Roteiro por Aljezur: boas mesas, passeios a cavalo, surf, hotéis de charme e artesanato

Estendido na costa ocidental do Algarve e a respirar a plenos pulmões o oxigénio do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, Aljezur é ainda uma das zonas mais bem preservadas do sul do país. De Odeceixe à Bordeira, traça-se um roteiro de boas gentes, forasteiros e filhos da terra, empenhados em divulgar o que de melhor têm para dar - da gastronomia aos passeios, passando pelo acolhimento e pela arte que elogia o que é belo.

Passado menos de um ano desde que um incêndio deflagrou em Odeceixe e consumiu a quase totalidade da TEIMA ALENTEJO SW, em São Teotónio, Odemira, Luísa Botelho já só conta os dias para poder pôr à venda, espera ela no final deste mês, o T2 e o quarto duplo recuperados num edifício com suportes de pedra em frente à piscina. A trabalhar agora com oito quartos, a proprietária do Monte da Teima procura manter a qualidade e o charme natural do turismo rural que abriu, há oito anos, com o marido Paulo Camacho – e que era para ser uma casa de férias.

“A escolha deste monte resultou do compromisso entre o que ele queria, um monte no Alentejo, e o que eu e os meus filhos, na altura jovens adultos, aceitámos”, conta Luísa, que na altura viu a oportunidade ideal para deixar a produção numa agência de comunicação e iniciar uma nova vida do zero. O cheiro a urze, a luz especial do vale e os sons campestres, tudo a apaixonou, e é agora essa sinestesia que embala os hóspedes. Escolhido de véspera, o pequeno-almoço é servido ao som do coaxar de rãs e sapos, num alpendre com vista para as 1300 árvores que já plantou.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

No Monte da Teima (cujo símbolo é um dos quatro burros com que os clientes podem interagir), tudo tem o dedo de Luísa, desde a decoração dos quartos, pontuada por peças à medida e de antiquários, até à fruta espremida nos sumos matinais. Sabendo ler as pessoas, não hesita em traçar-lhes roteiros pelas praias e restaurantes da região; ou então em respeitar o silêncio que as atraiu até ali, e que também proporciona uma vida feliz aos três cães e dois gatos do monte.

Filosofia idêntica estende-se ao turismo de aldeia Casas do Moinho, a 10 minutos de distância. Criado há 14 anos por um casal do Porto que se mudou para Odeceixe – a primeira localidade algarvia depois da ribeira de Seixe, no concelho de Aljezur -, o projeto recuperou uma fileira de casas baixas, debruadas a azul-cobalto e com janelas de cor sangue-de-boi, no cimo da colina. É ali que fica o NÄPERÕN, o primeiro restaurante a solo de Hugo Nascimento, que também se mudou da cidade para a vila, com a família, à procura de melhor qualidade de vida. Mais focados na parte vegetal e na alimentação equilibrada e sustentável, os menus parecem refletir também a ideia.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

Disponíveis em quatro ou sete momentos e com casamento vínico opcional, ambos mudam de mês a mês, ao sabor dos produtos sazonais que o chef tem ao dispor – do peixe da costa à alcagoita e à macia e pouco fibrosa batata-doce de Aljezur. O restaurante, recomendado pelo guia Michelin, funciona todo o ano, mas apenas serve jantares, com vista para o moinho construído em 1869. Antiga força motriz da moagem de cereais, o vento sopra agora mais a favor dos praticantes de surf e bodyboard, que encontram praias ideais ao longo dos 40 quilómetros de costa de Aljezur.

Surfistas e batata-doce
Este paraíso, com bancos de areia e ondulação constante todo o ano, é cada vez mais procurado por portugueses e estrangeiros, profissionais ou amadores. Que o diga David Rosa, de 48 anos, filho da terra e ex-nadador-salvador. Conhecedor do mar como poucos, decidiu, há duas décadas, fundar a ODECEIXE SURF SCHOOL, filiada na Federação Portuguesa de Surf. Hoje, conta com seis a oito instrutores credenciados para dar aulas, e diz ser a única empresa na zona com uma escola móvel, capaz de circular pelas praias com melhor vento e ondulação.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

O atrelado com as pranchas, fatos e restante material chega às praias de Odeceixe, Amoreira, Monte Clérigo, Arrifana, Vale Figueiras e Amado, ora protegidas por arribas xistosas, ora dunas extensas ladeadas por rochas. De olhos postos nos que tentam apanhar as ondas está José Rui, formado em Educação Física e Desporto e que há 15 anos decidiu recomeçar. Mudou-se para Aljezur e entrou na restauração, gerindo o Sargo (no Monte Clérigo) e o recente ARRIF, o único restaurante no sopé da pacata praia, com vista para a rocha “Pedra da Agulha”.

Na varanda branca envidraçada, com bancos e mesas corridos, a ementa de matriz portuguesa inclui croquetes de rabo de boi, tártaro de atum, salada de polvo e amêijoa à Bulhão Pato como incentivos à partilha, e ganha consistência com bacalhau cozinhado a baixa temperatura e peixe grelhado, por exemplo, sob a tutela do chef Leandro Silva. No centro de Aljezur, as origens agrícolas e piscatórias da cozinha local aprofundam-se à mesa do restaurante PONT’ A PÉ, vizinho da travessia sobre a ribeira, e com fundações centenárias.

