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12 whiskies single malt para diferentes estilos

Percorra a fotogaleria para conhecer 12 whiskies para consumidores de estilos diferentes. (Fotografias de Orlando Almeida/GI)
O pai Speyside, adepto da partilha The Glenlivet 12 Years First Fill (40%) - 47 euros Como a designação indica, este whisky estagiou em barricas novas, pelo que está mais marcado pela madeira. Tratando-se, como é o caso, de carvalho americano, resultam naturais as notas intensas de natas, fruta madura e mel, mas sempre equilibradas, como só Glenlivet sabe fazer. Estamos por isso num património natural de Speyside, com tudo o que de bom isso acarreta. A boca revela impressões de nougat e amêndoa torrada, discretas e subtis, tornando a bebida ótima companhia. (Fotografia de Orlando Almeida/GI)
O pai Speyside, adepto da partilha The Balvenie 14 Years Caribbean Cask (43%) - 72 euros Estagiou catorze anos em barricas de carvalho, tendo depois passado por barricas anteriormente utilizadas para estagiar rum nas Caraíbas, daí o nome que ostenta. Este tratamento final acentua os aspetos baunilhado e frutado da bebida, copiosa em notas aromáticas de toffee de caramelo e maracujá, enquanto na boca monta um fundo cítrico, com manga no primeiro plano. É um whisky bom para o final da refeição, podendo mesmo acompanhar doçaria cremosa e com chantilly. Gomas de alcaçuz também irão bem.
O pai Speyside, adepto da partilha Macallan 12 Years Fine Oak (40%) - 82 euros Confesso a minha predileção por este whisky, que já utilizei nas situações mais diversas, perfil genuinamente universal, cobrindo todos os gostos e preferências. Estagiou em barricas de bourbon (80%) e xerez (20%), resultando numa diversidade grande de matizes e impressões. O nariz evoca compota de laranja, mel e amêndoa torrada, enquanto a boca se multiplicam as notas de rebuçado e leite-creme. Perfeito, por isso, para finalizar um jantar em família ou com amigos, para partilhar sem receios.
O pai peaty, amigo dos sabores fortes Ardbeg Corryvreckan (57,1%) - 92 euros Nos whiskies de Islay, há o Ardbeg e depois todos os outros. Afirmação exagerada, como é naturalmente exagerado tudo o que é dito por paixão. Impressiona no primeiro contacto, tal a força e pungência da turfa que mostra, alguns até afastam instintivamente o copo do nariz, pela primeira impressão que provoca. Na boca, mostra-se salino, com notas de raspa de tangerina e todo um desfile de carnes fumadas. Fica uma eternidade na boca. E presta-se à intromissão bem vinda de um bom charuto.
O pai peaty, amigo dos sabores fortes Caol Ila 1993 Distiller’s Edition (43%) - 75 euros Surpresa para muitos, este whisky é finalizado em barricas de moscatel português. O desempenho aromático, contudo é pouco influenciado pelos frutados da uva que tão bem conhecemos, o que já não se pode dizer das tonalidades salinas e marítimas que mostra no nariz. O iodo e as notas de farmácia permanecem presentes na boca e no final há uma harmonia entre todos os componentes, criando sensações doces, de novo inesperadas. Merece presença na coleção de todo o amante de whisky.
O pai peaty, amigo dos sabores fortes Lagavulin 16 Years (43%) - 64 euros Trata-se de uma das marcas clássicas de Islay e pode considerar-se uma ótima forma de iniciar novos consumidores nos prazeres desta categoria especial de whisky. O nariz evoca bagas de arbusto, como mirtilos e groselhas maduras, além da impressionante vaga de turfa que mostra. Na boca, sobressaem as impressões de avelãs, goma de alcaçuz e caramelo, terminando depois de muito tempo de puro prazer que se vão desdobrando e revelando. Excecional com pistácio ou amêndoas torradas.
