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No interior de Ponte de Lima, pelo Caminho de Santiago

O Poço do Pé Negro, na freguesia de Labruja, é um dos lugares para ir a banhos e refrescar no verão. (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

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Diz-se que o troço da serra da Labruja é a etapa mais cansativa do percurso, ainda mais para aqueles que vão a pedalar, pois a subida íngreme implica carregar a bicicleta. Na freguesia com o mesmo nome, é frequente ver-se peregrinos a descansar nas esplanadas dos cafés, e em algum lugar próximo uma concha a indicar o caminho, que apesar de exigente é também feito de bonitas paisagens, principalmente chegando ao topo da serra. A meia encosta encontra-se a Cruz dos Franceses, que assinala o local onde a população emboscou os soldados de Napoleão, na invasão de 1809, e assegura que o mais difícil está cumprido.

Santuário do Sr. do Socorro (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

Há nas redondezas outros pontos de interesse para quem não está só de passagem e tem tempo para os descobrir: o santuário do Sr. do Socorro e os parques ao redor – no Café-Restaurante Senhor do Socorro encontram-se petiscos e boas recomendações -, a água irrequieta do Rio Labruja e das ribeiras que a ele vão dar, por entre o cenário campestre, e os muitos moinhos das suas margens. Apertando o calor e a vontade de dar uns mergulhos, trocam-se as águas do Labruja pelas do rio Mestre, que vai alimentar o sossegado POÇO DO PÉ NEGRO, uma piscina natural abraçada por vegetação, de fácil acesso e pouca profundidade, ideal para um banho refrescante.

 

Poço do Pé Negro (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

Para encontrar lugar de estada também não é preciso ir muito longe. Debruçada sobre a paisagem do vale, e com o caminho a passar mesmo ao lado, a QUINTA DA ENXURREIRA é uma boa candidata. Acabou de inaugurar, resultado do restauro de uma casa rural e uma antiga adega, da década de 1930. Os edifícios estavam em ruínas, quando dois amigos, Fábio e Nelson, decidiram comprar a propriedade e recuperá-la. Toda a reconstrução foi feita por eles, de forma a preservar as paredes em pedra originais, e com a intervenção das respetivas mulheres na decoração dos interiores, elegantes e confortáveis, e com todas as comodidades, incluindo ar condicionado em todas as divisões.

 

A casa principal tem agora três suítes e capacidade para acolher até oito pessoas (há ainda um sofá-cama) e a adega foi transformada num estúdio T0 (também com sofá-cama). Os edifícios podem ser alugados em separado ou em conjunto e dão acesso a uma zona de refeições exterior, com churrasco e um alpendre, uma piscina infinita e largos relvados. É um recanto perfeito para passar um fim de semana em família no campo e a dois passos da serra, do rio e da vila.

Mesas familiares e um solar do Vinho Verde
Daqui, o caminho segue grosso modo o rio Labruja até este ir desaguar no Lima, podendo fazer um pequeno desvio por Calheiros. Vale a pena fazê-lo, quanto mais não seja para conhecer o palacete de finais do século XVII, as vinhas e os jardins do Paço de Calheiros [ver caixa], que sobressai na paisagem, com o seu ar nobre, e na rota dos Vinhos Verdes, produzindo vinho proveniente de algumas vinhas com mais de cem anos.

Na freguesia seguinte, Brandara, encontra-se uma inesperada casa de petiscos, que tem tudo para conquistar os passantes e se tornar destino. A TABERNA TERRA DO EIDO “é um espaço para amigos e famílias”, anuncia Lúcia Vaz, que se juntou ao marido, Jorge Fernandes, chef de cozinha há mais de 20 anos, para abrir um negócio na antiga casa de família.

 

A primeira surpresa, ao entrar ali, é a seleção de cervejas internacionais, em garrafa e à pressão, que se junta a uma garrafeira cuidada, e casa na perfeição com o que Jorge prepara na cozinha. Além da carta fixa de petiscos, todos os dias são anunciadas sugestões diferentes e há ainda um convidativo menu de almoço. O desfile de comida arranca com umas saborosas amêijoas à Bulhão Pato, com o molho ligeiramente picante onde apetece mergulhar a broa de milho, gambas ao alho, alheira de caça, polvo à galega, bacalhau fresco com crosta de broa, caldo verde e por aí em diante. Mas deixemos espaço para a sobremesa, onde o casal dá mais um exemplo do serviço atencioso. É que apetecendo algo especial, e aguardando entre 15 a 20 minutos, é-nos servido um pão de ló húmido feito na hora.

Esta casa, conquista também pela agradável esplanada com um pequeno parque infantil na relva, e pelo horário alargado, com a cozinha a funcionar durante todo o dia, pois nunca se sabe quando virá a vontade de petiscar.

 

Já a chegar ao final do caminho – o nosso, que vamos na direção contrária -, em Arcozelo descobrimos outra mesa familiar e que já é referência da cozinha regional, mas também no que toca a uma especialidade incomum na zona, o leitão assado. O restaurante COZINHA VELHA está mesmo à face da estrada, com um fresco alpendre e uma sala acolhedora – a lareira ao centro aconchega o ambiente no inverno -, recentemente remodelada, com bonitas mesas de madeira feitas pela família durante o confinamento. Ao fundo da sala entra-nos pela vista uma garrafeira invejável, seleção pessoal de Carlos Gomes, ao comando da casa há quase 20 anos.

 

Na cozinha, quem manda é a mulher, Céu, que apesar de ter feito o seu primeiro bolo aos sete anos de idade – “Foi um pão de ló feito num forno a lenha”, recorda – só quando casou é que se deixou conquistar pela arte. É ela quem se encarrega do leitão, especialidade que demora em média cinco horas a preparar, e que também já chega à mesa no recheio de uns deliciosos rissóis. “Nós somos da zona do porco, mas é dos rojões e do sarrabulho, não é do leitão”, reconhece a cozinheira. No entanto, o prato conquistou os comensais, não só pela novidade, mas pela evidente atenção ao detalhe que Céu põe em tudo o que faz. “O pormenor faz a diferença”, declara. E por isso, continua a bater o creme de manteiga para o bolo de bolacha à mão, “porque só assim fica no ponto”, assegura. Resta-nos concordar e saborear tudo o que nos põe na mesa.

Da Cozinha Velha à zona ribeirinha – o nosso destino – é um saltinho, uma caminhada de 10 minutos para desmoer a refeição. E daí, é só mais dois passos até ao tabuleiro em pedra sobre o Lima, onde uma escultura em pedra deseja “bom caminho”, aos que, no sentido oposto, vão agora pôr o pé na margem norte e começar a temerosa subida.

 

Uma casa nobre no meio das vinhas
O PAÇO DE CALHEIROS é um ponto de paragem incontornável, quer sejamos apreciadores de vinho ou não. O palacete, ainda ocupado pela família que o construiu, cujo patriarca é o conde Francisco de Calheiros, desdobra-se em salas repletas de tapeçarias, móveis de época e quadros dos antepassados. É rodeado por jardins encantadores, com fontes e tanques de água – e uma piscina com uma vista deslumbrante -, bosques, pomares e, claro, vinha. Uma das principais atrações é uma “filha” da videira mais antiga do mundo, que Francisco trouxe da Eslovénia. Os visitantes da quinta podem ainda conhecer a adega e fazer provas de vinhos.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.