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11 tabernas de assinatura de norte a sul

Nesta fotogaleria, pode conhecer a seleção de 11 tascas melhoradas de norte a sul.
1. Delicatum, Braga Braga é a cidade bonita e monumental que conhecemos e é terra onde tradicionalmente se come bem, na abundância sistemática dos grandes dias de festa. Afinal estamos no Norte! Bacalhaus, sarrabulhos e tachos cheios dos sabores de sempre. André Antunes e a sua mulher Joana Vieira, ele nos vinhos ela na comida, abraçam e reconhecem a tradição bracarense e foram mais além com propostas de leitura inovadora do receituário e integração de cozinhas exóticas. Um bacalhau divino, gratinado com espinafres e camarão, é contraponto feliz ao que se pratica nas mesas regulares e o caril thai vermelho de camarão mostra o talante étnico de Joana Vieira, reforçado pela marroquina tagine de camarão e tâmaras. Imperdíveis os charutos de alheira com confit de cebola, viciantes os preguinhos de lombo de boi. Tascas assim… Travessa do Taxa, 2 Tel.: 253619584 Das 08h00 às 23h00. Encerra sábado ao almoço e ao domingo. Preço médio: 24 euros Taberneiros: André Antunes / Joana Vieira
1. Bolo do Pecado, sobremesa muito pedida no Delicatum.
2. 1858 Bbgourmet, Porto Entramos pelo portão do jardim e logo damos com o ambiente de filme, cenário possível no Quartier Latin parisiense ou em Portobello Road, Londres. Somos conduzidos a uma mesa no exterior – inesquecível, mesmo choviscando – ou no interior, conforto garantido num e noutro. A toada petisqueira sente-se e assume-se, com novidades de sonhar a seguir, se tiver havido a sensatez de reservar um quarto. Elisabete Pinto, Bekas, tem mundo, gosto e dedo para a cozinha e montou um cardápio orientado para a descoberta. De cair o caldo verde e scones de chouriço, nunca mais queremos outro, o polvo na chapa e coração de boi e os gnocchi com presunto e sálvia reprogramam-nos. Claro que há francesinhas, mas passadas pelo crivo criativo da chef. Adjudicadas as roliças, desde que não sejamos obrigados a dispensar o leitão estaladiço com risoto de laranja. Pensando bem, é melhor ficar a dormir… Rua de Cedofeita, 379 (Cedofeita) Tel.: 223295524 Das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 22h30; sábado e domingo, almoço até às 16h00; sexta e sábado, jantar até às 23h30. Não encerra. Taberneira: Elisabete Bekas Pinto
2. Robalo com Risotto Cítrico e berbigão, um dos pratos principais do 1858 Bbgourmet.
3. Taberna Ó Balcão, Santarém Rodrigo Castelo sabe, por experiência e inerência, tudo o que faz de um lugar um sítio especial para estar, conviver e comer. A boémia escalabitana é-lhe bem familiar, e encontrou a vocação adulta ao fundar este lugar único. O espaço corresponde ao de uma tasca tradicional, no ambiente, decoração e estrutura. Abriu há pouco e já tem uma secção de clássicos na carta com duas dúzias de petiscos que só apetece distribuir pelos dias da semana para garantir que não há intervalos. Cação lima-limão, jardineira de samos, coelho em escabeche, passarinhos com molho de malagueta doce, mini-hambúrguer de alheira, torricado de bacalhau, por exemplo, num dia. Noutros dias os outros, ou repetir tudo, quem sabe… Nos pratos mais substanciais, a perdição não é menor, regional e galhardo o rabo de toiro com puré de favas, pouco comum mas deliciosa a mãozinha de cordeiro, referencial a lombeta com batata-doce frita. Na angústia da escolha, venha o bacalhau assado com magusto. Rua Pedro de Santarém, 73 Tel.: 243055883 Das 12h00 às 23h00. Encerra ao domingo. Preço médio: 22 euros Taberneiro: Rodrigo Castelo
3. Passarinhos com molho de malagueta doce