O pai chocolate - saborear o par perfeito The Dalmore 12 Years | Highlands (40%) - 58 euros Estamos na região dos sabores fortes e vincados, e cada casa apresenta-se sempre com um património próprio inconfundível. Os whiskies deste produtor têm sempre notas fortes de raspa de laranja e chocolate negro, pelo que o bombom que combina ambos é uma harmonização feliz, assim como os chocolates elevada percentagem de cacau. Para a eficácia total, convém colocar o chocolate à temperatura da bebida, o que pode implicar um estágio de alguns minutos no frio. Resultado garantido.
O pai chocolate - saborear o par perfeito Auchentoshan Three Wood | Lowlands (43%) - 60 euros Comportamento fantástico com chocolate de leite e bombons, quando a ganache não é demasiado puxada nem dura. Este whisky é muito suave e passou por barricas de xerez (Pedro Ximénez e Oloroso) e bourbon. Apresenta uma selva aromática particularmente sedutora, com sugestões cítricas, baunilhadas e de caramelo. O chocolate branco também pode ser bom parceiro, mas a presença de cacau no chocolate será mais vantajosa para explorar devidamente as nuances deste whisky complexo e matizado.
O pai chocolate - saborear o par perfeito Jura Superstition | Isle of Jura (43%) - 43 euros Tem notas muito fortes de turfa, complementadas em harmonia com pimenta branca e outras especiarias. É um whisky sui generis, pela carga simbólica que comporta, em torno do número 13, daí o seu título. Os whiskies componentes têm entre 13 e e 21 anos e 13% de malte com notas fortes de turfa. Para o pai que não é supersticioso, contudo está aqui um parceiro ótimo de chocolate preto e bolo de chocolate. Os pralinés também terão resposta feliz, acrescentando texturas e crocância ao conjunto.
O pai gourmet, amante de queijos e fumados Glenturret 10 Years | Highlands (40%) - 49 euros Faz parte do património da famosa marca Famous Grouse, sendo que é seu porta-estandarte em qualidade e pureza. No contacto com o queijo, reage invariavelmente bem, independentemente até do tempo de cura, mas um São Jorge com mais de 9 meses apresenta grande bondade na harmonização. Igualmente bem irá um serra da Estrela velho, as especiarias do whisky e as notas terrosas que apresenta a criar um fundo integrado para a exploração recíproca. Se o pai for dado à ousadia, avelãs e mel em conjunto com o queijo são ouro sobre azul.
O pai gourmet, amante de queijos e fumados Oban 14 Years | Highlands (43%) - 58 euros Este whisky provém de uma destilaria antiga, onde tudo é ainda feito de forma clássica e intervenção mínima. Rico em notas de figos secos, turfa e cheio de impressões salinas, presta-se como muito poucos ao casamento com enchidos e ensacados nacionais de fumeiro tradicional. Aqui o pai merece, além da garrafa, um cesto com exemplares bem escolhidos da nossa salsicharia, e depois, com a ajuda de figos e tâmaras secos, ir provando este e aquele. Prova muito pouco ortodoxa, sabemos bem, mas ousar é, afinal, pisar caminhos não usados.
O pai gourmet, amante de queijos e fumados Talisker 10 Years | Isle of Skye (45,8%) - 42 euros Atrevemo-nos a sair da oferta estritamente nacional, para recomendar queijos azuis como roquefort, gorgonzola ou cabrales, respetivamente francês, italiano e espanhol. É tão curiosa quanto cativante a ponte que se estabelece entre o fungo inoculado em todos eles com as notas fortes de fumo e frutos secos deste whisky único. Ao mesmo tempo, também apetece recomendar um bom queijo parmiggiano reggiano, com alguma idade, pingado de vinagre balsâmico de bom talante. Quem não arrisca…

