Passear por um oásis de natureza em pleno Tejo

Passear por um oásis de natureza em pleno Tejo

Junto a Vila Franca de Xira há uma espécie de oásis – Espaço de Visitação e Observação de Aves (EVOA) – onde é possível passear a pé e de carro elétrico por entre lagoas, arrozais e salinas. Uma experiência no coração da natureza, sempre respeitando o local e a sua sustentabilidade.

A viagem de Lisboa, sem trânsito, ronda meia hora. Auto-estrada até Vila Franca de Xira, passar a primeira ponte sobre o Tejo na zona da capital, tomar a direção Porto Alto e, logo ao início da Nacional 10 e da Reta do Cabo, sair à direita para uma estrada de terra batida. É só seguir a indicação EVOA. A partir desse momento, entra-se noutro mundo. Não há prédios nem trânsito, nem gente com pressa. Há pouco mais de dez quilómetros de caminho até ao EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves e é preciso reduzir a velocidade. Pelo caminho, quase só veículos agrícolas e cada vez mais aves. Muitas aves. Garças, na sua maioria, mas à medida que a distância é percorrida, outras espécies vão surgindo. E quando se chegar aos postos de observação, a variedade será considerável: águias-sapeiras, alfaiates, frisadas, pardais, patos, pernilongos… a lista continua.

O EVOA faz parte da Companhia das Lezírias, está inserido na propriedade que é a maior exploração agro-pecuária e florestal do País (cerca de 18 mil hectares). É conhecida a associação aos sobreiros e ao gado, mas nestas terras também está a Reserva Natural do Estuário do Tejo, uma das dez zonas húmidas mais importantes da Europa. Por aqui existem 200 diferentes espécies de aves, mais de 120 mil indivíduos para observar. E é com altas expetativas que se estaciona no parque a curta distância do edifício perfeitamente sustentável do EVOA.

Percorridos os passadiços de madeira, Sandra Silva, a bióloga, está à espera para nos contar tudo sobre este projeto iniciado em 2013. Explica-nos que, de 2009 a 2012, os 70 hectares do espaço foram remodelados. O que antes eram pastagens deu lugar a três lagoas de características diferentes pensadas para aves também elas diferenciadas. «Esta é a última ou a primeira paragem para quem vem de África», diz-nos enquanto percorremos a exposição do EVOA.

‘Onde o mundo encontra o Tejo’ é título numa das salas e resume bem o que se passa neste refúgio de maré que também é local alternativo de nidificação e de muda para milhares de aves que aqui vivem e vêm de visita, algumas desde a Sibéria na fronteira com a China, como os abibes. Em novembro (e até fevereiro) é possível vê-los na natureza. Uma das que sai sempre na rifa é a cegonha, que já se tornou amiga de casa. Sandra explica-nos porquê: «A cegonha deixou de migrar. No inverno alimenta-se de lagostim vermelho do Louisiana e isso está direcionado à ação humana». É a velha história de o homem interferir na natureza…

Neste espaço de 70 hectares existem três lagoas, criadas com diferentes caraterísticas para albergar diferentes aves. (Fotografia de Filipe Amorim/GI)

É tempo de sair do edifício e partir para os cinco quilómetros de percursos em redor das três lagoas. Há quatro observatórios pelo caminho e vários pontos de observação. O guia segue à frente, identificando pegadas de animais, analisando os detritos que deixam as aves de rapina e alertando para uma e outra espécie de aves que vão surgindo na paisagem. O grupo tem 12 pessoas, homens, mulheres e crianças, entre os 6 e os 50 anos. Sabem ao que vêm, chegam preparados com binóculos, telescópios e blocos de apontamentos. Há de tudo, de curiosos a estudantes e profissionais da área. Afinal, este também é um espaço onde se desenvolvem teses de mestrado e já por aqui passaram mais de dez mil alunos, sendo que as escolas são 60% do total das visitas.

A cada passo percorrido, lembramo-nos que estamos na mais importante zona húmida de Portugal e que o silêncio e o respeito pela Natureza são fundamentais para que possamos continuar a receber estas aves únicas num ambiente que não tem paralelo. A ausência de ruído do carro elétrico faz com que o imitemos, caminhando para os postos de observação praticamente sem falar. Sussurra-se à vista de uma nova ave. O guia aponta, explica, pergunta-nos se estamos a ver aquele alfaiate, o cartaxo ou o galeirão. Há sempre alguma espécie para ver neste santuário a meia hora de Lisboa. E saímos de lá com a certeza do papel fundamental que o EVOA tem na consciencialização ambiental e na importância da manutenção deste local para as duas centenas de espécies de aves que por aqui vivem ou passam.

 

Onde comer e onde ficar

O Fuso
Arruda dos Vinhos

Depois de uma manhã de caminhada na natureza, há que retemperar o corpo. A cerca de 30 quilómetros fica Arruda dos Vinhos e um dos restaurantes mais emblemáticos da Grande Lisboa – o Fuso. Existe desde 1973 e se ainda não o conhece, está mais do que na hora. Telefone a marcar, sente-se à mesa, perca-se com as entradas e o vinho da casa e depois entregue-se ao bacalhau assado na grelha, com azeite e alho. Além de uma posta ser quase impossível de comer apenas por uma pessoa, é de uma qualidade sem rival. Neste espaço rústico há ainda mais duas opções a considerar: costeleta de novilho (igualmente numa dose considerável) e cozido à portuguesa. Quem lá vai, fica fã. Descubra agora porquê.

Companhia das Lezírias

Além de tudo o que oferece, também poderá ficar a dormir na Companhia das Lezírias, mais especificamente num dos 12 bungalows em madeira com piscina localizados em plena Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo. As estruturas estão rodeadas por sobreiros e dispõem de quarto, sala com mesa de jantar e televisão, cozinha com fogão, frigorífico e loiça, varanda e ar condicionado. Além da tranquilidade e dos passeios na natureza, na Companhia das Lezírias também vai poder participar em provas de vinho, percursos de BTT ou tomar parte em jogos tradicionais.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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