4. Grapes & Bites, Lisboa Agora parece fácil, mas quando deram os primeiros passos, o «taberneiro« António Baeta e sua mulher Sílvia Mendes só tinham a certeza de que o vinho seria o ponto forte da casa. Tateando terreno, experimentando, a rede de produtores aumentou e a oferta culinária foi crescendo como uma trepadeira na fachada de uma casa, criando uma segunda pele e uma movida que outrora não era de enófilos inveterados como é hoje. Há vários sistemas de fazer uma exploração, até nas barricas ao alto se está bem, enquanto se conversa bebendo e picando. A tábua mista de queijos e enchidos portugueses é copiosa e dá para um par de horas vagarosas. Polvo gratinado no forno, alheira assada em alho francês e mexilhões gratinados em azeite de manjericão formam um bloco de iniciação que abre depois caminho para sabores e preparações mais complexos, sempre a pensar na bondade da ligação com o vinho. Coxa de pato confitada aromatizada com laranja e pimentos de Padrón recheados com queijo Serra da Estrela são bons exemplos. Rua do Norte, 81 (Bairro Alto) Tel.: 213472431 Das 12h00 às 23h00. Não encerra. Preço médio: 18 euros Taberneiros: António Baeta / Sílvia Mendes
4. Amostra variada de alguns dos pratos do menu do Grapes & Bites.
5. LDS Parede, Cascais O Lagar, em Escalhão, Figueira de Castelo Rodrigo, mantém a sua alma nos cimos graníticos que bordejam Foz Côa, e veio ocupar lugar em cima do mar, na Parede. Nasceu o LDS, Lagar do Douro Superior, com a mesma toada entradeira e os ingredientes primorosamente escolhidos. O cheiro a fumo da lareira deu lugar ao mar e ao trânsito da Marginal, de que felizmente é abrigo. Pedro Rocha domina com paixão o assunto vínico e a sua mulher Cristina Gomes fixou receituário que bem podia constituir nova antologia culinária, só por si. Neste seu novo espaço já desenvolveu cerca de meia centena de petiscos, mantendo os pratos principais que compõem o seu palmarés. Impossíveis, por isso, de elencar, ficando a nota de proibição de passar em branco pelas iscas de fígado em escabeche, um tratado, os ovos verdes, moelas, tortilha – de Abadengo e espanhola –, tiborna de salmão com lascas de queijo, «bocadilho» de rosbife em borras de vinho e pica-pau de vitela exemplar. Como tudo o resto. Avenida Marginal, Parede Tel.: 214570244/917777275 Das 12h30 às 15h00 e das 19h00 às 22h30. Encerra domingo ao jantar e à segunda. Preço médio: 22 euros Taberneiros: Cristina Gomes / Pedro Rocha
5. Tábua LDS, com presunto, queijo e uvas
6. LOVit, Cascais No promontório encimado pela Casa da Guia, desenvolveu-se um conjunto de espaços comerciais e de lazer onde dá gosto ir e onde há comida para todos os gostos. O LOVit é um deles e distingue-se pela especialização em profundidade nos tipos e estilos de comida que serve. Nuno Gião trouxe para aqui a sua experiência, os produtos que lhe são mais caros, e uma das ofertas de fusão mais eficazes do país. No capítulo entradeiro, por exemplo, imperdíveis a sopa de miso com amêijoas e tofu, as gyosa de camarão e a terrina de foie gras com geleia de Sauternes e tostas de especiarias, o que já dá para aquilatar a mundividência do chef. Seis tornedós, outros tantos risotos e massas, e sempre peixe de mar domado a preceito na cozinha e complementado por legumes, migas e molhos que acompanham bem. Nuno Gião criou no departamento oriental de sushi um cardápio rico de temaki, hossomaki, uramaki, gunkan e nigiri, com um colorido invulgar de sabores e sensações. O sashimi corresponde, frescura garantida nos peixes do dia, e a preparação única da «cozedura da lâmina», saber que o chef Gião consolidou ao longo dos anos. Casa da Guia, Avenida da República Tel.: 214862330 Das 12h00 às 16h00 e das 19h00 às 23h00. Encerra à segunda. Preço médio: 40 euros Taberneiro: Nuno Gião
6. Combinado LOVit
