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4 quintas da região dos vinhos verdes que vale a pena conhecer

Percorra a fotogaleria para conhecer quatro quintas no Minho produtoras de vinhos verdes. Na fotografia: uma das vistas da Quinta de Santa Cristina, em Celorico de Basto. (Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)
01. Quinta da Covela Os verdes irreverentes O inglês Tony Smith viveu e trabalhou em vários países como jornalista, e há meia dúzia de anos encontrou poiso no vale do Douro, na zona de transição da região demarcada dos vinhos verdes e do Douro. Foi em 2011 que começou a produzir vinhos na Quinta da Covela, que teve outra vida, antes de ter entrado em falência. Quando Tony provou pela primeira vez os vinhos da Covela, nos anos 1990, lembra, estava ainda longe de pensar que um dia aquela seria a sua casa. Já na altura, a quinta queria ser diferente e fazia vinhos com, entre outras castas, as estrangeiras chardonnay e gewürztraminer. «Nos anos 80, Portugal era uma cápsula», considera o antigo jornalista. «Quando entrou na UE, as pessoas queriam coisas diferentes. E os vinhos da Covela eram irreverentes». (Fotografias de Pedro Granadeiro/GI)
01. Quinta da Covela Os verdes irreverentes Por isso, quando tomou conta da quinta juntamente com o empresário brasileiro Marcelo Lima, chamou o mesmo enólogo, Rui Cunha. Se bem que algumas das vinhas dessa fase se mantenham, e com as quais faz blends, apostou também no avesso, casta que ali encontra solo e clima ideal. «Hoje, as pessoas que bebem vinho gostam do que é autêntico e regional. Há muita gente à procura das castas menos conhecidas», considera. Na Quinta da Covela não se produzem vinhos frisantes e baratos, como muitas vezes se associa à região. A Quinta está aberta a visitas, onde se pode apreciar as ruínas da casa senhorial do século XVII, passear entre as vinhas e um frondoso bosque e fazer provas de vinhos.
02. Quinta de Santa Cristina Dar a volta à herança Esta quinta em Celorico de Bastos está na mesma família «há várias gerações», conta Mónica Pinto, que está a pôr a Quinta de Santa Cristina no mapa dos verdes, tanto pelo vinho, como pelo enoturismo. O seu avô e bisavô já produziam vinho, mas este era vendido a granel, como acontecia em muitas outras quintas minhotas. A família vinha para aqui passar férias e já em criança Mónica ajudavam na vindima. Através de herança, o pai, António Pinto, ficou com a propriedade. «Queria três hectares para brincar» depois da reforma, conta, mas logo percebeu que isso não era rentável. Decidiu comprar mais hectares (ao todo já somam 60), que além de vinha alberga muitas árvores de fruto. Começou então a produzir e a comercializar com marca própria.
02. Quinta de Santa Cristina Dar a volta à herança Os vinhos aqui são um pouco mais alcoólicos, com mais cor e mais estrutura, diz o enólogo Jorge Sousa Pinto, que gosta de fazer experiências, como é o caso dos espumantes. Perto da casa antiga, uma típica casa de agricultores, foi construída a adega, em 2013, e em 2015 começaram com o projeto de enoturismo. Com um vista panorâmica magnífica para as serras do Marão e do Alvão, a quinta e a adega podem ser conhecidas em caminhadas, piqueniques e passeios de segway. Isto aliado às provas de vinhos com produtos regionais e rafting no rio Tâmega.
03. Quinta da Lourosa De pai para filha Joana Castro decidiu seguir as pegadas do seu pai Rogério Castro nas lides da terra e é hoje a produtora e enóloga da Quinta da Lourosa. Passeando pelas vinhas, faz questão de mostrar como tudo começou. Uma capela em ruínas ao fundo - de 1665 - conta um pouco da história. Pertencia a um antepassado padre e foi construída para dar apoio à pequena população local. Mais tarde, veio a casa do padre e depois, o avô ficou com a quinta. «Já havia ramadas que davam bom vinho», conta Joana. O avô acabou mesmo por ser uma dos fundadores da adega cooperativa de Lousada, a mais antiga da região. Rogério Castro, hoje professor jubilado do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, conseguiu ficar com a quinta há 32 anos e replantou a vinha.
03. Quinta da Lourosa De pai para filha A quinta foi crescendo, construiu-se uma adega nova e a casa antiga, onde esta estava, foi transformada para alojamento turístico. A família Castro vive ali e recebe de braços abertos quem quer conhecer os cantos à quinta. Passeio pelas vinhas, visita à adega e provas das várias referências da casa são algumas das atividades que a quinta propõe. Tudo acompanhado por muitas histórias.
04. Quinta da Calçada Vinho para a estrela Fica em Amarante uma das mais antigas produtoras de vinho da região dos verdes. Apesar da fundação das Caves da Calçada datar de 1917, já ali se produzia vinho há muito tempo. António Lago Cerqueira foi um dos grandes influenciadores e dinamizadores do vinho na região nessa época. A Casa da Calçada Relais & Chateaux é hoje um boutique hotel de luxo, com restaurante de estrela Michelin, onde os vinhos têm grande preponderância.
04. Quinta da Calçada Vinho para a estrela O sommelier e sub-chefe de sala do premiado restaurante, David Teixeira, explica que parte das vinhas ficam junto do hotel, incluindo as vinhas velhas, parcela plantada ainda em 1917, com castas trazidas de França. «Ainda não se conseguiu identificar todas as castas aí existentes», explica. Certo é que o seu rótulo Vinhas Velhas, um vinho da gama mais alta da casa, tem um carisma próprio, lembrando que a região não se faz só de vinhos leves e frescos. Uma das melhores formas de se ficar a conhecer os vinhos da Calçada, é harmonizando-o com as propostas gastronómicas do chef Tiago Bonito.