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Dizer como se deve servir um whisky é começar uma história pelo fim, mas é também o apelo mais importante a que pare de se utilizar gelo para o servir. É verdade que se tem normalmente as melhores garrafas numa espécie de expositor em casa, que ao longo de mais de metade do ano está demasiado quente para servir sem recorrer à variante on the rocks, mas o ideal é justamente tê-las numa despensa fresca. Isso e ter uma boa água no frigorífico entre 2 e 5 graus centígrados para, no momento de servir, fazer abrir aromas e sabores de cada whisky pela ligeira adição de água a temperatura semelhante à que passa pelas destilarias escocesas. É um prazer que se aprende e que não se dispensa mais, revelando a excelência contida em cada garrafa de single malt.

O malte é produzido por germinação de cevada em águas de grande pureza, depois é levado a secar por queima de turfa da mesma zona, conduzindo por destilação aos grandes padrões de gosto. O mais consensual será porventura o single malt de Speyside, o menos duro, abundante em notas cremosas, baunilhadas e frutadas. Das terras mais altas – Highlands – saem whiskies de grande profundidade, já marcados por turfa e tostados, enquanto das Lowlands provêm os mais elegantes e femininos, muito aromáticos. Fortes e pungentes são os de Islay – pronuncia-se «aila» – que estão atualmente na moda e que estamos a aprender a apreciar. De Campbeltown e das ilhas mais pequenas vêm autênticas relíquias que apuram o sentido da descoberta e nos fazem fixar em marcas que vamos querer ter sempre à mão. Muito por onde escolher, excelente presente do dia do Pai, por isso propomos whiskies por grupos de preferência. Boas escolhas!

 

O pai Speyside, adepto da partilha

Os whiskies das destilarias desta região têm baunilha e mel como notas frequentes e transportam muitas das caraterísticas das madeiras em que estagiaram. São de longe os mais conviviais, pelo que o «pai speyside» gosta particularmente de oferecer e acompanhar whisky com os amigos e visitantes. Corresponde à maioria das destilarias de single malt e tem eco direto no mercado, não há quem não goste. Curiosamente, mesmo entre os adeptos fervorosos dos perfis mais austeros está sempre o pai de todos, que gosta mais de ver sorrisos na cara do que rugas na testa, o que facilmente se compreende. Ali vão ter barricas usadas onde já estagiaram bebidas tão diversas quanto vinho do porto, xerez e vinho da Madeira, impregnando com as essências que trazem inscritas nas aduelas os whiskies que nelas estagiam. É sempre um regalo beber um bom Speyside nos diversos momentos de consumo. É por isso a opção certa para o pai que bebe ocasionalmente e que gosta de partilhar.

 

O pai peaty, amigo dos sabores fortes

«Peaty» quer dizer «turfa» e corresponde ao grupo de aromas fumados e de carvão que identificamos facilmente nos single malts de Islay (não esquecer de dizer «aila»). Quem gosta de virilidade e fortaleza numa bebida é cliente da variante peaty, para muitos fãs é mesmo o ideal para um charuto forte como um torpedo. O «pai peaty» é, por isso, um pai hedonista, que gosta da exploração individual e do silêncio que ela proporciona. A família, de resto, normalmente não comunga da paixão pela turfa queimada exalada por um bom Islay, pelo que o pai a quem for oferecido vai perceber que é verdadeiramente para seu prazer que os filhos lhe estão a dar a garrafa naquele que é o seu dia. A diluição deve ser o mais moderada possível, apenas a suficiente – mas necessária – para tirar da bebida o manancial fumado que integra a personalidade do whisky. É também no caso dos Islay que uma só pedra de gelo pode arruinar o prazer de beber. O nosso presunto transmontano, fumado e bem seco, adora este estilo.

 

O pai chocolate

Por vezes esquecemo-nos do óbvio, quando adoçar a boca ao pai é tão importante, em jeito de recompensa pelo muito que se recebe. Não é um apelo nem incentivo à gulodice, muito menos «comprar» afetos e outros atos que não têm preço, mas antes proporcionar com chocolate uma prova menos óbvia e momentos inesquecíveis, que para mais podemos nós próprios partilhar com o pai. Começa no chocolate branco, simples, e vai até aos rigores do cacau acima de 70%, no injustamente conhecido como chocolate amargo. Tal como o vinho e o whisky, o chocolate é um produto de origem e há que procurar o estilo que mais se adequa ao nosso palato. E há que ter em conta que um simples 60% pode ser bem mais amargo do que um 100%, o segredo está na fava que o originou e na arte de quem o produziu. Certo é que, quando provados em simultâneo, chocolate e whisky podem ser uma experiência digna dos deuses. E para o pai mais renitente quanto a consumo de álcool, o chocolate é um ótimo desbloqueador de receios. Por isso, presente duplo aconselha-se. E, já agora, prova de grupo.