O que há de novo em Faro, desde um museu interativo à Ria Formosa

A capital do Algarve soma cada vez mais argumentos para ser visitada, conjugando história, natureza e modernidade. Nela cabem um novo alojamento e um museu imersivo, assim como um doce que anima o mercado municipal. Novidades de que vale a pena tomar nota para planear o próximo verão.

Em Vila-Adentro é grande a agitação, por estes dias, no interior do edifício do século XVIII que, de antiga venda ou taberna onde os pescadores e mariscadores se juntavam para conviver na volta da faina, está a poucos dias de reabrir como FARO STORY SPOT, no Largo da Sé. “Está praticamente concluído e deverá abrir em junho”, partilha João Amaro, um dos promotores do equipamento, enquanto guia um grupo de jornalistas pelo interior das salas, com tecnologias escondidas.

A exposição divide-se em três núcleos: a história de Faro do século 8 a.C. até à atualidade; o ecossistema da Ria Formosa, que é, recorde-se, a zona húmida mais importante do sul do país; e a Dieta Mediterrânica, Património Mundial e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Guiados pelo ator farense João de Brito e pelo seu amigo Merin, um cavalo-marinho com energia de desenho animado, os visitantes terminarão o percurso numa esplanada, com a prova de uma tiborna e um vinho.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)

João Amaro quer que os farenses se identifiquem com o espaço e que os turistas levem consigo mais do que fotografias bonitas no telemóvel, e crê na expetativa de o museu vir a receber 25 mil visitantes por ano. Experiência não falta, na verdade, a este engenheiro alimentar, co-fundador do Centro de Conhecimento em Cultura e Alimentação Tradicional do Algarve, a associação que tem dinamizado o restaurante, loja e espaço de workshops TERTÚLIA ALGARVIA, e outros projetos.

Há oito anos que este espaço na zona histórica divulga a gastronomia e cultura algarvias, elevando a cataplana a prato-estrela da dieta mediterrânica. Confecionar a especialidade, não sem antes conhecer a sua história e curiosidades (crê-se que terá sido inspirada na tagine marroquina, aqui feita com os mariscos e bivalves da ria), é uma das experiências abertas ao público. A chef Margarida Vargues orienta prontamente os cozinheiros, e a cataplana prova-se no final, com bebidas incluídas.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)

 

Da ria ao mercado

Da cozinha à ria, onde são apanhados o berbigão, lingueirão e amêijoa boa que compõem a cataplana, faz-se uma curta viagem de barco. A ANIMARIS, que há 36 anos se dedica ao turismo de natureza, é uma das empresas presentes no cais de embarque da Porta Nova, na orla da muralha de Faro, e tem sempre horários para ir para as ilhas-barreira, em speedboat ou em ferry-boat fechado, no caso da Deserta.

O eco-tour, por exemplo, dá a conhecer as aves e as ilhas-barreira com um guia. Querendo, é possível circular de ilha em ilha, e se assim for é paragem obrigatória a ILHA DA CULATRA. Nesta vila de casas térreas e ruas labirínticas, decoradas com artes de pesca e perfumadas pela maresia, vivem cerca de 750 pessoas durante todo o ano. Não lhes falta a enfermaria, a escola, o centro social nem o posto dos correios, mas é no verão que tudo ganha mais vida, ao ritmo a que os turistas desembarcam no porto de pesca, ávidos de comer um peixe bem grelhado.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)

O RUI soma pontos não só por ter uma enorme sala e uma esplanada à saída do pontão, mas sobretudo pela frescura do peixe e marisco que leva à mesa: ostras da Ria Formosa ao natural, filetes de peixe-aranha crocantes e uma raia alhada de apurada confeção, entre outros pratos que variam consoante a pescaria do dia. Em Faro, as bancas do MERCADO MUNICIPAL enchem-se de pescado fresco todas as manhãs, atraindo fregueses da cidade e da região. Assim é desde o ano de 1953.

