Roteiro pela primavera em São Miguel

As águas termais do Parque Terra Nostra são uma das atrações das Furnas, em São Miguel. (Fotografia: Adelino Meireles/GI)
São os muitos encantos da luxuriante vegetação que lhe conferem o epíteto de ilha verde. São verdes as colinas e os vales onde as manadas de vacas parecem salpicos brancos e de onde emergem lagoas, no lugar de antigas crateras vulcânicas. Mas há que estar preparado para o temperamento da ilha, ora de céu azul e luz radiante, ora chuvosa e enevoada, a toldar a vista dos seus tesouros. Tem um abraço quente, das águas termais e pratos de conforto que saem da terra fumegante, tanto quanto da hospitalidade dos micaelenses, e dos que, apaixonados pela ilha, resolveram ficar. Este é um roteiro para conhecer todos esses encantos - com passagem por alguns dos mais famosos postais - ao ritmo do descanso, e à boleia das camélias que estão a florir no Parque Terra Nostra, delicadas e surpreendentes, como é também São Miguel.

Receber a Primavera no aconchego das Furnas, em São Miguel

Tomar um banho de água termal temperado por chuviscos, passear por entre uma belíssima coleção de camélias ou provar o famoso cozido saído das entranhas de um vulcão são alguns dos convites que o Vale das Furnas faz a quem o visita.

# Mil e uma camélias em flor
Por esta altura, a incrível coleção de camélias do Parque Terra Nostra está a florescer, e a pintar de várias cores o cenário verde desse maravilhoso jardim botânico com mais de 200 anos.

Algumas mais exuberantes, outras mais discretas. Pequenos botões brancos escondidos entre a folhagem ou flores aparatosas, bem abertas e onduladas, de cor carmim, amarelas ou até listradas. “Uma pessoa pode passar aqui um dia inteiro que está sempre a ver flores diferentes”, garante Carina Costa, engenheira agrónoma e uma das responsáveis pelas maravilhas botânicas do Parque Terra Nostra, um exuberante jardim com 12 hectares e meio, detido pela Bensaude Hotels Collection. Foi o pai, Fernando, o jardineiro chefe que na década de 1990 começou a desenvolver e expandir a coleção de camélias do jardim, atualmente a maior coleção de plantas do parque, e a atração principal nos meses em que floresce.

Parque Terra Nostra (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

“Ele sabia que era uma planta que se dava muito bem às nossas condições, e depois foi-se apercebendo que o mundo das camélias era tão grande, havia tanta diversidade, que começou a apaixonar-se”, conta a filha. Existem milhares de cameleiras espalhadas pelo jardim, e mais de 800 tipos diferentes – “o meu pai quer chegar aos mil”, comenta Carina -, que dão pretexto a um passeio demorado para admirar todas as suas particularidades: a forma das folhas, a cor das pétalas, o perfume… “Esta é a mais antiga cameleira que temos no parque, tem 110 anos”, diz a engenheira, apontando para uma planta de tronco robusto. Carina herdou do pai a paixão pela botânica e guia-nos com entusiasmo pelo parque, chamando a atenção para algumas das plantas mais raras e partilhando curiosidades.

“A história da cameleira nos Açores está muito ligada ao chá, que é proveniente da camellia sinensis. No início do século XIX, os Açores, e a ilha de São Miguel principalmente, produziam muitos citrinos, e as cameleiras parecem ter surgido inicialmente para formar sebes que protegiam os citrinos dos ventos fortes, não eram vistas como plantas ornamentais”, explica. Quando houve um declínio da produção de citrinos, o chá ganhou força e com ele mais variedades de camélias começaram a chegar à ilha.

Parque Terra Nostra – Carina Costa (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

“As cameleiras vêm originalmente da Ásia e as espécies mais puras, antes de serem cruzadas pelo Homem, têm flores bastante singelas, flores mais pequenas”, realça Carina, confessando que são essas, as mais discretas, as suas preferidas, por serem menos comuns. “Depois os jardineiros começaram a cultivá-las na procura de encontrar melhores formatos, melhores perfumes e daí esse boom de cameleiras que temos hoje em dia”.

