Dois restaurantes de comida tradicional para conhecer na Maia

Filetes de pescada com salada russa do restaurante Dona Lurdes. (Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)
Doses generosas de comida honesta e sabores portugueses - é isto que se serve nestes duas casas de bem comer maiatas.

1. O Machado
Tradição em doses generosas

Vitela assada no forno à moda de Lafões, tenra e suculenta, é a especialidade da casa desde há 30 anos. Quem ali vai sabe bem os trâmites da refeição. Abre com uma numerosa seleção de entradas: pataniscas, rojões à Beirão, tripas com feijoca, alheira, salada de grão-de-bico, entre outras. Segue-se a sopa do dia, muitas vezes na forma de um caldo-verde no ponto, que se passeia num carrinho de mesa em mesa. Depois vem o protagonista, a posta de vitela, acompanhada com batata assada e grelos com migas. Na altura das sobremesas chega outra generosa seleção, de doces tradicionais e sugestões feitas com os frutos da época. Tudo incluído num menu fixo.
O ritual repete-se a cada nova visita, que facilmente se estende por várias horas, acompanhada com boa disposição e conversas informais. Uma receita que desde logo transformou o Machado num restaurante de referência na região, procurado por famílias, casais e grupos de amigos. «O segredo é a consistência. Fazer bem hoje, amanhã e depois», revela Jorge Machado, um dos filhos do fundador, Fernando Machado, agora ao comando da casa.

A família é natural de Oliveira de Frades, em Viseu, mas as memórias de infância de Fernando levou-o a escolher a Maia para abrir um restaurante de especialidade, sonho de longa data. «O meu avô chegou a trabalhar aqui na Maia», conta Jorge. «E o meu pai sempre teve a ideia de trazer para aqui a tradição da nossa terra», continua.
O restaurante é dividido por seis salas acolhedoras, ao estilo rústico, decoradas com chocalhos, canecas, cangas e cajados. Até há cinco anos, eram os pais que comandavam a cozinha. Mas tudo continua a ser feito como antigamente, garante Jorge. Os hortícolas de produção própria fazem os acompanhamentos da refeição, regada ainda com sumos de fruta da época, sangria e vinho da casa, produzido na propriedade da família, em Viseu. «Temos muita vaidade e muito orgulho naquilo que fazemos», remata Jorge.

 

2. Dona Lurdes
Comida de conforto e um doce especial

No restaurante Dona Lurdes não são só os apaladados filetes de pescada com salada-russa e a vitela na brasa que dão vontade de regressar. As sobremesas que saem das mãos de Conceição Amorim fazem as delícias dos visitantes e já foram até alvo de uma ovação de pé. «Depois de ter provado o pão de rala, um antigo ministro da Economia mandou chamar a minha mulher e pediu à sala toda para lhe bater palmas», partilha orgulhoso Humberto Amorim, marido de Conceição e proprietário do Dona Lurdes, há 23 anos. Mas jeito para a cozinha, também Humberto o tem. Diz que nasceu na restauração e que aprendeu a cozinhar graças «à força da vida», no tempo em que trabalhou numa casa de pasto na zona oriental do Porto, aberta pelos pais. Depois de mais de 20 anos a trabalhar, Humberto, que já gostava do Dona Lurdes, especialmente da localização, ficou com o espaço, que tem o nome da fundadora.

O restaurante passou para as mãos de Humberto, que fez questão de manter a mesma pessoa a comandar a cozinha, o chef Ernesto, bem como o receituário de comida tradicional portuguesa. Mas fez alterações na decoração, tornando o espaço mais acolhedor. Hoje, além dos filetes de pescada e da vitela na brasa – prato com o qual Humberto ganhou um concurso de gastronomia na Maia -, serve-se também filetes de polvo com arroz do mesmo, secretos de porco preto, costela mendinha, bacalhau à Zé do Pipo e à Casa, rojões e cabrito (ao sábado e ao domingo).
Sugere-se, no entanto, um espacinho para a sobremesa. O amanteigado bolo de bolachas e as rabanadas são escolhas certeiras mas é o pão de rala que conquista mais clientes. O doce conventual alentejano, à base de chila, amêndoa, doce e fios de ovos, demora quatro horas a fazer e Conceição admite que «dá luta» mas é o seu preferido. O momento de o fatiar é tão solene que a doceira confessa que quando o empregado o faz, tem que estar presente para o ver.

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