Espetada, praias e cascatas: passeio entre Câmara de Lobos e a costa norte da Madeira

Os adornos feitos com resíduos urbanos já são um cartaz turístico em Câmara de Lobos, na Madeira, mas há poncha e espetadas para temperar o passeio, sempre ao pé do mar.

Descer as ruas em direção à enseada piscatória de CÂMARA DE LOBOS significa admirar aquela que foi a primeira povoação criada na Madeira, pelo navegador João Gonçalves Zarco que ali mandou erguer a Capela de Nossa Senhora da Conceição, em 1420. Mas permite também entender o encanto de Winston Churchill pelo lugar, quando o antigo primeiro-ministro inglês – hospedado no Reid’s Palace – chegou a Câmara de Lobos num Rolls Royce e ali se sentou com um cavalete e uma tela.

Mais tarde, outras manifestações artísticas viriam a tornar a baía um ponto-chave no roteiro da Madeira: o mural de Bordalo II numa parede de betão do porto de pesc com um lobo-marinho, espécie antigamente avistada com frequência nestas águas; e as instalações de arte urbana e reciclagem que anualmente decoram as ruas, feitas por instituições sociais e culturais. As tradições e a modernidade unem-se, assim, com o perfume da maresia e o sabor da poncha, em cada balcão.

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Antigamente, esta bebida – que se crê ter sido adaptada da “panche” trazida da Índia no século XVIII – era feita com rum de cana-de-açúcar, açúcar e limão (hoje já existem dezenas de variações de sabores de fruta). Os xavelhas, pequenos barcos coloridos, multiplicam-se no porto de abrigo e são ainda usados pelos homens do mar na pesca do peixe-espada preto, a 30 quilómetros da costa, pargo e garoupa, entre outras espécies locais muito apreciadas na confecção da caldeira madeirense.

Digerir o repasto entre banhos de natureza é sempre um convite na ilha, e o CABO GIRÃO, que serviu de ponto de referência quando João Gonçalves Zarco deu um primeiro “giro” completo à ilha, é outro ponto de paragem obrigatório. Há que ter em atenção, porém, a sensação de vertigem causada pelos 580 metros de altitude do passadiço em vidro, neste que é o promontório mais alto da Europa. A verticalidade impressiona e revela, no sopé, as fajãs do Rancho e do Cabo Girão e o mar imenso.

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


As espetadas d’ O Lagar

Há 27 anos que a churrascaria O LAGAR recebe, na zona elevada do Estreito de Câmara de Lobos, centenas de comensais nas suas amplas salas. Quirino Figueira, ex-emigrante na Venezuela, abriu o restaurante apostando na tradicional espetada do lombo temperada com sal, alho e louro, e que antigamente era servida em pau de louro. Além das espetadas, a carta tem bacalhau assado na brasa, peixe-espada e outros pratos confeccionados no calor do forno a lenha, com milho frito ou salada. O bolo do caco e as lapas grelhadas são uma dupla infalível para abrir o apetite.

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


Mergulhos na costa norte

Piscinas entre rochas vulcânicas, uma praia eleita uma das melhores da Europa e uma cascata sui generis estão entre as razões para dar uma volta pela costa norte.

Se ir a banhos de mar com uma temperatura confortável no inverno parece utópico para os continentais, para os residentes de Porto Moniz é um gesto perfeitamente natural, tanto quanto o são as águas do mar que renovam as PISCINAS NATURAIS DE PORTO MONIZ, à temperatura “média anual” entre os 20 e os 21 graus, diz o município. A estância, com mais de três mil metros quadrados de solário e dois de profundidade, está aberta todo o ano com balneários e outras estruturas de apoio.

Próximas e igualmente ladeadas de rochedos vulcânicos encontram-se as piscinas naturais do Cachalote, cujo acesso é gratuito. É bom lembrar que as praias de areia natural se contam pelos dedos, na Madeira. A PRAIA DO PORTO DE ABRIGO DO SEIXAL é uma delas, areia escura e fina, muito procurada por surfistas, com balneários de apoio e estacionamento. O enquadramento natural, marcado por escarpas monumentais, valeu-lhe o título de “terceira melhor praia da Europa”.


A cascata em forma de véu

A forma como esta cascata se precipita da encosta motivou os madeirenses a dar-lhe a alcunha de “véu da noiva”. Do respetivo miradouro, entre o Seixal e São Vicente, pode apreciar-se uma das paisagens mais emblemáticas da costa norte.


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