Crítica: 1858 bbgourmet, em Cedofeita

Bistrô moderno no Quartier Latin, Paris, recanto gourmet em Portobello Road, Londres, ou lugar secreto na Ortega y Gasset, Madrid, as evocações são inúmeras quando no sentamos no 1858 bbgourmet, no Porto, e nos entregamos nas mãos da chef Bekas. Nasceu em hora feliz este que é o espaço de fine dining do grupo bbgourmet. E não tem comparação.

A marca bbgourmet tem origem ancestral no restaurante Bull and Bear, criado no início dos anos 1990 pelo chef Miguel Castro Silva, no edifício da Bolsa de Derivados do Porto. Marcou na altura, juntamente com o Cafeína, Sessenta Setenta e alguns outros projetos, o momento em que o Porto passou a procurar sítios de boa comida, cosmopolitas, orientados para os bons momentos de convívio.

Quando Jorge e Fernanda Santos entram como sócios do chef, o grupo bbgourmet completa a modernização que lhe fazia falta, acabando por ficar os empresários com a totalidade do capital, na altura em que Miguel Castro e Silva se mudou para Lisboa. O registo criado pelo superdinâmico casal foi de serviço local, à maneira de polo de atração das famílias, antecipando de forma genial as suas necessidades. A cozinha de autor dava lugar a um modelo exportável de serviço de refeições, a que o Porto reagiu bem. O 1858 bbgournet criativo é, após o ciclo sustentado de crescimento do grupo, de certa forma o regresso ao fine dining, com a chef Elisabete – Bekas – Pinto a liderar a cozinha.

Visitei há cerca de dois anos pela primeira vez, quando o grupo crescia e se ramificava, optei por deixar estabilizar. Hoje, está mais que provado que a chef Bekas, além de biónica, tem uma grande capacidade de trabalho e é líder excelente. Qualquer refeição neste restaurante é divertida, na cozinha tudo afinado e pronto, sem uma matriz geográfica demasiado definida, pois que é pelo gosto e pelo que nos apetece no momento que devemos ir. O desfile entradeiro é colorido e rico em texturas. Se não fosse a tentação, estacionava nos ótimos croquetes de leitão com maionese de chili (5,5 euros), repetia três vezes. Mas seria uma pena perder o atum marinado com abacaxi e abacate (7,5 euros), evocação teryiaki brilhante; as lulas em molho provençal (7,5 euros), feitas petisco imperdível; e até as gyozas em chá de shitake e cebolinha fresca (7,5 euros). Ecletismo e controlo total, que o resto da refeição confirma.

O atrevido polvo na chapa com puré violeta (18 euros), evoca e bem o Algarve, no clássico polvo com batata-doce, mas aqui cheio de valor acrescentado, absolutamente excecional o robalo grelhado com bulgur e lima (18 euros) que ninguém dado à novidade pode dispensar. Os carnívoros têm muito trabalho pela frente aqui no 1858, variedade apreciável, começando logo pelo bife de vitela gratinado, molho de francesinha e as nossas – deles – fritas (18 euros), passando pela francesinha roliça (13 euros), versão divertida da croque monsieur que é a alma da dita, e terminando no magret de pato, compota de laranja amarga e espargos selvagens (18 euros).

Pratica-se talvez sem sentido demasiadas vezes o empratamento vertical, a ponto de nalguns casos perverter a elegância do tratamento de cada elemento. Respeito a chef Bekas, mas propunha um pouco de reengenharia, para bem da clareza de leitura dos pratos. E fecho com a vénia grande para o colossal trabalho de pastelaria e padaria. Configura maravilha.

Classificação

O espaço: 4

O serviço: 3,5

A comida: 4,5

A refeição ideal

Menu Carta Branca (45 euros)

6 pratos da chef Bekas concebidos no momento

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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