A engenheira aponta “cerca de 220 espécies puras”, das quais apenas três ou quatro são ornamentais e estão na origem de centenas de novas espécies. São as rainhas no inverno e estão em plena floração entre fevereiro e março, “mas a gente aqui tem camélias todo o ano”, realça.

Parque Terra Nostra (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Ainda que as camélias sejam a maior atração do parque por esta altura, há muitos outros motivos para conhecer este belíssimo jardim recheado de exemplares exóticos e endémicos. Foi fundado em 1775, por Thomas Hickling, um abastado comerciante americano, cônsul em São Miguel, que se apaixonou pelas Furnas, construindo ali uma casa de campo.

“Isto é um jardim construído ao estilo inglês, então tudo foi desenhado para parecer o mais natural possível. Há uma imitação da natureza, mas em bom”, descreve Carina. A densidade de árvores de grande porte do parque assemelha-se a uma pequena floresta, que convida a um mergulho na natureza, embalado pelos sons da avifauna. De passeio pelos caminhos de terra é ainda de atentar à coleção de fetos com mais de 200 espécies, e a de cicas, árvores semelhantes a palmeiras – “são consideradas fósseis vivos, viveram com os dinossauros”, realça Carina -, a romântica Avenida das Ginkgo Biloba, que no inverno se cobre de folhas alaranjadas, clareiras convidativas à meditação, lagos, grutas e canais de água. De todos estes e mais tesouros se faz este jardim histórico.

 


# Óleo de camélia e banhos quentes
Inserido no cenário exuberante do jardim botânico, o Terra Nostra Garden Hotel é um refúgio de bem-estar, clássico e elegante, que permite aos hóspedes acesso ilimitado ao tanque de água termal.

A origem vulcânica de São Miguel mostra-se sem rodeios à chegada a esta freguesia do concelho da Povoação. As bermas da estrada fumegam e há um subtil cheiro a enxofre no ar. Quando as águas termais deste vale em ebulição começaram a ganhar fama, na década de 1930, a Associação Terra Nostra – formada também nessa altura com o intuito de promover São Miguel como destino turístico internacional – criou uma das maiores referências de hospitalidade da ilha, o Terra Nostra Garden Hotel. A dar as boas-vindas aos visitantes das Furnas há 87 anos, é o lugar ideal para desfrutar de todos os encantos da região.

O hotel conta com 86 quartos elegantes e espaçosos, distribuídos por duas alas: a Art Déco, construída na década de 1930 e que mantém o charme da época, e a ala Jardim, adicionada na década de 1990, e onde se encontra também o spa e a piscina interior.

Terra Nostra Garden Hotel (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

O quadro verde e frondoso do jardim botânico serve de cenário às salas de tratamento envidraçadas, e cria um ambiente tranquilo, ideal para experimentar o novo tratamento de rosto. Dura pouco mais de uma hora, e destaca os produtos da Ignae, uma marca de cosméticos açoriana, que utiliza óleos de camélias recolhidas do Parque Terra Nostra. O périplo inclui limpeza, esfoliação, massagem drenante, máscara detox com spirulina da ilha Graciosa e hidratação da pele.

Terra Nostra Garden Hotel (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Os hóspedes do hotel podem ainda aceder livremente durante as 24 horas do dia ao jardim e à famosa piscina termal, uma das grandes atrações do parque e das Furnas. Trata-se de um grande tanque de água de cor barrenta – devido ao alto teor de ferro – a uma temperatura entre os 35 e 40ºC. Uma recomendação: evitar fatos de banho de cores claras, pelo risco de ficarem permanentemente manchados.

Mais abaixo, escondidos na canópia do jardim, existem dois tanques mais pequenos, também de água termal, para banhos igualmente relaxantes. Se ocorrer uma chuva passageira, como é frequente na ilha, os chuviscos temperam o calor da água termal e reforçam a sensação de se estar num ambiente tropical.

Parque Terra Nostra (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Mais sítios onde ir a banhos quentes na ilha:
# Caldeira Velha
O Monumento Natural da Caldeira Velha, na Ribeira Grande, faz parte do Complexo Vulcânico do Fogo e é um dos locais mais procurados da ilha para ir a banhos quentes. É um conjunto de quatro tanques, enquadrados num cenário verde exuberante da encosta da floresta da Serra da Água de Pau, com água termal a uma temperatura média de 34ºC. Na piscina maior, ao fundo do parque existe também uma belíssima cascata. O espaço foi recentemente equipado com uma nova zona de banhos, vestiários e cacifos.

