Verão no Douro: passeios de barco e varandas sobre o rio

Navegar rio acima, seja num grande cruzeiro, ou num veleiro privado, permite ter uma perspetiva única do vale. Ao longo de todo o percurso, há hotéis, quintas e restaurantes com cais próprio, onde facilmente se consegue acostar, para ir descobrindo os encantos semeados nas margens do Douro.

A história do vinho do Porto mostra-nos como era desafiante e perigosa a travessia do rio Douro. Com a construção das barragens, as suas águas tornaram-se serenas e mais fáceis de navegar, atraindo todo o tipo de embarcações turísticas a passear pela coluna vertebral da região demarcada. Não há visão mais central do vale vinhateiro do que essa. De um lado e do outro, espelham-se na água as encostas verdes, pontuadas de casas e adegas soalheiras, aldeias ribeirinhas e paredões com os nomes das quintas e dos produtores. A quietude do vale é apenas interrompida à passagem do comboio.

Pouco depois de subir na eclusa da barragem de Bagaúste, uma referência gastronómica incontornável na região espreita sobre a água como que a convidar os passantes a parar. O DOC é um dos mais antigos restaurantes do chef Rui Paula, que ali apresenta uma cozinha de autor de inspiração transmontano-duriense, com uma forte componente contemporânea. O edifício, assente em estacas, está plantado à face da EN 222, e prolonga-se por um elegante deck de madeira sobre o rio, integrando ainda uma estrutura fluvial composta por dois cais, com capacidade para 15 barcos.

Restaurante DOC (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

Rodovalho com gnocchi de espinafres e alcaparras do restaurante DOC (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

 

No interior envidraçado – que protege do impiedoso calor do verão duriense – ou na esplanada suspensa no rio, onde se vê passar barcos de grande porte a levar os turistas Douro acima, chegam criações focadas nos produtos locais e nas carnes tradicionais, como o porco bísaro, o cabrito e vitela maronesa, enriquecidas com peixes e mariscos da costa.

O gaspacho de melancia e cavala fumada, o rodovalho com gnocchi de espinafres e alcaparras, e uma aromática panna cotta de côco e baunilha, ruibarbo e morango leve, fresca – o verão em forma de sobremesa – são algumas das novidades da estação que compõem as opções à carta e também os dois menus de degustação – o Essência e o Signature -, ambos com harmonização de vinho. A garrafeira do DOC conta com mais de 700 referências, em especial do Douro. Um dos vinhos da carta nasce ali em frente, numa parcela ribeirinha da Quinta dos Murças, que também faz a ligação de barco de e para o Cais de Folgosa.

 

Pelo rio acima havemos de encontrar muitos outros hotéis e quintas com cais próprio, como o The Vintage House, no Pinhão, ou a Quinta de Ventozelo, em São João da Pesqueira, e a Casa do Rio (da Quinta do Vallado), em Foz Côa.

Nesse troço superior do Douro, a pouco metros a nascente do cais fluvial do Pocinho, está o mais recente projeto das Casas do Côro. Paulo Romão e a mulher, Cármen, recuperaram uma antiga casa de manutenção da linha ferroviária, no trecho desativado entre o Pocinho e Barca d’Alva, e transformaram-na numa charmosa sala de refeições de apoio aos passeios de barco que organizam no Douro. Chama-se CASA DA LINHA FÉRREA – tem ainda o código distintivo PK 173,822 referente ao ponto quilométrico em que se encontra – e é a primeira de mais cinco casas e apeadeiros ao longo da linha, que serão transformados em suítes à beira-rio, adiantam os empresários.

Casa da Linha Férrea (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

 

O programa habitual inclui um passeio de barco até Barca d’Alva ou Castelo Melhor e um almoço tranquilo em frente ao rio, com sabores da época e regionais, como a vitela mirandesa e o tomate, que compõem um menu personalizável de entrada, sopa, prato principal e sobremesa, acompanhado pelos vinhos das Casas do Côro.

A casa de xisto caiado e portadas azul celeste, segue a identidade dos alojamentos de Marialva, elegante e confortável. Tem como peça central uma mesa em madeira a todo o comprimento da parede envidraçada que se abre para a varanda sobre a água, centrada por um grande candelabro. O espaço conta ainda com uma cozinha de apoio, uma área de estar junto à lareira, que aconchega no inverno, casas de banho adjacentes e um pequeno deck para quem quiser ir a banhos no rio.

Casa da Linha Férrea (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

 

A pedido, também se organizam passeios personalizados, que levam, por exemplo, a descer a eclusa até às margens da Quinta do Vesúvio, ou a cruzar o rio ao pôr do sol, com aperitivo a bordo. Pode-se ainda reservar a casa para uso exclusivo, para desfrutar apenas de um almoço ou jantar, na privacidade daquele lugar privilegiado, a olhar a paisagem rude, de uma beleza primitiva, do Douro Superior.

Casa da Linha Férrea (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)

 

Alugar barco ou marcar um passeio
Além das muitas quintas que organizam passeios privados de barco nas suas margens, há também várias empresas que disponibilizam programas mais personalizados, cruzeiros ou passeios em veleiros e réplicas dos tradicionais rabelo, ou até o aluguer de embarcações a quem tenha carta de navegação. É o exemplo do Douro à Vela, no Cais de Folgosa, junto ao DOC, e do DouroWay – EcoTurismo Fluvial, no Cais da Ferradosa, São João da Pesqueira.

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