Porto: cemitério da Lapa volta a ser palco de visitas guiadas

Cemitério da Lapa, no Porto. Fotografia: Pedro Granadeiro/GI
O Cemitério da Lapa, considerado o mais antigo cemitério romântico português e classificado como Imóvel de Interesse Público, acolhe mais um ciclo de visitas guiadas, com entrada livre. Arranca no próximo sábado e estende-se até setembro, sempre ao fim de semana.

A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa organiza, pelo quarto ano consecutivo, um ciclo de visitas temáticas orientadas por historiadores, duas delas noturnas. A primeira é já neste sábado, às 10h30, tem como tema «Os liberais» e é conduzida por Germano Silva. Segue-se, no dia 15 de junho, às 21h30, «Por entre mestres pedreiros e canteiros», com Francisco Queiroz.

Estes passeios com história prosseguem no dia 6 de julho, às 10h30, com «Percursos transatlânticos da burguesia portuense», a cargo de Jorge Ricardo Pinto; e no dia 13 julho, às 21h30, é a vez de Sérgio Veludo se debruçar sobre o tema «Simbologia maçónica». O ciclo continua no dia 20 julho, às 18h30, com Francisco Queiroz a falar sobre «Estatuária romântica»; e termina no dia 8 setembro, às 10h30, com a visita «Um cemitério nos caminhos de Santiago», ao cuidado de Joel Cleto.

O Cemitério da Lapa, criado como um espaço arruado e ajardinado, está cheio de monumentos que vale a pena apreciar.
Fotografia: DR

A iniciativa é gratuita, mas exige inscrição prévia junto dos serviços da Irmandade (telefone: 225502828; e-mail: [email protected]).«Geralmente, as pessoas visitam os cemitérios em momentos de dor ou de saudade e não prestam atenção a alguns pormenores do ponto de vista artístico, paisagístico ou arquitetónico que o cemitério tem para nos oferecer», observa Manuela Rebelo, mesária da Irmandade da Lapa.

Monumentos, escritores e um cão

O Cemitério da Lapa encerra várias obras de arte do período romântico, da arquitetura à escultura, passando pelas artes do ferro e da cerâmica. E, além de contar parte da história do Porto, está cheio de curiosidades. Por exemplo, há um jazigo que tem uma escultura em tamanho natural de um cão que, após o falecimento do dono, José Mendes Braga, continuou, fiel, junto do seu corpo.

Escultura de um cão que, após a morte do dono, permaneceu, fielmente, junto do corpo.
Fotografia: Igor Martins/GI

São também diversas as figuras ilustres aqui sepultadas – é o caso dos escritores Camilo Castelo Branco, Arnaldo Gama e Soares de Passos, dos arquitetos e artistas Marques da Silva e Marques de Oliveira e do bispo D. Manuel de Santa Inês.

Para se perceber o contexto em que nasceu o Cemitério da Lapa, há que recuar a 1833. O Cerco do Porto e a epidemia de cólera que se seguiu lotaram os locais ancestrais de enterramento, no interior das igrejas portuenses, o que levou a Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa a pedir a D. Pedro IV autorização para criar um cemitério privativo exterior à sua igreja. Seria provisório, mas dura até hoje.

Oficialmente, a criação do cemitério foi anterior ao decreto de 1835, que instituiu os cemitérios públicos, e só foi oficialmente benzido no Verão de 1838. A propósito, o primeiro cemitério público do Porto foi o Prado do Repouso, mandado erguer na Quinta do Prado do Bispo, como informou Manuel Araújo, técnico da Câmara Municipal do Porto, no passado dia 16, na Casa do Infante, numa sessão dedicada aos cemitérios municipais da cidade, inserida no ciclo «O Documento do Mês».

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