Caldeira Velha (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

# Ponta da Ferraria
No extremo oeste da ilha, a paisagem protegida da Ponta da Ferraria, uma fajã lávica que se adentra no mar, oferece uma experiência muito especial. Ali, a atividade vulcânica submarina permite ir a banhos quentes no mar, numa enseada de água salgada que ronda os 30ºC (a temperatura varia com a maré). Ao lado, existe também um complexo termal, encaixado entre grandes falésias e o oceano.

Ponta da Ferraria (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 


# Cozido da terra e outros sabores
No restaurante do hotel Terra Nostra trabalham-se os produtos locais e regionais com um toque contemporâneo.

Uma visita às Furnas implica provar o famoso cozido feito com o calor da terra, mas o hotel vai mais além e propõe uma atividade interativa, desafiando os hóspedes a “preparar o seu próprio cozido”. A experiência começa com uma ida às compras na frutaria e no talho da freguesia, na companhia do subchefe Valter Vieira, que nos fala de todos os ingredientes do famoso prato. Depois, passa para a cozinha, onde são preparadas as carnes e os vegetais e montada a grande panela – os ingredientes são ordenados de forma a garantir o ponto de cozedura ideal -, que segue logo para as caldeiras das Furnas. Uma vez ali, vale a pena dar um passeio em redor da lagoa e admirar a bonita capela de Nossa Senhora das Vitórias, de estilo gótico e vitrais coloridos, mandada construir por José do Canto, uma das figuras mais conhecidas do arquipélago, que ali jaz.

Cozido das Furnas (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

O ritual de colocação e retirada das panelas da terra é um espetáculo que junta muitos curiosos em redor dos buracos onde aquela especialidade fica entre sete a oito horas a cozinhar lentamente com o vapor do vulcão. “Metemos as panelas às 5h da manhã para o cozido estar perfeito para o almoço”, realça Valter. O prato está disponível todos os dias no restaurante de sala luminosa, aberta para o quadro verde do jardim, e o cliente pode repetir as vezes que quiser. Quem não come carne também pode saborear pratos saídos das entranhas do vulcão, como o cozido vegetariano com couscous ou a caldeirada de bacalhau.

Cozido das Furnas (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

A carta exibe ainda outras propostas que celebram os produtos locais e regionais, como os filetes de abrótea, o creme de inhame e os bifes do lombo dos Açores. Optando por um dos menus de degustação pode ser-se surpreendido com um polvo frito, com ananás e redução de vinho do Porto, um xaréu salgado com aipo, tangerina e limão galego, ou um novilho regional com molho pimenta, puré de favas e telhas de queijo São Miguel. Para refeições mais ligeiras e cocktails de assinatura há o bar e terraço The Gardener.

 

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Primavera em São Miguel: Entre campos verdes e arte contemporânea, na Ribeira Grande

A plantação de chá mais antiga da ilha (e da Europa) ainda em funcionamento, e um centro de artes nascido em frente ao mar são algumas dos atrações da costa norte de São Miguel.

# Um museu vivo do chá
Foi a autossuficiência energética que permitiu à Gorreana, fundada em 1883, resistir até aos dias de hoje. Uma visita à fábrica parece uma viagem no tempo.

A Gorreana é a mais antiga plantação de chá da Europa de portas abertas. (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

Seria de esperar que as máquinas centenárias que se encontram ao entrar na Fábrica de Chá Gorreana fossem peças de museu. E são, mas também são as mesmas usadas desde 1926 para transformar as folhas de camellia sinensis em chá. Quem visitar a plantação entre abril e outubro tem boas hipóteses de as ver em pleno funcionamento.

Chá Gorreana (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

Na mesma família há cinco gerações, a Gorreana continua a fazer chá segundo a tradição e gaba-se de não utilizar quaisquer químicos nas suas plantações. Depois da primeira Guerra Mundial, abateu-se uma grande crise na produção de chá dos Açores, mas a fábrica conseguiu resistir, em boa parte pela sua autossuficiência energética, conseguida através do aproveitamento de um curso de água que atravessa a propriedade (e que pode ser acompanhado ao longo de um percurso pedestre). Mais tarde foi o turismo que veio ajudar a manter a mais antiga plantação de chá da Europa de portas abertas.

