Viana do Castelo: Um olhar sobre o Caminho Português da Costa

No coração da princesa do Lima fica o Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa, onde o visitante pode conhecer melhor a história e a oferta turística dos concelhos por onde passa.

Havendo local de paragem incontornável em toda a rota de peregrinação costeira a Compostela, pode muito bem ser a Igreja Paroquial de Castelo do Neiva. É o mais antigo templo dedicado a Santiago, fora do território espanhol, consagrado no ano de 862, pouco tempo depois da descoberta do túmulo do apóstolo, e prova que a devoção a Santiago já se tinha estendido a sul do rio Minho no século IX. A travessia do concelho de Viana segue o traçado de uma antiga via romana, sobre a qual se desenharam caminhos medievais que levavam os peregrinos a passar por várias igrejas e capelas devotas ao santo.

Igreja Paroquial de Castelo do Neiva (Fotografia: Reinaldo Rodrigues/GI)

 

À entrada da cidade, atravessando a ponte Eiffel, sobre o Lima, o caminhante encontra logo acolhimento, no Albergue S. João da Cruz do Caminho, instalado no Convento do Carmo. Além de quatro camaratas com um total de 20 camas, o albergue possui ainda seis quartos privados, com casa de banho, e pequeno-almoço, servido na pastelaria ao lado do convento.

 

Outro símbolo da assistência aos peregrinos, bem no centro da cidade, é o Hospital Velho, agora Centro Interpretativo do Caminho Português da Costa. O edifício foi fundado em 1468 – e restaurado no século XVI -, inicialmente com o objetivo de prestar apoio e cuidados de saúde à população residente, mercadores e viajantes que se deslocavam a Compostela, assumindo a função de albergue depois da construção do Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Após vários anos ao abandono, e depois de obras de reabilitação, em 2018, o espaço passou a acolher o centro interpretativo. Ali, o visitante encontra um conjunto de informações importantes para a realização do caminho, e ainda vários serviços de apoio, o carimbo, mapas e guias oficiais, cacifos para guardar as mochilas, mesas e cadeiras para descansar e tomar um café no claustro. Ao peregrino é também facultado um contacto caso necessite de auxílio ao longo do seu percurso.

 

Painéis interativos e exposições temporárias – como a do ceramista vianense Agostinho Cunha, que lança um olhar sobre Santiago – convivem com vídeos promocionais ligados à gastronomia e à oferta turística dos dez concelhos por onde passa o Caminho da Costa. No piso superior há também duas salas expositivas relacionadas com a Rota dos Descobrimentos. O espaço acolhe ainda concertos de música celta e medieval, e o Chá do Peregrino, um evento organizado todos os meses pela Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Viana do Castelo, com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o caminho e partilhar histórias e testemunhos entre peregrinos.

Petiscos generosos para retemperar
Numa dessas ruas do centro histórico – onde se encontram ainda outros pontos de interesse, como o Museu do Traje e a Sé Catedral -, mãe e filho comandam a cozinha de sabores apurados, inspirados na tradição mas com um toque de modernidade, do MARIA PETISCA. Dora sempre sonhou ter uma casa de petiscos. “Porque a nossa casa sempre foi de tainadas entre amigos, e eu passava os fins de semana a fazer petiscos”, conta. Quando o filho Rafael decidiu tirar o curso de cozinha, alinharam-se as vontades de abrir um espaço em família – o marido Nuno e a filha Beatriz também ajudam nas operações.

 

Começou por uma casa mais pequena, em 2019, mas a crescente procura obrigou a encontrar um lugar maior, e no ano passado mudaram o Maria Petisca para esta morada no coração da cidade, com a mesma imagem – as paredes revestidas a cortiça, com louça e outras peças de cerâmica a compor a decoração, e caixas de fruta a fazer de expositor de vinhos -, e uma carta de petiscos a que vão chegando novidades com frequência.

 

A tábua mista e os ovos rotos são dos mais pedidos, mas vale a pena optar por propostas menos óbvias, como as coxinhas de frango recheadas, as amêijoas – servidas num molho à base de tomate, que Dora já fazia e Rafael aprimorou -, o bacalhau na broa, feita com massa mãe, os churros de porco com maionese de alho preto e o assadinho – pão de hambúrguer recheado com carne desfiada, queijo e ovo – criado por Rafael com as sobras de uma pá de porco assada que a mãe fez em casa. Tudo em doses generosas. Nas sobremesas importa destacar o fundente petit gateau e a deliciosa tarte de limão merengada.

 

Annalyn e Tianna | Estónia
As duas amigas sobem ofegantes a encosta rumo à Igreja Paroquial de Castelo do Neiva. Divertidas e sorridentes, apesar do esforço, que não escondem. É a segunda vez que fazem a peregrinação a Santiago juntas (estrearam-se há três anos). “Da primeira vez fizemos o Caminho Inglês, o mais curto”, ri-se Annalyn. “Agora decidimos caminhar um pouco mais”, continua. Partiram três dias antes do Porto, e até agora o balanço tem sido positivo. “Eu queria caminhar na costa porque gosto muito do mar, e os primeiros 50 quilómetros pelo litoral foram muito bonitos”, revela a peregrina. Vão pelo passeio e pelo tempo de qualidade. “É ter a possibilidade de ir com a corrente, sem pressas, apenas caminhar e conversar uma com a outra. Não ter o dia todo preenchido com isto ou com aquilo, e levar o nosso tempo”, partilham.

Peregrinas Annalyn e Tianna (Fotografia: Reinaldo Rodrigues/GI)

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