Publicidade Continue a leitura a seguir

Pedro Sá: “Os fortificados portugueses são os melhores do mundo”

O enólogo Pedro Sá. (Fotografia de André Rolo/GI)

Publicidade Continue a leitura a seguir

Distinguido como Enólogo de Vinhos Generosos do Ano 2022 (Prémios Grandes Escolhas), pelos vinhos do Villa Oeiras, Pedro Sá é incansável a promover este produto distinto. A “Evasões” falou com o enólogo durante o Enóphilo Wine Fest, que decorreu em novembro no Crowne Plaza, Porto.

O que se sabe sobre a história deste vinho?
Há referências que o datam do século XIV. No tempo do Marquês de Pombal [também Conde de Oeiras], tinha muita importância. Exportava-se imenso. Era reconhecida a sua qualidade nas diversas cortes europeias. Depois, a filoxera veio destruir toda aquela mancha de vinha. Já depois da filoxera, a região ficou muito reduzida devido à pressão imobiliária.

Quando é que a Câmara Municipal de Oeiras começou o projeto?
Nos anos 2000, a câmara plantou vinha. Na altura, existiam seis hectares e atualmente são 19 ou 20, plantados na quinta que pertenceu ao Marquês de Pombal e que é património camarário. Há outras quintas com dimensão muito pequena a produzir, mas a câmara é que é a grande impulsionadora, sem ela era impossível o vinho de Carcavelos ter ressurgido com tanta força.

Os vinhos fortificados da Villa Oeiras marcaram presença na Enóphilo Wine Fest. (Fotografias: André Rolo/GI)

Como se envolveu no projeto?
Trabalhei toda a vida nos vinhos fortificados e tenho uma carreira ligada a empresas de vinho do Porto. Sou minhoto, de Riba de Ave, e tirei o curso de enologia na UTAD. Os primeiros trabalhos foram na Ramos Pinto e estive 14 anos como diretor técnico na Sogevinus. Em 2011, convidaram-me para ser consultor deste projeto. Por isso, consigo conciliar a experiência em vinho do Porto, Moscatel do Douro e este magnífico fortificado.

Como se tem desenvolvido ao longo destes anos?
Tem sido um projeto fabuloso de acompanhar. Temos conseguido perpetuar a região, pois estamos a construir um património em termos de stock. Isso é importante porque os vinhos fortificados fazem-se exatamente de património. E temos de o deixar para que quem vier a seguir perceba o que tem nos barris e continue o trabalho. Trabalhar em fortificados é garantir stock para as gerações seguintes.

Pedro Sá foi eleito Enólogo de Vinhos Generosos do Ano 2022 (Prémios Grandes Escolhas).

O que distingue o vinho de Carcavelos de outros fortificados?
Primeiro, os vinhos fortificados portugueses são de longe os melhores do mundo. Ninguém fica indiferente a um Porto, Madeira ou Moscatel com 50 ou 80 anos. O vinho de Carcavelos é produzido com uma mistura de castas daquela microzona, a 800 metros do mar. Por isso, tem elegância, frescura, salinidade, acidez equilibrada. De resto, tem notas de frutos secos, de especiarias, dos químicos dos vinhos mais evoluídos, como os iodos, o vinagrinho. Outra coisa é a sua capacidade de envelhecimento. Se um Carcavelos com 15 anos fosse um Porto pareceria ter entre 30 a 40 anos. Tem uma capacidade de envelhecimento extraordinária.

Villa Oeiras
Galego Dourado, Ratinho, Arinto e Castelão são as castas mais utilizadas nestes vinhos, fortificados parcialmente com aguardente DOC da Lourinhã. Envelhecem principalmente em carvalho português (mínimo dois anos) e vão para o mercado após seis meses em garrafa. O Tinto Colheita 2009, o Villa Oeiras Superior 15 anos e o Villa Oeiras 7 anos são as referências atualmente no mercado. A quinta e a adega estão abertas a visitas e provas – reservas aqui.