Chá Gorreana (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

Quem ali chega, além de uma paisagem de postal, pode contar com uma visita guiada na qual são explicados os respetivos processos de produção do chá verde e do chá preto. O acabamento acontece numa sala no interior, onde um grupo de mulheres escolhe e embala o chá à mão. Os visitantes têm depois oportunidade de provar a bebida quente e conhecer outros produtos da marca na loja à saída. Se o tempo inconstante da ilha o permitir, recomenda-se um passeio pela plantação, 40 hectares de sebes verdes que se desdobram sobre o mar.

 


# Um espaço de e para a arte
Inesperado e imponente, o Arquipélago é uma bonita surpresa à chegada da Ribeira Grande. A intervenção arquitetónica deste centro cultural dá tanto pretexto a uma visita quanto a arte que acolhe.

À entrada da segunda maior cidade de São Miguel, voltado ao mar, impõe-se o belíssimo conjunto arquitetónico do Ar­quipélago – Centro de Artes Contemporâne­as. Inaugurado em 2015, o projeto resulta da reabilitação de uma antiga fábrica de álcool e depois de tabaco, e de um novo edifício criado de raiz para compor o centro cultural. A intervenção arquitetónica, em que predomina o negro da pedra vulcânica, é tanto uma atração quanto a arte que acolhe.

Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Pensado para ser um espaço de criação e divulgação artística, o Arquipélago é composto por diversas salas e ambientes expositivos, salão multiusos, laboratórios artísticos, biblioteca, livraria e espaço de residências. A programação inclui exposições de pintura, escultura e instalações, e ainda lugar às artes performativas com espetáculos de música, dança e teatro.

O centro possui também uma coleção de arte contemporânea, de artistas locais, nacionais e internacionais, que vai integrando as várias exposições. É exemplo a mostra “Chorinho Feliz”, patente até 17 de abril, um conjunto de obras que remetem “para momentos de convívio e de festa” e pretende ser “um olhar às tradições, festas populares, romarias, bailes e mesas postas”.

 

O envolvimento da comunidade é um dos alicerces do Arquipélago, que promove regularmente atividades e workshops para crianças, jovens e adultos. No sábado, dia 26 de março, foi inaugurada a exposição “Transformatório – Themlitz & Companhia”, da artista plástica Susanne Themlitz, nas caves do centro cultural. A instalação será construída com a “interação de várias comunidades” ao longo dos próximos nove meses.

 

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São Miguel: Duas histórias de amor pela ilha

Tatiana e Maxime, Caroline e Ali são a prova de que São Miguel tem o poder de nos deixar arrebatados e com vontade de regressar. Alguns até acabam por ficar e criam novos tesouros na ilha.

# Um bistro europeu
O Louvre Michaelense é já um clássico: antiga loja de chapéus e tecidos transformada em café, levou agora uma lufada de ar fresco sob a gerência de um casal que se apaixonou pela ilha.

Tatiana Pertegato e Maxime Le Van foram pela primeira vez a São Miguel em 2019, para casar. Ela italiana, ele francês, ambos a trabalhar em restauração no Dubai, aproveitaram a pandemia para mudar de vida e encontrar poiso num lugar “mais próximo da natureza”. Os Açores foram a escolha óbvia.

O Louvre Michaelense transformou-se num bistro pelas mãos de um casal que se apaixonou por São Miguel. (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

No final de 2020 o casal assumiu a gerência do Louvre Michaelense, uma antiga chapelaria centenária no centro de Ponta Delgada, transformada em café e mercearia fina há poucos anos, dando-lhe uma lufada de ar fresco.

 

Agora, a cozinha funciona durante todo o dia, com Maxime ao comando das operações. Há propostas de pequeno-almoço e brunch, como as panquecas, o abacate panado com molho chipotle ou o croque monsieur.

Ao almoço e ao jantar brilham pratos de cozinha moderna europeia, com foco nos produtos locais e “algum flair francês”, nota Tatiana. Uma surpreendente salada de couve-flor assada, polvo grelhado com chimichurri ou o “saltimbocca” de frango são algumas das especialidades, apaladadas e generosas.

