Colocado no centro do bar, o poster do filme “007 – Operação Tentáculo” anuncia uma das maiores paixões de Pedro Oliveira: a saga de James Bond, o inspetor do MI-6 criado pelo escritor e jornalista britânico Ian Fleming a partir de Dusko Popov, um espião jugoslavo que passou por Lisboa como agente dos serviços secretos navais ingleses ao serviço dos Aliados. Na altura, também Cascais e Estoril faziam parte da rota dos espiões, que ficavam hospedados nos melhores hotéis da região.
À imagem dos hábitos de James Bond, também o bar serve cocktails clássicos e intemporais. Aberto a não-hóspedes (assim como no período do pequeno-almoço), é um convite a entrar no cenário que poderia ser também de filme, onde diferentes épocas e estilos se juntam, resultando de influências do universo dos interiores e da moda – John Fowler, David Hicks e Ralph Lauren – que Pedro Oliveira foi bebendo ao longo da vida e que empenhou neste projeto pessoal com a mulher, Alicia Valero.
Pedro chama-lhe “um pequeno grande hotel”, que à falta de spa, ginásio ou piscina interior presenteia os hóspedes e visitantes com interiores clássicos e luminosos, tal como os que visitava quando era criança e adolescente. “Todas as semanas pedia boleia às minhas irmãs para ir tomar o pequeno-almoço num hotel incrível que havia perto da minha faculdade”, confessa. “Observar pessoas de todas as nacionalidades a entrar e a sair e a viverem o hotel era, para mim, a representação de um sonho”.
Incutida pelos pais, a paixão pela hotelaria aliou-se à da decoração de interiores e levou-o a abandonar a banca privada ao fim de 20 anos, 16 dos quais passados na Suíça. “A hotelaria foi um passo natural quando começámos a pensar reciclar as nossas vidas depois de tantos anos a viver fora com os nossos filhos”, acrescenta. E a localização parecia já estar escolhida desde há muito. “Desde miúdo que acho esta praça mágica e venho ao quiosque tomar um café e ver as pessoas do bairro”.
Bucólica, com um fontanário e parque infantil nas imediações do Aqueduto das Águas Livres, a Praça das Amoreiras sempre transportou Pedro para a ideia do campo na cidade, e ilumina agora os 17 quartos dos pisos superiores e as duas suítes em mansarda, no terceiro. Desde a altura das tomadas à escolha dos tecidos e desenho dos candeeiros, tudo teve a mão do ex-bancário, que durante as obras fez uma pós-graduação em Gestão Hoteleira Internacional na escola Les Roches.
A paleta de tons verde, areia e bege transmite claridade e tranquilidade aos quartos, cujas casas de banho são revestidas em pedra mármore; enquanto as extremidades têm quadros com ícones históricos da política, da arte e do cinema. Qual museu, o Hotel das Amoreiras exibe também quadros e serigrafias de autores como os suíços Maurice Barraud e Alberto Giacometti e o espanhol Manolo Valdés; e um quadro pintado pelo pai de Pedro, colocado estrategicamente no átrio da entrada do hotel. No piso térreo existe ainda um pátio acolhedor centrado por uma oliveira centenária.
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