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«Neste território faz-se vinho desde o tempo dos romanos», diz Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. No século XVIII, a região sofreu um «sobressalto, com a demarcação do Douro e teve enormes dificuldades comerciais».Em 1908, conseguiu-se demarcar a região e a partir daí deu-se «uma afirmação do produto». Nessa altura, «vendíamos sobretudo tinto dentro da região e para as comunidades portuguesas, sobretudo no Brasil», conta. Foi só no início dos 1970 que se deu a conversão da região de tintos para brancos, descobrindo-se uma «nova vocação que nos últimos anos tem sido aprofundada».

Hoje, é visto como um vinho diferenciado: «tem menos álcool, é mais fresco e tem personalidade própria que lhe é dado pelas castas tradicionais: o loureiro, o alvarinho, o azal, nos brancos, ou o vinhão, nos tintos», explica Manuel Pinheiro. Nos últimos anos, porém, a renovação da vinha tem influenciado a própria paisagem do Minho, com a transição da plantação de vinhas em redor dos terrenos para a criação de vinhedos em mancha contínua. Assim é o novo corpo desta região, feita de muitas almas e histórias, das quais fomos ao encontro, em vários pontos do Minho.

A Quinta da Covela, em Baião. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

 

A lei que criou regiões
As regiões dos Vinhos Verdes e do Dão são as mais conhecidas (e de maior expressão, em área) que celebraram agora a passagem dos 110 anos sobre a demarcação como Regiões Vitivinícolas, mas mais regiões de vinhos foram reconhecidas pelo documento assinado em 18 de setembro de 1908 pelo rei D. Manuel, durante a legislatura de João Franco (posteriormente regulada pelo decreto de 1 de outubro de 1908). Foram elas as regiões de Carcavelos, Colares e Bucelas. Nessa lei, foi ainda reconhecido, para uso oficial, as designações de Porto, Madeira, Carcavelos e Moscatel de Setúbal para os vinhos generosos, entre outras providências relativas à produção e designação de vinhos.

 

Percorra a fotogaleria para conhecer quatro quintas no Minho produtoras de vinhos verdes.

 

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