O edifício original, de traços modernistas, foi requalificado há 15 anos e o mercado passou a ter novas valências, nomeadamente serviços administrativos. Mas o comércio tradicional continua a ser o que mais atrai os visitantes, entre as sete da manhã e o final da tarde. Ali vende-se um pouco de tudo: frutas e hortícolas, pescado e marisco, carnes e charcutaria, pão, bolos, frutos secos, cereais, flores e rações para animais. E agora há também um doce original, com sabores algarvios.

“Teria sempre de ser um doce com produtos vendidos diariamente no mercado, então lembrei-me de juntar a laranja e a amêndoa para criar o FILÓ DA PRAÇA”, conta a farense Filipa Carmo, chef de pastelaria do hotel Conrad Algarve, convidada para criar o doce comemorativo dos 15 anos da praça. “É um crocante de massa filó, amêndoa e compota de laranja cem por cento vegetal”, acrescenta, visivelmente satisfeita com o resultado. O doce é vendido unicamente no mercado, a 1,50 euros.

 

Dormir num palacete

O novo fôlego turístico sente-se um pouco por toda a cidade, e o PALACETE DA BAIXA, que a homenageia, é disso bom exemplo. Foi neste edifício de arquitetura clássica e geométrica que nasceu, em 1847, José Bento Ferreira de Almeida, figura importante em Faro, deputado, par do Reino e ministro da Marinha durante o governo de Hintze Ribeiro. Para os farenses, porém, o número 7 do prédio era até há pouco tempo um edifício de escritórios, depois de muitos anos devoluto.

A adaptação a alojamento local conservou as janelas de sacada com gradeamentos em ferro forjado e permitiu criar 15 estúdios espaçosos e com cozinhas equipadas – cada um deles com capacidade para duas pessoas e condições para albergar mais dois adultos ou crianças em sofá-cama. Para criar uma ligação mais evidente com a cidade, cada quarto recebeu nomes como Açoteia, Lethes, Sé, Estação e Marítimo. Mais do que um local para dormir, este pode ser um ponto de partida à descoberta.

 


Fazer Check-in na cozinha de autor
Numa das ruas pedonais próximas da marina, o restaurante CHECK-IN navega de vento em popa – conta, animado, o chef Leonel Pereira, que depois de dirigir o estrela Michelin São Gabriel, em Almancil, decidiu mudar-se de armas e bagagens para Faro. Nesta cozinha de autor com selo Bib Gourmand a carta é descomplicada, “divertida” e amiga da partilha, sugerindo petiscos como o lírio sobre quinoa com abacate, gengibre, sementes de sésamo e molho de yuzu; filete de cavala assada com salada de batata, aipo, gaspacho e molho de ervas; e vieiras salteadas com
lula picada, xarém negro com tomate e salicórnias (alga marinha). Os pratos principais acompanham as melhores expetativas, em linha com as sobremesas, de que se destaca o ananás dos Açores grelhado nas brasa, com duas texturas.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)


Cocktails para beber em Verso
Enquanto a chamada Fábrica da Cerveja – sede da Associação Recreativa e Cultural de Músicos – não entra em obras para se tornar um novo polo criativo e artístico em Faro, é tempo de provar os novos cocktails VERSO. Esta marca de cocktails em lata foi criada por dois amigos farenses, Wilson Pires e Tiago Oliveira, depois de a pandemia os ter afastado dos trabalhos que tinham na área de bar. A Verso inclui quatro bebidas com álcool (3,50 euros) – sangria mediterrânica com pera, manjericão e gengibre; poncha da Madeira com maracujá, tangerina e mel; spritz de framboesa e erva príncipe; e porto tónico com zimbro, pepino e hortelã – e duas sem álcool. São elas a soda de toranja e manjerona (1,50 euros) e o tepache com ananás dos Açores fermentado e lúpulo 2,50 euros). Os cocktails estão à venda na associação, nos hotéis Conrad Algarve e Vila Vita e em alguns restaurantes locais.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.



Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend