Passear entre vinhas e jardins na vila de Santar

Vinha dos Amores (Fotografia de Maria João Gala/GI)
Experiências de enoturismo e visitas guiadas por jardins são duas formas de conhecer a vila de Santar, no concelho de Nelas, e, ao mesmo tempo, o Dão, a primeira região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada no país.

Sob a sombra de um majestoso sobreiro centenário e com o manto verde que é a VINHA DOS AMORES estendido à nossa frente, meia dúzia de fardos de palha formam uma mesa e os bancos que a rodeiam. Sobre ela há petiscos que vão chegando, saídos da mão do chef Henrique Ferreira, como moelinhas no tacho, caldo verde, feijoada à moda de Santar, queijo da Serra e tigelada da Beira, que harmonizam com os vinhos Casa de Santar. Estamos na Beira Alta, mais concretamente em Santar, uma vila pertencente ao concelho de Nelas, e este momento enogastronómico único chama-se Almoço Beirão no Sobreiro by Chef Henrique Ferreira.

Trata-se de uma de dez WineX, as experiências lançadas recentemente pela 1990 Premium Wines, a divisão dedicada aos vinhos topo de gama do grupo Global Wines. Divididas nos segmentos Prestige, Gold e Platinum, de todas elas faz parte uma visita guiada aos jardins do PAÇO DOS CUNHAS, à VINHA DO CONTADOR e às ADEGAS CASA DE SANTAR, e uma prova de vinhos acompanhada por uma tábua. Momentos aos quais se pode acrescentar o tal almoço beirão, um piquenique ou um passeio de jipe. Esta nova oferta pretende “colocar o Dão no mapa”, oferecendo “experiências que marquem as pessoas”, afirma Marisol Benites, gestora de unidade de negócio da 1990 Premium Wines.

“Em função dos vinhos, desenharam-se as iguarias com o chef Henrique, para a melhor experiência possível”, diz Osvaldo Amado. Para o enólogo do grupo, as serras da Estrela, do Caramulo e do Bussaco, os rios Dão e Mondego e o solo de origem granítica da região demarcada do Dão resultam num casamento feliz, que dá origem a vinhos frescos, elegantes e com muita intensidade. Vinhos produzidos com uvas proveniente da emblemática Vinha dos Amores e da Vinha do Contador, integrada no PAÇO DOS CUNHAS DE SANTAR, uma propriedade do século XVII com uma longa história ligada à agricultura e à vitivinicultura. Ali, encontram-se 27 hectares de vinhas, cultivadas em modo biológico, e onde crescem seis castas, sendo que a Touriga Nacional e a Encruzado são autóctones do Dão.

É também no solar que se encontram os luxuriantes jardins e o RESTAURANTE PAÇO DOS CUNHAS, onde o chef Henrique comanda a cozinha. Além das WineX, também os menus de degustação e a carta do restaurante se apresentam como boas oportunidades para provar os vinhos e harmonizá-los. A trabalhar nesta casa há 13 anos, Henrique Ferreira assegura que o desafio sempre foi “fazer um fine-dining bem português”. Vontade que se reflete na carta de primavera-verão, uma homenagem à cozinha beirã e às tradições de Santar, onde são reinterpretados alguns clássicos da cozinha portuguesa, recorrendo a ingredientes locais e sazonais.

A abrir e a fechar a refeição é oferecida broa de milho caseira, uma “homenagem aos fornos comunitários, que eram muito usuais nesta zona do país”. Se no início do repasto o pão casa com manteiga açoriana, no fim é conjugado com canela e açúcar, originando as broinhas doces. “Antigamente, com as sobras da broa, as senhoras dividiam-nas em broinhas e juntavam-lhes açúcar e canela para oferecer às crianças depois das aulas”, recorda Henrique.

Entre os dois momentos, o chef destaca as bifanas, servidas como entrada e tradicionalmente saboreadas após as compras na feira semanal da vila, e dois pratos principais, o beirão arroz caldoso de polvo e o frango do campo de fricassé, que remete para os sabores da sua infância. O primeiro é servido como risoto, com tempura e germinado de coentros, e o segundo com ravioli e crocante de cebola.

Para terminar, sugere-se a sobremesa Ananás, Violetas e Moscatel, uma criação que traz para o prato o aroma das violetas que por esta altura perfumam o ar e dão cor às ruas de Santar. A um crocante preparado com as flores juntou-se o ananás dos Açores, que é lentamente cozinhado com o moscatel.

Há outras flores à espera de serem descobertas nos jardins que compõem o projeto SANTAR VILA JARDIM, fundado pela família Vasconcellos e Souza, herdeira da Casa dos Condes de Santar e Magalhães. O projeto começou a ser pensado em 2013, e em 2020 arrancaram as visitas a estes espaços verdes que, sob a orientação do paisagista Fernando Caruncho, foram intervencionados e ganharam ligações entre eles.

A CASA DA LENHA, a loja do Santar Vila Jardim, é o ponto de encontro para a visita que passa, primeiramente, pelo centro interpretativo da CASA DE SANTAR E MAGALHÃES, onde se encontra uma capela do século XVII dedicada a São Francisco de Assis, e uma maquete do projeto. Susana Sousa, guia turística e gestora de venda do Santar Vila Jardim, guia-nos até ao primeiro jardim enquanto vai contando a história daquele enorme mosaico vegetal, formado por ruas de buxos cuja topiária assume diversas formas geométricas e preenchido por rosas, camélias, hortênsias e vinhas. Chega-se, então, ao JARDIM DA CASA DA MAGNÓLIA, cujo nome “é uma homenagem à magnólia plantada há 200 anos pelos bisavós dos atuais proprietários”, explica Susana.

Além da imponente árvore, destaca-se uma vinha jardim bordeada a buxo. O JARDIM DOS LINHARES surge como um “prado de flores do campo” e o JARDIM DA CASA IBÉRICO NOGUEIRA, ligado ao anterior por uma pérgola de glicínias, junta várias hortas comunitárias, árvores de fruto, ervas aromáticas e flores. Ligeiramente afastado, encontra-se o JARDIM DO HOTEL VALVERDE DE SANTAR (ANTIGA CASA DAS FIDALGAS), onde um quiosque panorâmico permite observar a vinha, a propriedade, a vila de Santar e a planura beirã, no sopé da Serra da Estrela.

A menos de dez minutos de carro dali encontra-se o turismo rural MOINHOS DO PISÃO, um projeto de Fernando Carrilha, aberto há uma década. Atualmente há oito casinhas de tipologias T1 e T2, muito procuradas por famílias, e onde os animais de estimação são bem-vindos. A curiosa decoração faz-se de elementos vindos de países como o Brasil, Nepal e Marrocos, refletindo os tempos em que Fernando organizava feiras de artesanato do mundo. Há ainda espaço para uma piscina, uma zona de churrascos, matraquilhos e um delicioso jardim, algo labiríntico, que convida a ser explorado, assim como a região.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 




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