Ponte de Lima: vinhos, petiscos e receitas centenárias

Casa da Terra (Fotografia: Igor Martins/GI)
Nas boas mesas de Ponte de Lima cabem vinhos e comida tradicional minhota, mas também petiscos. Sarrabulho, bacalhau, misto de carnes e tábuas fazem parte da ementa.

1. A Carvalheira – vinhos a par da cozinha do Alto Minho

Fotografia: Igor Martins/GI

Desde os 14 anos que a vida de José Gomes está ligada à restauração. Começou a trabalhar num café-restaurante de Viana do Castelo e foi aí que aprendeu as bases da cozinha e de gestão hoteleira. “Quem está a atender à mesa tem de saber como os pratos são confecionados”, afirma, reconhecendo ter sido assim que conseguiu chegar onde chegou.

“É bom o cliente saber o que está a pedir. É isso que distingue a boa da má restauração”, explica. A fama demorou a conquistar. Ainda esteve numa outra casa especializada em peixes e mariscos até que, aos 23 anos, se estabeleceu por conta própria. Fundou o restaurante A Carvalheira, em 1995 na freguesia de Arcozelo. Logo o local se tornou paragem obrigatória para residentes e visitantes do Alto Minho. O sucesso, diz, “está em gostar de hotelaria”. Mas só isso não chega. “O segredo é ser um bom chefe ter um bom cozinheiro”, defende.

Em 2014, o empresário entrou em novo desafio e transferiu A Carvalheira para novo espaço com melhores condições. Com jardins verdejantes e parque automóvel o ambiente do restaurante, agora localizado em Eido-Velho, Fornelos, é mais acolhedor e requintado. Os pratos continuam a traduzir o que de melhor a cozinha tradicional minhota tem para oferecer.

Há sarrabulho de Ponte de Lima, o bacalhau com broa (foi a primeira casa a fazer a iguaria há 25 anos, sendo hoje um prato confecionado um pouco por todo o país) o pernil de porco assado no forno, o cabrito assado e deliciosas sobremesas: leite-creme, pera borrachona e o impagável pudim Abade de Priscos.

Na cozinha quem manda é Maria Teresa, irmã de José Gomes, que o acompanha desde há muitos anos. Na sala o filho, Ricardo, divide o atendimento e começa a tomar as rédeas da gestão do restaurante. Uma das mais-valias do A Carvalheira é a sua garrafeira com 300 a 400 referências de vinhos, com destaque para os verdes da região. Caso raro na restauração do concelho. Ali encontra-se “desde o vinho ‘base’ até ao de topo”, dois oito aos 700 euros.

 

2. Taverna Vaca das Cordas – receitas centenárias e tradição

Fotografia: Igor Martins/GI

A Taverna Vaca das Cordas existe desde 2005 e é já uma referência gastronómica em Ponte de Lima, estando localizada em pleno centro da vila. O bacalhau à casa e o misto de carnes (da certificada raça minhota) destacam-se na carta onde se aposta em receitas centenárias.

Fernando Lima nunca foi “muito dado a estudar” e relembra o ultimato dado pelo pai assim que fez 21 anos. “Ou estudas ou então tenta montar um negócio”, recorda o proprietário da Taverna. Fernando já tinha alguma experiência de bar e o pai ajudou a montar o restaurante.

Ao longo de três salas (um total de 30 lugares com esplanada no exterior na época de verão) o visitante é convidado a entrar numa verdadeira homenagem à tauromaquia, às feiras de cavalos e às festas da Vaca das Cordas, uma secular tradição que remonta ao século XV e que todos os anos, pelo mês de junho, atrai milhares de visitantes a Ponte de Lima.

As paredes são forradas por cartazes, fotografias e recortes de jornais que relembram corridas de touros desde a década de 1960. Logo à entrada do restaurante, onde o vermelho, o amarelo e o preto são as cores dominantes, uma cabeça empalhada de um enorme touro (pesava 54 quilos) morto na corrida de Bilbau em 2003 mostra a temática do espaço e dá a boas vindas. “Apesar de ser algo forte e que não agrada a toda a gente a maioria dos clientes não fica constrangido. Neste anos só três a quatro pessoa abandonaram o restaurante por considerarem chocante”, diz Fernando Lima.

A cozinha e a confeção dos pratos, onde consta ainda polvo grelhado, a costela de vitela minhota, as gambas grelhadas e o medalhão, são da responsabilidade da mãe e da mulher. A garrafeira é vasta com destaque para as oito referências de vinho verde.

 

3. Casa da Terra – loja de vinhos com petiscos

Fotografia: Igor Martins/GI

É um dos espaços de petiscos mais recentes da vila, esta Casa da Terra, junto à ponte medieval e virada para o Rio Lima. Lá dentro, é-se rapidamente cativado pela insólita decoração interior. E pelos produtos ali expostos, provenientes da região, petiscos e tapas e, é claro, a parede com muitas garrafas de vinho do concelho.

“Apenas temos um vinho para quem não aprecia ou não pode beber do nosso verde”, diz Cristina Lima, responsável pela loja. Para os mais novos e para quem gostar há sumos naturais e limonadas. Os refrigerantes ali não entram e há também uma na cerveja artesanal. Nas prateleiras domina o vinho verde, desde as mais variadas referências da Adega Cooperativa local até aos vinhos de autor produzidos nas diferentes quintas agrícolas do concelho. Aqui pode-se degustar e comprar.

O vinho verde ali acompanha bem o chouriço de carne assada, o chouriço de cebola com broa e puré de maçã, a alheira com amêndoas torradas, ovos mexidos ou os cogumelos recheados. Há ainda tábuas de enchidos, de presunto e de queijo com presunto. Para quem prefere algo mais leve a Casa da Terra, pertencente à empresa Minhofumeiro, tem ainda variadas saladas e sandes. E artesanato.

O espaço foi criado na torre onde funcionava a a antiga cadeia de mulheres e destacam-se na decoração o teto da casa de banho e o lustre do auditório em papel saídos das mãos dos reclusos de Custóias e de Paços de Ferreira.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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