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Ponte de Lima: à boleia da arte e das tradições na margem norte

Miradouro dos socalcos de Labrujó e Rendufe, em Ponte de Lima. (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

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Antigamente, os representantes das paróquias de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte sentavam-se à volta de uma mesa de granito, ladeada por quatro bancos também em pedra, para discutir os assuntos relacionados com cada uma das aldeias limítrofes, consultando os fiéis que se reuniam em torno deles. Hoje, a MESA DOS QUATRO ABADES continua no mesmo sítio, coberta de musgo, junto ao marco divisório das freguesias, numa varanda debruçada para os campos agrícolas, e a tradição ancestral – que remonta ao século XVIII – mantém-se. Mas agora, os abades dão lugar aos presidentes das Juntas, que ali se reúnem anualmente, no terceiro domingo de junho.

Mesa dos Quatro Abades (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

É também aqui, mais precisamente no Centro de Interpretação da Mesa dos Abades, em Vilar do Monte, que começa a rota das Paisagens Protegidas, de que já falámos antes, e que nos leva a conhecer a pequena Capela da Senhora de Fátima do Monte, e o miradouro que se abre à sua frente, a 600 metros de altitude. É conhecido como MIRADOURO DOS SOCALCOS DE LABRUJÓ E RENDUFE, por ser precisamente esse o cenário que nos enche a vista, uma espécie de escadaria de campos verdes, incrustada no vale, com ribeiros a serpentear a encosta serrana.


Entre a serra e as lagoas na margem norte de Ponte de Lima


Sobre um penedo, elevado atrás da capela, parece ter caído do céu um objeto metálico, em forma de pedra. É uma obra do artista plástico André Banha, de onde podemos apreciar a vista através de janelas recortadas no metal. Toda a peça é composta por módulos triangulares que, combinados estrategicamente, resultam numa forma orgânica, que se assemelha a uma rocha pousada sobre outra. A instalação foi ali colocada no âmbito da edição de 2018 do Desencaminharte, um projeto de arte pública dinamizado por dez municípios do Alto Minho, que nos leva a sair dos centros urbanos para conhecer a terra além e as belíssimas paisagens naturais que lá se escondem.

Uma escola-palco e um mosteiro-escola
Descemos até Refóios do Lima contornando a encosta que a sobranceia. É a maior freguesia de Ponte de Lima em extensão, e uma das mais populosas, de paisagem dominada por campos agrícolas, vinhas e construções medievais. É exemplo a imponente TORRE DE REFÓIOS, uma estrutura defensiva do século XII, inserida numa quinta de turismo de habitação – atualmente na posse da Condessa de Almada e Avranches -, com uma lenda de amores e desamores entre um bravo cavaleiro (que terá sido o primeiro dono da torre) e uma donzela pastora de lobos.

Torre de Refóios (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA, que é hoje Igreja Paroquial e alberga a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, também foi ali implantado na Idade Média, a mando de D. Afonso Ansemondes, o nobre cavaleiro da lenda, e vale a pena visitá-lo, quanto mais não seja pelos bonitos claustros.


No interior de Ponte de Lima, pelo Caminho de Santiago


Dar nova vida e antigos espaços foi também a premissa do MOVIMENTO ARTÍSTICO DE REFÓIOS (MAR), que se instalou na antiga escola primária da freguesia e é, desde 2016, uma casa para artistas. Transformou-se num espaço cultural com lugar para a pintura, escultura e música, simultaneamente atelier comunitário, galeria de arte, estúdio, local de ensaios e de espetáculos, que se espera que retornem em breve. Através do MAR, Refóios tem recebido nos últimos anos artistas e músicos provenientes de várias partes do país e do mundo, descentralizando a cultura e dando mais um motivo para nos dirigirmos ao coração do território.

 

Caminhar à beira-rio
A freguesia de Refóios do Lima é bafejada por uma zona ribeirinha, que tem o seu núcleo no cais da Garrida, uma zona com bancos em madeira para apreciar a paisagem dominada pelo rio Lima, que ali corre bravio, esbarrando numa antiga pesqueira usada na pesca da lampreia. É também ali que começa a segunda fase da ECOVIA DAS LARANJAS, que mais à frente já entra em terras do concelho de Arcos de Valdevez. No sentido oposto, leva-nos até à vila, acompanhados pela vegetação ripícola do Lima, composta por carvalhos, freixos, amieiros e salgueiros, que conferem alguma frescura ao passeio.

 

Descansar num enoturismo plantado junto ao rio
Quase no limite da freguesia, e do concelho, a QUINTA DO AMEAL é mais um dos lugares maravilhosos que se escondem na margem do rio. A propriedade histórica – datada do século XVIII -, que desde 2019 pertence ao Esporão, é banhada pelo Lima, e rodeada por um luxurioso jardim, 14 hectares de vinhas da casta loureiro e oito de mata virgem, com nogueiras, castanheiros e pinheiros mansos, alguns dos quais com mais de 200 anos. As antigas casas dos caseiros e a casa principal foram recuperadas para acolher hóspedes em suítes elegantes, e os espaços exteriores, como a piscina, o laranjal e os alpendres, envoltos em sossego, também convidam ao descanso. Além das visitas às vinhas e adegas e das provas de vinho, disponíveis a quem chega ao Ameal, os hóspedes podem também experimentar outras actividades, como passeios guiados de kayak, river trekking e ainda percorrer a ecovia do rio Lima, acessível a partir da quinta.

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