Cinfães: um leitor apaixonado pela sua aldeia no Vale do Bestança

Pedro Sá entre uma leveda e o rio Bestança, afluente do Douro. Fotografia: Artur Machado/GI
Pedro Sá leva-nos até Pias, a aldeia onde nasceu e vive até hoje. Fica no Vale do Bestança, afluente do Douro, e é em torno dela que se constrói esta viagem, com belas paisagens, percursos pedestres e casas senhoriais.

Pias, aldeia ribeirinha do concelho de Cinfães, encaixada no Vale do Bestança, está no centro deste roteiro, desenhado por Pedro Sá, de 26 anos, auxiliar de ação educativa e fotógrafo nas horas vagas. Tão apaixonado é por aquela que foi sempre a sua casa, que faz visitas guiadas por carolice, esconde cashes para atrair praticantes de geocashing (uma espécie de caça ao tesouro), reúne dados sobre passado e presente no blogue Aldeia de Pias e, com outros moradores, tem tentado recuperar tradições locais.

Pedro começou por acompanhar a Evasões online; agora passa horas de almoço de volta da revista em papel, no café. Agrada-lhe que chegue aos cantinhos país fora, em especial no interior. Por gostar tanto de ler sobre outras terras, nas suas páginas, pensou: há-de lá caber a minha.

A povoação, que tem várias casas senhoriais, duas capelas, moinhos, levadas e um parque de lazer, fica praticamente na foz do Bestança, afluente do Douro que nasce na serra de Montemuro e é considerado um dos rios mais limpos da Europa. Ao longo dos seus 13,5 quilómetros de extensão há muito para descobrir, e Pias é uma boa porta de entrada para esse território de grande beleza natural, que merece ser visitado o ano inteiro.

ROTEIRO

1. Centro de Pias

No coração da aldeia, atravessada por uma levada e por um percurso pedestre, dão nas vistas as casas senhoriais, bonitas e imponentes, a eira onde decorriam os ensaios do rancho e as desfolhadas, alminhas e um relógio de sol que segue a hora de verão. Há duas capelas privadas: a capela de S. Gonçalo, de 1675, e a Capela de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, de 1880, onde são celebradas missas de 15 em 15 dias.

Fotografia: Artur Machado/GI

Na antiga escola primária de Pedro Sá fica o Centro de Interpretação do Vale do Bestança, que dá uma visão mais ampla do território. Há informações sobre as mudanças no vale, consoante a estação do ano; sobre a flora e a fauna (o lobo ibérico, o lagarto de água e a borboleta Camila são alguns dos seus habitantes); e sobre os vários trilhos pedestres e de BTT sinalizados. No exterior encontra-se ainda balneários e uma pequena oficina de bicicletas. E, subindo ao topo do edifício, obtém-se uma vista panorâmica sobre a foz do rio.

 

2. Moinho de Regadas

Adelaide Gregório e o marido mantêm ativo este moinho, com mais de 100 anos, cerca de metade nas suas mãos, conta ela, que abre as suas portas a visitantes a pedido. “Até fico contente que as pessoas venham ver”, acrescenta, na companhia do cão Rufino. Quem passar ali, no lugar de Regadas (antigamente, a aldeia dividia-se em lugares), também pode levar farinha: cada quilo vale um euro.

Fotografia: Artur Machado/GI

Nas traseiras do moinho, que Pedro conhece desde pequeno, há uma levada que conduz ao Poço Negro, muito profundo e associado a lendas – o que não impede alguns corajosos de saltar para ele do penedo mais alto. E, cavadas nas rochas, estão as pias que dão nome à aldeia.

Fotografia: Artur Machado/GI

 

3. Cinco Rodas

Em Cinco Rodas, junto à foz do rio, fica a Truticultura do Bestança, onde José Sousa cria diferentes tipos de trutas. O espaço foi reativado em março, após uma década de interrupção.

“Estão a abrir muitas coisas que estavam fechadas”, comenta Pedro, animado. E dali segue até ao Canhão de Pias, onde o Bestança corre especialmente forte e veloz. Aqui também existe um baloiço muito fotogénico, que é renovado de ano para ano.

Fotografia: Artur Machado/GI

 

4. Refúgio do Bestança

Este snack-bar com varanda voltada para o rio abriu há ano e meio, no Parque de Lazer de Pias, “a zona com maior número de mergulhos” na época quente, segundo Pedro.

Fotografia: Artur Machado/GI

Janine Bravo e Filipe Barbosa todo o ano servem ali crepes, waffles, gelados e açaí, sem esquecer as tábuas, que podem levar enchidos, queijo com mel e nozes, marmelada, compota e paté.

 

5. Tasquinha do Amado

Pedro escolheu este restaurante, já no centro da vila, para dar a provar pratos típicos de Cinfães – além de que o falecido avô ia muito lá. A Tasquinha do Amado nasceu há 40 anos, pela mão de Amado Pereira Botelho, e há seis meses o negócio passou para o filho Miguel Botelho e para a nora, a chef Inês Pedro.

O casal renovou espaço, quente e acolhedor, bem como a ementa: continuam os petiscos, o bacalhau D. Alice e o bife à Amado, a que se juntam agora carnes certificadas e vinhos da região. A carne arouquesa, presente até num hambúrguer artesanal, é a estrela do menu, que inclui desde T-Bone (partido à mesa por Miguel, que procura ir acompanhando os clientes), até alheira vegan.

A tábua de Montemuro é um resumo do que se pode encontrar ali: queijo de Seia, presunto, chouriço e alheira de Lamego, mel de produção própria e os petiscos do dia, que podem ser pataniscas e bifanas.

Nas sobremesas, destacam-se a mousse de chocolate bicolor e o doce da casa (feito com bolo de chocolate, iogurte natural e creme de morangos) e, ao sábado, costuma haver matulos, ou doces de manteiga, característicos de Cinfães.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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