.pt
Vítor Rodrigues e Filipa Monteiro da 'Só Sabão' Vítor é designer e Filipa é farmacêutica, e viviam em Lisboa até que um ideal de vida os levou a mudar-se para Viseu, a terra dele, e criar uma saboaria tradicional, com receitas antigas e sem conservantes, usando recursos da região. Foi em 2012 que a Só Sabão abriu num edifício recuperado no pequeno Largo de São Teotónio, nas traseiras da Sé, para vender os seus sabões de ervas aromáticas, sal e plantas, criados a partir de receitas antigas. Estão junto à loja-oficina do único latoeiro que ainda trabalha em Viseu, sendo o lugar também uma afirmação daquilo que os move – divulgar e preservar o património cultural tradicional, sobretudo no que diz respeito ao saber fazer, no projeto Deste Lado do Mundo,que já leva uns anos, e deu origem à marca Amor Luso. «Estamos a aproximar-nos outra vez do que é tradicional, com materiais e legados ancestrais, com simplicidade, usando o que a natureza nos dá, mas as pessoas deviam concentar-se em não deixar perder o saber antigo», dizem Vítor e Filipa. Eles dedicaram-se à saboaria, conseguido um negócio sustentável, mas têm apoiado e divulgado outros produtos artesanais de raíz tradicional, que mantêm vivas técnicas ancestrais, como a olaria com barro negro de Molelos. E ao mesmo tempo incluindo neste movimento que criaram em Viseu artistas contemporâneos na área da cerâmica e da ilustração. Por isso, desde o início que a Só Sabão sempre foi mais do que uma loja, sendo lugar de exposição, eventos culturais e troca de ideias. Depois de terem pensado sair de Viseu para abrir uma fábrica maior num concelho vizinho, decidiram ficar e continuar o que estavam a fazer, expandido-se para um espaço ao lado, que abre no final deste mês, como montra da Só Sabão e de todos os artesãos da região que o desejem, sendo incentivados a criar produtos artesanais mais fáceis de usar nos tempos de hoje (como utensílios de cozinha em barro). E quem não pode ir a Viseu conhecer esta casal, que insiste em criar a sua família no centro histórico da cidade, pode comprar os seus sabões na loja online, que terá no futuro novos artigos de cosmética. Só Sabão Largo de São Teotónio, 30, Viseu. Tel: 232458450. amorluso.pt
Paulo Ribeiro do 'Teatro Viriato' É a Paulo Ribeiro, de 57 anos, diretor do Teatro Viriato, que se deve a reabertura, em 1999, da sala de espetáculos e Viseu, que se encontrava inativa desde 1960. Natural de Lisboa, o coreógrafo de reputação internacional tem dedicado os últimos 19 anos a proporcionar à cidade uma programação regular nas áreas da dança, música e teatro. Paulo Ribeiro, que diz ser “ alérgico” a tudo o que é comercial, quis implementar uma programação que ensinasse, que deixasse lastro e afinasse sensibilidades. Tem desenvolvido projetos com a comunidade escolar, lares da terceira idade, instituições ligadas a pessoas com deficiência. Porque como o próprio sublinha, «o teatro é uma ferramenta democrática, é um espaço para todos». As residências captaram artistas para Viseu, despertaram-se vocações, nasceu a escola de dança “Lugar Presente”. Já tinha um longo percurso como coreógrafo freelance, incluindo no Ballet da Gulbenkian, quando em 1995, formou em Lisboa a Companhia Paulo Ribeiro que andou em digressão pelo mundo. Fez o curso de Dança na Escola de Ballet Contemporâneo de Bruxelas r viveu 18 anos no estrangeiro (Brasil, Bélgica e França). Quando regressou, em 88, achou estranho ver a cultura confinada a Lisboa. «Achei que era importantíssimo descentralizar e fazer diferente», afirma – e continua a fazer em Viseu. Teatro Viriato. Largo Mouzinho de Albuquerque, Viseu. Tel: 232480110. Web: teatroviriato.com. Próximo espetáculo: Steam Switzerland (30 de setembro, às 21:30). Preço dos bilhetes: 5 e 10 euros.
José Agostinho da 'Tomiworld' Chama-se Tomi esta espécie de tablet gigante que encontramos em vários lugares, por todo o país, mais concretamente em 70 localizações, a dar várias informações úteis para o visitante e ainda a permitir tirar e enviar selfies. Só em Viseu, há três Tomi, no Rosseio, na praça Dom Duarte e na centrald e transportes. E se em Viseu não os houvesse, seria de espantar já que é dali o autor desta invenção que permite ter acesso a informações de proximidade (como serviços, transportes, notícias e eventos) e que se estendeu também ao Brasil. Chama-se José Agostinho, tem 45 anos, e a sua empresa – a Tomiworld, está sediada na cidade de Viriato. Tudo começou com a sola de um sapato – a sola que José Agostinho perdeu, ao descer de um avião no aeroporto de Amesterdão, e tentou, sem êxito, encontrar um sapateiro. Na altura, era dono de uma empresa de publicidade e foi a partir daí que pensou «numa plataforma que pode funcionar em todo o mundo» e que supera outras ferramentas. «No telemóvel encontramos muita informação, mas o Tomi entrega-a de forma oportuna, como é o caso dos serviços e transportes». E se alguém precisar de colar uma sola e resolver o assunto com um Tomi, é a este homem que deve agradecer. Tomiworld. Rua 5 de Outubro, nº 138 r/C , Viseu. Tel: 232483340. tomiworld.com
Cláudia Marques da 'Maria Xica' Cláudia era psicóloga e trabalhava em Lisboa, quando regressou à sua cidade natal, Viseu, para abrir um restaurante petiscos em sociedade familiar. A ideia inicial acabou por evoluir quando começou a perceber o potencial do lugar escolhido – uma casa antiga, de dois pisos, com um terraço altaneiro com uma vista ímpar sobre a zona da Sé. O restaurante cresceu para o Maria Xica, nomeado em honra à sua alcunha de família, um lugar que era ao mesmo tempo restaurante de comida beirã aberto até tarde, um bar de petiscos contemporâneos e com uma carta abrangente, que partia dos vinhos do Dão para uma grande oferta de gins. Um público de todas as idades aderiu à ideia deste espaço que era bar, casa de chá com vista, espaço de exposições e eventos culturais, e que mostrou que Viseu podia dar um cosmopolita passo em frente, sem precisar de copiar modelos das “cidades grandes”. «Queria um espaço que fosse ponto de encontro de pessoas diferentes, com idades e interesses diferentes», assinala Cláudia, que em agosto passado, depois de ter sido mãe e de entender ter chegado a hora de sair do projeto, tomou a decisão bem difícil de dar o Maria Xica à exploração de Ricardo Valença, a quem confiou a continuidade. «O centro histórico continua a ser o local de eleição para projetos inovadores», salienta. Maria Xica. Rua Chão do Mestre, 23, Viseu. Tel: 232435391. Facebook: maria.xica.viseu

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Eles tiveram ideias e lançaram mãos à obra, em vários domínios, fazendo a região evoluir, mexer, preservar-se ou renovar-se. Seja ao leme de um restaurante, a guiar turistas pelas História ou até a fazer bonecos, todos eles são criadores da Viseu de hoje. Alguns saíram e voltaram, outros não quiseram sair, outros trocaram tudo por Viseu. Conheça-os nos slides da galeria.