7. 490 Taberna STB, Setúbal Devia ser obrigatório existir uma casa destas em cada cidade. Boa onda, visibilidade, animação e boa comida. A chef Mónica às vezes aparece no início a aconselhar percursos pela farta carta, mas é Sérgio, seu marido, que se encarrega da tarefa não só na vertente sólida mas também na assessoria vínica. Os clientes habituais já contam com a sua memória para encarreirar a refeição sem falhar petiscos nem pratos favoritos. As asas de frango não são de grande memória, sabemos, graças ao mau trabalho dos fast food que as oferecem sem a mínima garantida de qualidade. Talvez por isso, as de Mónica são boas e gulosas. Os croquetes de alheira são divinos, consistência e sabor conseguidos. Pimentos de piquillo recheados, choco frito que lava o preconceito, de fritura exemplar, e um queijo no forno com compota de tomate que faz ter vontade de ir só para repetir. Ostras ao natural, sempre como a gente gosta, e no capítulo carnívoro de quem remata, boas costeletas de borrego e vazia maturada grelhada que vem fatiada em formato delícia, para partilhar. É lugar para voltar sempre. Avenida Luísa Todi, 490 Tel.: 265109960/934760982 Das 12h30 às 16h00 e das 17h00 às 23h30. Encerra à terça. Preço médio: 18 euros Taberneiro: Sérgio Coelho / Mónica Carromeu
Ostras frescas fazem as delícias dos clientes.
8. Tasca do Celso, Odemira Reduto do litoral alentejano que é também ponto de encontro de amigos e famílias. A sala de entrada demonstra-o bem, e logo ali apetece prometer não ter pressa de sair. Os espaços interiores ajudam ao recolhimento, puxando por isso ao convívio e a harmonia. Quem está de fora não diz nem adivinha a atividade no interior. José Cardoso batizou a casa com o nome do pai, homenagem mais do que justa e que gosta de explicar. A especialização em vinhos levou à criação de um wine bar, aumentando a sofisticação e alegria ao longo de cada dia. Petiscos bons são os queijos e enchidos que nos põem de início. E avançamos de forma a passar pelo máximo número de glórias possível. Gambas al ajillo, amêijoas à Bulhão Pato, peixe do dia grelhado, açorda de camarão, lulinhas fritas, carnes de bovino e porco preto para emprestar à grelha, a inefável carne de porco à alentejana, e a sugestão de doces terminações com sericaia e leite-creme. Rua dos Aviadores, 39, Vila Nova de Milfontes Tel.: 283996753 Das 11h00 às 23h00. Encerra à segunda. Preço médio: 28 euros Taberneiro: José Ramos Cardoso
8. Sericaia, uma das sobremesas de eleição da Tasca do Celso.
9. Paixa, Loulé Ainda há quem se lembre do Paixanito, na estrada de Loulé para Querença, e da toada petisqueira que aí havia. João Lourenço autonomizou-se e veio para mais junto da clientela que, insistente, lhe vinha pedindo a mudança. E fê-lo com a inauguração de uma das mais belas garrafeiras de sala do país, que ainda continuamos a poder apreciar sempre que que vamos a esta cantinho-maravilha de Vale do Lobo. O modo de usar deste espaço cosmopolita tanto passa pela refeição formal como pelo petisco fora das horas usuais. A qualquer hora, poder pedir queijo fresco de cabra com tomate e manjericão e o vinho favorito é privilégio de poucos. Os petiscos alinham-se rapidamente para o desfile. Orelha de porco de coentrada e torresmos são daqueles que a gente gosta. Requintados, a terrina de faisão e o foie gras de pato. Nos pratos mais tradicionais, conferimos e exploramos a glória desta cozinha. Carapaus brancos alimados, salada de polvo com pimentos, tártaro de sapateira, caracoletas selvagens com manteiga de alho, são títulos superlativos com um delicioso registo popular. Ainda as papas de milho, croquetes de rabo de boi e os rissóis de berbigão. Tarte de figo, sopa dourada, duas das muitas sobremesas a explorar. Quadradinhos, Lote 52, Vale do Lobo, Almancil Tel.: 289394699 Das 12h00 às 23h00. Encerra domingo ao almoço. Preço médio: 34 euros Taberneiro: João Lourenço