Louvre Michaelense (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

Diariamente há ainda pratos especiais, criados conforme o que houver no mercado, e às sextas e sábados há jantares temáticos, que convidam a embarcar numa viagem pela gastronomia de outro lugar do mundo. As novidades estendem-se ainda a uma nova carta de cocktails, a cargo de Tatiana, entre eles um gin tónico feito com o gin Baleia, outro projeto criado por um casal apaixonado pelos Açores.

O espaço funciona ainda como showroom de peças de artesanato de vários artistas locais e nacionais.

 


# Gin do mar dos Açores
Ali Bullock não esconde o seu apreço por um bom Gin & Tonic. Tanto é que começou a colecionar garrafas de gin. Hoje tem mais de 650, e dá a conhecê-las no seu The Gin Library.

Tudo começou em Hong Kong, onde Ali e a mulher Caroline viveram durante 12 anos. Os amigos que ocasal inglês convidava para um gin em sua casa, começaram a levar garrafas de outros países para complementar a pequena coleção de Ali, e quando trocaram a Ásia pelos Açores, trouxeram com eles mais de 300 gins.

The Gin Library (Fotografia: DR)

 

O casal visitou pela primeira vez São Miguel em 2006, em lua de mel, e regressaram em 2018 com a ideia de criar um um boutique hotel, o Solar Branco Eco Estate, focado na sustentabilidade, património e elegância, e que deverá abrir no próximo ano. Entretanto, Ali e Caroline dedicam-se à sua biblioteca de gins – The Gin Library – , que já cresceu para mais de 650 exemplares vindos de mais de 35 países, o que faz dela a maior coleção privada de gins da Europa.

 

O bar foi recentemente renovado para acomodar a crescente coleção de garrafas, alinhadas em prateleiras que revestem toda a sala. “Quem quer que venha e traga um gin que não temos na coleção tem direito a uma masterclass para duas pessoas”, avisa Ali. E esta é uma das razões pela qual a coleção não para de aumentar. Na masterclass, disponível através de marcação prévia, Ali fala um pouco sobre a história do gin, dá a conhecer produtores locais e ensina a preparar um “G&T perfeito”. Os visitantes são também encorajados a provar gins de outros países, podendo contar com a experiência de Ali para ajudar na escolha.

Em 2020, o confinamento incentivou-o a criar o seu próprio gin, e alguns meses depois nasceu o Baleia Gin, destilado ali mesmo, em São Miguel, a partir de uma mistura de zimbro e algas recolhidas de forma sustentável do mar ao redor da ilha, o que lhe dá um toque ligeiramente salgado. O rótulo exibe uma bonita ilustração da artista local Catarina Limão.

Baleia Gin (Fotografia: DR)

 

Em simultâneo ao lançamento do gin, o casal criou também a Fundação Ocean Azores, que pretende apoiar projetos focados na proteção das águas que rodeiam o arquipélago. Por cada garrafa de Baleia Gin vendida, Ali e Caroline doam um euro para apoiar projetos de conservação de baleias nos Açores.

 

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São Miguel: Cinco locais a visitar antes de partir

Para aqueles que conduzem, uma boa forma de explorar a ilha é alugar um carro e partir à descoberta dos muitos pontos de interesse de São Miguel. Há alguns lugares de visita incontornável, que devem entrar no roteiro de qualquer visitante.

# Lagoa de Sete Cidades
É talvez o postal mais conhecido de São Miguel (a par das vacas pretas e brancas a pastar nos campos verdes). O maior reservatório natural de água doce de superfície dos Açores, classificado como paisagem protegida, formou-se na cratera de um vulcão cuja última grande erupção aconteceu em 1445. A caldeira é ocupada por dois grandes lagos atravessados por uma ponte que dá acesso à povoação. São chamados de Lagoa Verde e Lagoa Azul, por terem tonalidades diferentes, sendo que a maior espelha o céu azul, e a mais pequena reflete a vegetação em redor e terá uma maior concentração de algas. A tradição oral açoriana, no entanto, tem outra explicação. Diz a lenda que foi a história de amor proibido entre uma princesa de olhos azuis e um pastor de olhos verdes que deu origem aos dois lagos. Num último encontro, choraram tanto que as suas lágrimas formaram a Lagoa de Sete Cidades.

Lagoa de Sete Cidades (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

# Lagoa do Fogo
A Lagoa do Fogo, assim como o vulcão que a originou, é a mais jovem da ilha – o último colapso que deu forma à caldeira terá ocorrido há cerca de cinco mil anos -, e tida por muitos como uma das mais belas. Devido à pouca intervenção humana, conserva ainda uma beleza selvagem, com muita da sua flora endémica, como o cedro-do-mato, o louro, a urze ou o sanguinho. A imponente caldeira, a mais alta de São Miguel, com 949 metros, cobre-se de vegetação exuberante que rodeia a lagoa de um azul profundo. Vista de um dos miradouros, a sua monumentalidade transmite paz e pode ser apreciada ainda mais de perto, através de trilhos pedestres que permitem descer a cratera.

Lagoa do Fogo (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

# Cerâmica Vieira
De passagem por Lagoa, impõe-se uma visita à fábrica da Cerâmica Vieira, a única fábrica de faiança vidrada nos Açores, fundada em 1862, e na mesma família há cinco gerações. Percorrendo as salas, o visitante pode assistir a todo o processo artesanal de produção, desde a modelagem até à pintura à mão, em que predominam motivos de cor azul. Curiosamente, é provável que vá encontrar apenas mulheres, artesãs, a trabalhar o barro e a pintar as bonitas peças de louça decorativa e utilitária, e azulejos. No final, pode encontrar muitas dessas louças à venda na loja da fábrica.

A fábrica da Cerâmica Vieira, em Lagoa, é um dos lugares de visita incontornável, numa ida a São Miguel. (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

Cerâmica Vieira (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

# Plantação de ananases A. Arruda
Na Fajã de Baixo (Ponta Delgada), a capital dos ananases dos Açores, ficam as estufas mais antigas do arquipélago, a plantação A. Arruda. A cultura desse fruto exótico foi introduzida na ilha em meados do século XIX, como alternativa ao declínio da produção de laranja, e o empresário Augusto Rebelo Arruda foi um dos primeiros a apostar no ananás, numa antiga quinta de família. Quem visita a plantação, de forma gratuita, pode circular de estufa em estufa, com ananases em diferentes estágios de crescimento. O fruto brota do chão e demora cerca de 18 meses a ficar pronto para ser colhido.

Plantação de ananases A. Arruda (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 

# Jardim José do Canto
Este jardim botânico construído no século XIX por José do Canto, no sítio de Santana, em Ponta Delgada, impressiona desde logo pelas árvores da borracha de porte monumental e raízes que servem de assento para apreciar as muitas outras plantas que povoam o parque. Pinheiros-de-damara , araucárias-de-bidwill, melaleucas, turpentine e eucaliptos indígenas da Austrália; pinheiros-da-Nova-Caledónia foram algumas das milhares de espécies importadas pelo açoriano, muitas delas utilizadas posteriormente para povoar as suas matas ajardinadas das Furnas e da Lagoa do Congro.

Jardim José do Canto (Fotografia: Adelino Meireles/GI)

 


# Comer e dormir junto ao mar
Na marginal de Ponta Delgada, o grupo Bensaude detém duas moradas de repouso e repasto com vista para o mar. O Grand Hotel Açores Atlântico, o primeiro cinco estrelas do portefólio, já existe desde 1993, mas uma recente renovação dotou-o de uma nova cara que homenageia a primeira grande actividade da família Bensaude, a navegação. Vale a pena conhecer as propostas do chef José Gala, no restaurante Balcony, focadas nos produtos regionais com um toque internacional. É exemplo o creme de lapas com algas do Pico ou o pargo dos Açores com perna de caranguejo do Alasca e um reconfortante arroz cremoso de camarão e algas.

 

Mais à frente fica o Hotel Marina Atlântico, com uma vertente mais corporativa, equipado com spa e ginásio, quartos espaçosos e um restaurante com vista para a marina que é igualmente uma surpresa: destaca-se o maravilhoso risoto de enchidos regionais e o naco de novilho dos Açores com mil folhas de batata e queijo da ilha de São Jorge.

 

A Evasões viajou a convite do grupo Bensaude e circulou na ilha de S. Miguel numa viatura cedida pela Wayzor.

 

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