“Há uma forte influência da cozinha alentejana nesta geografia. O borrego de molho à moda do pastor [à laia de ensopado] e as bochechas de porco estufadas à lavrador são dois exemplos”, introduz Milton Sequeira, dono da casa há 25 anos. Do mar, os percebes cozidos e o polvo com batata-doce de Indicação Geográfica Protegida são de prova obrigatória. O tubérculo é versátil e sabe ainda melhor frito, podendo comer-se também em tarte, com amêndoa, em pudim e em bolo com pinhão. Com um shot de medronho a rematar e o castelo vigilante, segue-se viagem.

A cavalo, pelas dunas
A sul, mas não tanto, o PRAIA DO CANAL NATURE RETREAT desenhado pelo arquiteto João Favila Menezes imprime uma estética norte-africana à paisagem virgem do parque natural, com os tons acastanhados das falésias refletidos no caboco que reveste os edifícios. Com 56 suítes e quartos de interiores minimalistas – o mais luxuoso com uma banheira de mármore no terraço -, o hotel chama a si o cuidado do corpo e da mente. Aulas de ioga, spa, bicicletas para pedalar em 220 hectares, bar com snacks e cocktails de autor, loja e piscina sobre o vale são atrativos.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

Aos comandos da forte aposta na gastronomia do hotel está o chef de 35 anos Marcelo Santos, cuja técnica aperfeiçoou em casas Michelin. Sob a luz quente e intimista do Azeitona, ao jantar, traz snacks como pão de Deus com gamba-violeta e maionese de coentros; pratos como arroz de carabineiro com beurre blanc; e sobremesas como uma torta de laranja, souflé de tangerina e goma de poejo e merengue. “Tendo em conta a zona geográfica do hotel, o nosso acesso aos pequenos produtores está facilitado”, sintetiza o chef, tendo o peixe e o marisco como favoritos.

Fora do hotel, existe um mundo a descobrir, para lá dos desportos náuticos e das caminhadas pelos trilhos da Rota Vicentina e Via Algarviana. Equilibrados nas selas dos cavalos da CARRAPATEIRA EXTREME, o ponto de vista eleva-se sobre a praia da Bordeira, a norte da aldeia, e revela as suas arribas e sistema dunar, resultante de fortes ventos de noroeste. Durante uma hora, e já habituados aos percursos, os dóceis animais encaminham os visitantes até perto do centenário porto de pesca da Zimbreirinha e outros pontos de interesse. Uma experiência vivida

em pleno.


Uma loja com pequenas coisas

Surfistas de madeira decorativos, ímanes, ilustrações, t-shirts de algodão orgânico, tote bags e fotografias impressas em alumínio, serigrafias, postais, canecas e garrafas térmicas adequadas aos caminhantes da Rota Vicentina preenchem as paredes e recantos da loja AS PEQUENAS COISAS, aberta recentemente a caminho da praia de Odeceixe. As coisas “simples, poéticas e minimalistas” nascem do engenho e arte da fotógrafa Hélène Tessier, 51 anos, e Mariam Hiault, 46 anos, ilustradora e pintora, ambas francesas e a viver na vila há pouco tempo. Foram docentes no Liceu Francês, em Lisboa, que deixaram para abrir um ateliê de artes plásticas em Campo de Ourique, na capital.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)


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Morada
Vale Juncal, São Teotónio, Odemira (Beja)
Telefone
961622239
Custo
(€€) Quarto duplo a partir de 200 euros/noite, com pequeno-almoço.

Website

GPS
Latitude : 37.472525
Longitude : -8.726459699999964
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Morada
Rua 25 de Abril, 113, Odeceixe
Telefone
916177333
Custo
(€€) Menus a 60/90 euros (quatro/sete pratos) por pessoa. Harmonização vínica por mais 45 euros.
Horário
Das 19h às 22h. Encerra domingo e segunda.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Praia de Odeceixe, Aljezur
Telefone
963 170 493
Custo
(€€) Aulas de surf em grupo, a partir de 65 euros/pessoa. Aulas privadas a partir de 110 euros/aula/pessoa.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Praia da Arrifana (Arrifana), Aljezur
Telefone
282 998 527
Custo
(€€) Preço médio: 22 euros.
Horário
Das 12h30 às 22h. Não encerra.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Largo da Liberdade, 12 (Aljezur)
Telefone
282 998 104
Custo
(€€) Preço médio: 25 euros.
Horário
Refeições, das 12h às 15h e das 19h às 22h. Encerra domingo.

Website

GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Herdade Vale dos Polvos, Valinhos (Aljezur)
Telefone
282 242 400
Custo
(€€) Quarto duplo a partir de 390 euros/noite, com pequeno-almoço.

Website

GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Aldeia da Carrapateira, Aljezur
Telefone
963 095 990
Custo
(€€) Passeio de 1h, 60 euros/pessoa. Passeio de 2h ao pôr-do-sol, 110 euros/pessoa.
Horário
Saídas a cavalo às 10h, 17h e 19h. Não encerra.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Variante 19 de Abril, Loja E (Odeceixe), Aljezur
Telefone
920 325 017
Custo
(€€) Artigos entre 1 e 420 euros.
Horário
Das 10h às 23h. Encerra segunda.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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