9. Mexilhão com ervas e limão pode ser uma das opções para entrada.
10. Tasca do Petrol, Monchique É o sítio mais difícil de encontrar da lista que apresentamos, mas só custa a primeira vez. Isto só diz do desconhecimento grande que ainda existe sobre a criação e a cozinha da serra algarvia, de que Monchique é ponto fulcral. Aliás, todo o Algarve clama de forma veemente por descoberta e estudo aturado. É injustamente julgado pelos frequentadores das praias ou quando muito do Barrocal. Aqui em cima, nesta tasca de mão culinária sábia de Nélia Nunes, dois irmãos na sala, os petiscos e os produtos do dia passam pela orelha de porco, lombos de porco na banha, cachola e morcela de sangue, como elementos singulares para picar. Depois a faceira de porco – bochecha inteira com o osso –, delícia que se raspa, cozido de couve, papas de milho, pernil no forno, cabrito assado e ensopado de javali põem-nos no céu, aqui mesmo por cima. A doçaria caseira algarvia tem aqui bandeira forte, há que conferir pelo menos o bolo de medronho e batata-doce, e a tarte de alfarroba, figo e amêndoa. EN267, Corgo do Vale, Marmelete Tel.: 282955117 Das 12h00 às 15h30 e das 19h00 às 22h30. Encerra à quarta. Preço médio: 14 euros Taberneiro: Nélia Nunes / Osvaldo Nunes
10. Lombos de porco na banha, cachola e morcela de sangue para picar.
11. O Sueste, Lagoa Sala de estar do Arade, balcão de Portimão, abrigo dos peregrinos do gosto e do sabor, podemos aplicar várias etiquetas a esta casa, mas nenhuma verdadeiramente lhe faz justiça. Não é pequena, é do tamanho da alma e alegria de Amadeu Henriques, personalidade que já faz parte da história epicurista do Algarve. O mesmo que, a pedido, vai buscar os seus clientes no seu barco ali à marina de Portimão, mesmo em frente, evitando uma viagem de alguns quilómetros. É estético aportar junto às oficiantes e crestantes grelhas onde ininterruptamente se sacrifica bom peixe, fresquíssimo. Está dito o tema central do Sueste, mas há mais. Cascaria pronta a debulhar, as fervuras prontas e sápidas dos xeréns e das caldeiradas, as cataplanas e a feijoada de búzios, por que saímos a suspirar. Sempre bom. Rua Infante Santo, 91, Ferragudo Tel.: 282461592 Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00. Encerra à segunda. Preço médio: 28 euros Taberneiro: Amadeu Henriques
O irresistível peixe fresco na brasa do Sueste.

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Serviço informal, relação direta com donos e cozinheiros, boa comida. Os três grandes argumentos das tascas em relação aos restaurantes estruturados. É inevitável a criação de amizades imediatas ou numa segunda visita, e no tempo da demissão de sentimentos que parece ser o nosso, como sabe bem o abraço de quem nos conhece!

Chamar tasca melhorada a um restaurante é, antes de mais, dizer que se distingue de uma tasca tradicional pelo vanguardismo culinário, oferecendo pratos de assinatura e que estão em linha com o que de bom se faz no país. Em todas as que propomos na nossa lista desta edição, é como estarmos em casa dos proprietários ou dos cozinheiros. Isto porque se trata de um vanguardismo livre de artifícios e truques.

Pegar no melhor produto e tratá-lo com carinho, fazer tudo a partir do zero, com o tempo necessário. Na verdade, é essa a grande origem das tascas; casas onde se comia bem que abriram porta para a rua. As preparações primorosas, feitas com o mesmo coração e o mesmo afeto com que se cozinha, tudo contribui e explica por que ficamos cativos destes lugares mágicos de recondicionamento e de prazer.